Artes
Performance de Jeisiekê de Lundu encerra exposição na Galeria Goethe-Institut

Performance de Jeisiekê de Lundu encerra exposição na Galeria Goethe-Institut. Após dois meses para visitações a exposição “Derramei minhas fábulas em seiva de terra com meus olhos d’água”, a artista visual, escritora e performer transvestigenere Jeisiekê de Lundu realiza performance para fechar este ciclo expositivo, no último dia de visitação, 28 de março, na Galeria Goethe-Institut, no Corredor da Vitória, às 20h30.
Intitulada “Assar beiju na palha para você levar para viagem”, a performance é uma ladainha, uma conversa de Jeisiekê de Lundu com a artista da palavra Sued Hosaná. Enquanto prepara um beiju, Hosaná lê trechos de escritos de De Lundu, do caderno de processo criativo da exposição. “É um oriki para findar um ciclo”, pontua a artista.
Visitas
Aqueles que ainda não visitaram a exposição, composta por esculturas, pinturas, vídeos-performances e instalações, podem fazê-la até o dia 28 de março, na Galeria Goethe-Institut, das 09 às 18h. A exposição conta histórias do corpo-memória da artista visual. “Esse trabalho se relaciona com o lugar mais íntimo de minha história, parte da tentativa de recriar memórias, da potência de recontar através de imagens nossas histórias”.
O núcleo expositivo conta com o diálogo curatorial de Ani Ganzala e Augusto Leal.
Jeisiekê de Lundu conta que “quando criança guardava coisas dentro de uma caixa de papelão, tinha esculturas de barro, feitas no quintal de terra dos olhos d’água, o mesmo lugar que minha avó criou suas filhas e minha mãe tirou sustento para criar os seus”.
Saiba mais sobre a exposição AQUI!
Artes
Elegbapho realiza roda de conversa e samba na Casa Preta

O projeto Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra realiza, neste sábado (24), mais um encontro voltado à valorização das artes negras. A partir das 18h, a Casa Preta Espaço de Cultura, no bairro do Dois de Julho, recebe um bate-papo musicado com o ator e idealizador Nando Zâmbia, a atriz Vera Lopes e o músico Osvaldo Bola, seguido por uma roda de samba com o grupo Pagode do Lú. A entrada é gratuita.
O evento integra a construção do espetáculo Elegbapho, dramaturgia inédita desenvolvida por Nando Zâmbia com consultoria da encenadora Onisajé, em homenagem à figura de Exu e à celebração da existência negra. Trechos do texto serão apresentados durante o bate-papo, que também incluirá poemas e músicas ao vivo.
Na roda de conversa, Vera Lopes – fundadora do histórico grupo Caixa-Preta, do Rio Grande do Sul, e homenageada em 2023 pelo Festival de Cinema de Gramado – compartilhará experiências sobre o fazer teatral negro ao lado de Zâmbia. O músico Osvaldo Bola, nascido em Alagoinhas (BA), complementa o encontro com canções autorais ao violão, carregadas de referências do samba-canção e da MPB.
“Criar esse território de trocas artísticas para nutrir a dramaturgia foi muito enriquecedor. Conversamos tanto com pessoas que acreditam que temos o que celebrar, quanto com quem acredita que não, e assim fomos desvendando caminhos para esse espetáculo-festa em homenagem a Exu”, explica Zâmbia.
O projeto vem sendo construído por meio de entrevistas e encontros com personalidades negras de diferentes áreas, como os artistas Sulivã Bispo, Zebrinha, Tânia Bispo, e a educadora Mabel Freitas, além de uma série de podcasts a serem lançados no YouTube. Participam das conversas nomes como Hilton Cobra, Ana Flávia Magalhães, Klement Tsamba, Camila de Moraes, Domingos Okan Lewá, Anthea Xavier, entre outros.
Com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2023–2024, o Elegbapho marca também a celebração dos 25 anos de carreira de Nando Zâmbia, multiartista baiano com forte atuação no teatro de grupo e na pesquisa das estéticas negras em cena.
SERVIÇO
Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra
Bate-papo musicado com Nando Zâmbia, Vera Lopes e Osvaldo Bola
Show com Pagode do Lú
Quando: 24 de maio (sábado), às 18h
Onde: Casa Preta Espaço de Cultura – Salvador/BA
Entrada gratuita
Artes
Documentário destaca a renda gerada por mulheres na coleta de folhas para rituais religiosos

“Sem folha, não há orixá.” O provérbio de origem africana, basilar nas religiões de matriz afro-brasileira, é o fio condutor do documentário Jornada das Folhas, que lança um olhar inédito sobre a cadeia produtiva em torno da coleta, comercialização e uso das plantas sagradas nos rituais dos povos de santo. Com direção de Ravena Maia e Emerson Kilendo, o filme estreia no dia 31 de maio, às 19h, na Associação dos Moradores do Oiteiro, em Simões Filho. Em Salvador, a obra será exibida gratuitamente no dia 10 de junho, às 18h, na Sala Walter da Silveira, nos Barris.
O documentário, contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia, revela o protagonismo de mulheres que atuam como coletoras dessas folhas, fundamentais para os rituais do candomblé, da umbanda e de outras religiões afro-brasileiras. Muitas delas residem em comunidades periféricas, como a do Oiteiro, onde a estreia acontecerá, e enfrentam uma rotina de trabalho invisibilizada, marcada por baixos rendimentos e riscos ambientais durante as coletas nas matas.
“O filme mostra como esse saber ancestral, passado entre gerações, é também uma atividade econômica potente e subvalorizada. As mulheres vendem as folhas por preços muito baixos em feiras como a de São Joaquim e Sete Portas, apesar de toda a complexidade envolvida”, explica a diretora Ravena Maia.
Diante dessa realidade, a equipe do filme passou a dialogar com as personagens sobre possíveis estratégias de valorização do ofício, como a criação de uma cooperativa.
Além da dimensão econômica, Jornada das Folhas também lança luz sobre as relações entre religiosidade, meio ambiente e ancestralidade. A narrativa se constrói a partir de depoimentos como o do avô de Emerson Kilendo, co-diretor da obra, tata kambondo da nação Angola, que compartilha sua vivência com as folhas e com o sagrado.
“Muito do que sei, aprendi com meu avô. O filme é uma forma de homenagear essas pessoas que guardam e praticam saberes fundamentais para a cultura afro-brasileira”, afirma Kilendo.
Com roteiro e pesquisa de Carla Pita e produção de Tailson Souza, todos integrantes ou descendentes diretos dos povos de terreiro, o documentário integra a série Economia do Sagrado, que propõe mapear as diversas economias geradas pelos elementos essenciais à vivência religiosa afro-brasileira — como roupas litúrgicas, instrumentos, cerâmicas, alimentos e, neste primeiro episódio, as folhas.
A proposta é que as exibições não se limitem às salas de cinema: o filme também será apresentado em escolas públicas de Simões Filho e em terreiros de Salvador e Região Metropolitana, fortalecendo o diálogo com as comunidades e territórios onde esses saberes são cultivados diariamente.
Sobre a equipe:
Ravena Maia (Direção e Montagem) – Diretora da Grão Produção Visual, é filha de santo do terreiro São Jorge Filho da Goméia e doutora em Comunicação pela UFBA. Atua com produção audiovisual focada em religiosidade afro-brasileira.
Carla Pita (Roteiro e Pesquisa) – Pedagoga e Omo Orixá de Ogum, fundadora da Irê Rebeliões Culturais e Afro-Pedagógicas, é contadora de histórias e mediadora literária com forte atuação na educação étnico-racial.
Emerson Kilendo (Direção de Fotografia e Produção Executiva) – Publicitário e integrante do Bloco Afro Bankoma, atua em projetos culturais e audiovisuais ligados ao terreiro São Jorge Filho da Goméia.
Tailson de Jesus Souza (Produção) – Jornalista e gestor de projetos, atua em movimentos comunitários e ambientais em Simões Filho, com forte articulação em conselhos de juventude e saúde.
SERVIÇO
Lançamento do documentário Jornada das Folhas
31 de maio (sábado), às 19h
Associação dos Moradores do Oiteiro (AMO) – Fazenda Santa Rita, s/n – Simões Filho
Entrada gratuita10 de junho (sábado), às 18h
Sala Walter da Silveira – Rua General Labatut, 27, Barris – Salvador
Entrada gratuita
Classificação: Livre
Foto: Emerson Kilendo
Artes
Calu Brincante e Liga do Dendê anunciam 6º Festival Julho das Pretinhas

Com foco na valorização da infância negra e da cultura afro-brasileira, o Instituto Calu Brincante, em parceria com o Coletivo Liga do Dendê, lança uma série de programações que movimentarão Salvador entre os meses de maio, julho e novembro. A jornada começa no próximo dia 26 de maio, com a ação “Maio com Dendê”, na Fundação Pierre Verger (Engenho Velho de Brotas), marcando as comemorações pelo Dia da África (25/05) e o lançamento da 6ª edição do Festival Julho das Pretinhas.
A programação é gratuita e voltada para crianças, adolescentes, educadores e a comunidade, promovendo uma vivência cultural que conecta literatura, ancestralidade africana e protagonismo infantojuvenil. O evento acontece das 14h às 17h, com pocket show do Bonde da Calu, contação de histórias, oficinas de escrita criativa e uma roda de conversa para educadores sobre letramento literário e práticas pedagógicas com literatura preta.
A ação marca o pontapé inicial de um calendário que seguirá até novembro, com a realização do Festival Julho das Pretinhas, entre os dias 25 e 27 de julho, e o encerramento em novembro com a mostra Novembro Pretinho.
“A proposta reforça Salvador como um território que pulsa raízes africanas em sua arte, oralidade, resistência e criação. Também buscamos preencher uma lacuna de programações voltadas à formação e entretenimento para o público infanto-juvenil conectadas com a cultura e história africana”, afirma Taísa Ferreira, do Coletivo Liga do Dendê.
Durante o evento, também será lançado o edital de convocatória para participação no festival, com chamadas para mostras artísticas, premiações para crianças, educadores e iniciativas inspiradoras. Segundo a curadora e escritora Cássia Valle, esta edição também trará uma campanha de arrecadação de bonecas pretas, que serão reunidas em uma instalação no Museu Afro-Brasileiro da UFBA.
Programação “Maio com Dendê”
Oficina “Quem Conta Nossa História?”
Voltada para crianças, une contação de histórias afrorreferenciadas à escrita criativa, estimulando a produção de narrativas próprias a partir da oralidade e vivência ancestral.Juventude, Territórios e Modos de Sentir
Para adolescentes, oferece bate-papo e oficinas de produção criativa, abordando identidade, autocuidado e laços com o território.Roda de Conversa para Educadores
Focada em práticas pedagógicas com literatura preta, discute letramento literário e o papel da leitura como ferramenta de afeto e transformação.
Instituto Calu Brincante e Coletivo Liga do Dendê
O Instituto Calu atua na valorização da infância negra por meio de atividades artísticas como teatro, música e literatura. Promove a ancestralidade e o afeto como ferramentas de cuidado, educação e transformação social, com foco no público infantojuvenil. Já o Liga do Dendê, é um coletivo de escritores e pesquisadores dedicados à literatura preta infantil e infantojuvenil. Desenvolve ações educativas, preserva memórias e valoriza saberes africanos e diaspóricos através de livros, oficinas e projetos culturais.
SERVIÇO
O quê: Maio com Dendê – Lançamento do Festival Julho das Pretinhas
Quando: 26 de maio de 2025 (segunda-feira), das 14h às 17h
Onde: Fundação Pierre Verger – Engenho Velho de Brotas, Salvador – BA
Entrada: Gratuita
Mais informações: @calubrincante | @julhodaspretinhas
Foto: Heder Novaes