Dança
Brisa Òkun é o nome dela e sua dança vai representar Salvador

O nome dela é Brisa Òkun, e ela é campeã da classificatória regional do torneio Red Bull Dance Your Style, seletiva que aconteceu em Salvador no último dia 13 de abril. Profissional de dança, ela também é intérprete, modelo, artista visual e empreendedora, com muitos ritmos e movimentos em sua trajetória. Na roda, lá no Centro Histórico, a final foi marcante, pelos vídeos que circulam na rede social. Energia lá em cima, muita torcida e muita comemoração, afinal, a jovem deu o nome.
Reprodução Instagram (@africanizeoficial)
Agora ela segue pra final nacional, em São Paulo dia 11 de maio, junto ao também soteropolitano, Creu, com quem divide o pódio regional. A expressividade corporal de Brisa contagiou o público, algo que vem desde a infância, rodeada de muita música e, claro, muita dança…em estilos diversos.
“Quem me conhece desde pequena sabe que eu sempre usei a dança para vibrar minha energia, essa também é a cultura do meu território, o que abre caminhos para me identificar genuinamente com o movimento. Dentro do meu lar também tinha a cultura do reggae e da capoeira bem latente, sem esquecer da música disco, do arrocha e do pagode que embalavam o cotidiano da minha família”, diz.
Brisa acredita no “potencial da consciência no corpo criativo em dança como veículo político-transformador”, como ela mesmo declara. E esse potencial se manifesta em muitos estilos que ela abraça. “Eu sou realmente muito eclética, mas geralmente a musicalidade que acompanha os estilos de dança que eu estudo são os que eu mais me identifico. Pagode Baiano, Reggae, Disco ou soul, Afrobeats, Dancehall”.
Os caminhos trilhados até aqui já dão o rumo de seu futuro na área. Formada no Curso Preparatório da Escola de Dança da Funceb e estudante da Escola de Dança da UFBA, a pesquisa de Brisa Òkun já está definida: Waacking e Danças Afro-Diaspóricas e Africanas, com o foco na cintura pélvica. Para ela, “não dançar nunca foi uma opção de caminho”.
“Não consigo me lembrar do momento exato de encantamento pela dança, porém sinto que sempre tive essa inclinação para sentir magia com a música e com o movimento. Se eu fosse profissional de outra área, ainda sim continuaria dançando, é onde mora a manutenção da minha saúde. Contudo, fui entendendo que poderia me profissionalizar com isso após entrar na Funceb, após ser solicitada para ministrar uma oficina por Katy Kim Farafina, e quando precisei decidir qual curso iria seguir na Universidade”, afirma a campeã.
Em quem ela se inspira? Quando perguntada quais suas referências, a lista é enorme. Primeiro a família, depois Michael Jacskon, Calypso…mas há alguns nomes especiais para seu movimento.
“Minha avó Jucineide Moura, que me incentivava a rebolar. Katy Kim Farafina, quem me apresentou o Coupé decalè e o Ndombolo. Mestra Volta grande (Bárbara Socorro), que me acompanha desde criança. Ágata Matos e Preta Kiran, quando dançavam juntas com Magary Lord e me inspiravam muito na infância. Mestra Vera passos, uma referência de movimento consciente. Dricca Bispo, a única pessoa que atualmente ministra aula de Dancehall em Salvador. A crew Afrovibes, grupo de danças afro urbanas de Salvador idealizado por Jessica Santana. Jess Nascimento, minha professora de waacking. Maiane Mendes, professora de flexibilidade e condicionamento. Gostaria de apenas citar mulheres, mas seria impossível não citar Filipe Moreira, pioneiro de waacking em Salvador, a pessoa que orientou meus caminhos com essa dança”, lista Brisa Òkun.
Conquistas e Futuro
São muitas, mas as últimas ela faz questão de ressaltar. “Minha maior conquista é o meu projeto de aulas Mexendo Pelve, pesquisa que tem me levado a lugares que eu nunca imaginei. Como pessoa que batalha, ganhei a primeira batalha de waacking em Salvador, como intérprete gravei o DVD de Léo Santana em BH (Léo e Elas) e como professora, uma das maiores conquistas foi ter ministrado aula no projeto de professora Angela: “encarceiradas sim, prisioneiras nunca” (2023)”.
Essa última conquista, na classificatória regional do torneio Red Bull Dance Your Style, foi difícil, exigiu muito, mas ela deu a receita. “Para essa competição eu me preocupei bastante em estar o menos ansiosa possível, óbvio que é muito difícil, mas minha vontade era mostrar minha criatividade e minha identidade degustando o momento. Eu vivo de dança em Salvador, e sobreviver nesse contexto é bem difícil. Trabalho, estudo e vivo de dança então para mim foi bem complicado reservar tempo exclusivo para treino, porém entre uma atividade e outra e durante o meu cotidiano eu fui me investigando, lapidando e estudando o que eu acreditava que poderia funcionar para mim. Além de boa alimentação, muita água, muita música e qualidade de sono”, elenca a jovem estudante e pesquisadora.
Sobre o futuro, Brisa Òkun pensa em transformar, estar mais consciente com a dança e promover reflexões com seus movimentos. E, claro, mandar bem na final nacional em São Paulo, no próximo mês. E olha só, quem vencer irá representar o país na final mundial em Mumbai, na Índia.
“Minha expectativa é a de honrar quem vem acreditando em mim, honrar o que eu acredito, quero enxergar Salvador no meu corpo fora do estereótipo, fora do olhar violento. Com muito drama, pelve, braçadas e musicalidade”. Alguém duvida que vai ser mais um momento explosivo por lá?
Dança e voa, Brisa Òkun!
Crédito: Fabio Piva / Red Bull Content Pool
Fotos de Brisa: acervo pessoal
Artes
I Caminhada Independência Hip-Hop acontece no Desfile do 2 de Julho

A data magna da Bahia, dia 2 de julho, também será um espaço de manifestação do Hip-Hop. O desfile cívico vai contar coma 1ª Caminhada Independência Hip-Hop, uma ação simbólica e potente que ocupará as ruas com arte, voz e resistência. Artistas, produtores culturais, coletivos, organizações, militantes e simpatizantes da Cultura Hip-Hop estão convocados a participar.
Com saída marcada no Largo da Lapinha às 9h, a concentração inicia às 7h da manhã, reunindo expressões autênticas do movimento hip-hop em uma marcha coletiva rumo ao Pelourinho.
Durante o percurso, acontecerão intervenções artísticas de freestyle, batalhas de rima, recitais de poesia, graffiti ao vivo, roda de break e danças urbanas, reafirmando o hip-hop como instrumento de transformação social e expressão legítima das juventudes periféricas.
Ao longo do trajeto, será montado um ponto de acolhimento na sede do CEN – Coletivo de Entidades Negras (CEN), e na Escola de Formação Luiza Mahin no Santo Antônio Além do Carmo, Encerrando a programação, o público será convidado para uma edição especial do 3º Round – Circuito Baiano de Freestyle, no Cabuloso Atelier de Arte e Cultura, no Pelourinho.
A 1ª Caminhada Independência Hip-Hop é uma realização do 3º Round – Circuito Baiano de Freestyle e Casa do Hip-Hop Bahia, conta com o apoio do CEN – Coletivo de Entidades Negras, da Escola de Formação Luiza Mahin, do Cabuloso Atelier de Arte e Cultura, da TV Pelourinho, do MUSAS e do EDUCARAP.
AGENDA
O que: 1ª Caminhada Independência Hip-Hop
Quando: 02 de Julho (quarta-feira)
Horário: às 07h, Concentração – 09h, saída
Onde: Largo da Lapinha, destino Cabuloso Atelier, Pelourinho
Atrações: Freestyle, batalhas de rima, recitais de poesia, graffiti ao vivo, roda de break e danças urbanas
Fotos: Divulgação
Dança
Residência “Dembwa” abre inscrições para artistas negros e LGBTQIAPN+

Estão abertas, até o dia 25 de junho, as inscrições para a residência artística em dança “Dembwa – Mapear o Movimento: tempo, memória e ancestralidade”. A ação é voltada a jovens artistas pretos/as e LGBTQIAPN+ da Bahia e se propõe a ser um espaço de criação, escuta e partilha ancestral a partir do corpo, do gesto e da memória. As inscrições podem ser feitas através do formulário online ou pelo perfil @dembwa_ no Instagram.
A residência surge como desdobramento do espetáculo Dembwa, obra coreográfica de Marcos Ferreira e Ruan Wills, que entrelaça vivências de homens pretos, periféricos, afeminados e filhos de terreiro. A proposta é acolher artistas que reconhecem o corpo como território de memória e resistência — danças de casa, de festa, de esquina, de terreiro —, numa investigação artística sobre movimento, ancestralidade e presença.
Serão selecionades dez participantes, que receberão um cachê de R$ 1.000,00 e participarão de seis encontros presenciais, entre os dias 2 e 14 de julho, no Espaço Xisto Bahia, em Salvador. As atividades acontecerão nos dias 2, 4, 7, 9, 11 e 14, sempre das 8h às 12h. A residência se encerra com uma partilha pública dos processos desenvolvidos. A produção não arcará com custos de transporte, hospedagem ou alimentação para quem reside fora da capital.
“Dembwa” é uma provocação para artistas do corpo que queiram mergulhar em uma pesquisa sensível sobre movimento como expressão ancestral. “É uma construção coletiva que convida à escuta e à partilha, pensando o gesto como espelho de tempos e afetos que nos atravessam”, afirma o artista e coidealizador Marcos Ferreira.
Sobre os artistas
Marcos Ferreira é artista, dançarino, coreógrafo e educador. Integra a Jorge Silva Cia de Dança, dirige o Grupo Jeitus de Dança e o Balé Jovem de Cajazeiras, e é estudante de Licenciatura em Dança pela UFBA.
Ruan Wills é bailarino e coreógrafo com trajetória marcada por influências do axé, das danças populares e da performance negra. Atuou no Bando de Teatro Olodum, em videoclipes, musicais e projetos independentes. Define-se como “corpo em estado de encruzilhada”.
Foto: Alice Rodrigues
Dança
Som Por Elas promove oficinas gratuitas para mulheres no Espaço Xisto

A primeira edição da Imersão Som Por Elas acontece neste sábado, 07 de junho, a partir das 14h, no Espaço Xisto Bahia, em Salvador. A ação presencial e gratuita é voltada exclusivamente para mulheres que atuam no mercado da música e tem como foco o tema Produção. O acesso é livre e não requer inscrição prévia, mas está sujeito à lotação do espaço.
Realizada pela plataforma de educação e selo musical Som Por Elas, braço do projeto Pagode Por Elas, a imersão propõe uma tarde inteira de oficinas práticas com profissionais experientes da cena musical baiana. O evento também inclui um debate sobre a presença feminina nas áreas técnicas da música.
A Som Por Elas é uma frente de educação e selo musical da plataforma Pagode Por Elas, que atua desde 2019 valorizando e profissionalizando mulheres da música baiana, com foco no pagodão. Desde 2022, já realizou três ciclos formativos impactando mais de 50 mulheres e lançou mais de 20 projetos musicais femininos.Segundo Joyce Melo, diretora executiva da Som Por Elas, a proposta surge da urgência em criar espaços de formação voltados especificamente para as mulheres na cena musical baiana:
“As mulheres ainda estão à margem deste mercado, com menores remunerações e raras oportunidades de formação e trabalho. Estamos mais focadas em promover espaços também presenciais para as mulheres da música.”
A Imersão Som Por Elas será composta por três encontros com eixos temáticos distintos: Produção (07/06), Gestão (26/07) e Comunicação (30/08), sempre com oficinas, mesas de debate e momentos de conexão entre as participantes.
“Conhecimento, conexão e oportunidades são os pilares do projeto”, afirma Beatriz Almeida, diretora de projetos da iniciativa.
Sobre a Som Por Elas
A iniciativa foi contemplada pelos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, com apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e Ministério da Cultura – Governo Federal.
Programação – 07 de junho (sábado)
Espaço Xisto Bahia
A partir das 14h
Acesso gratuito (sujeito à lotação)
-
14h – Oficina de Produção de Palco, com Cintia Santos
-
14h40 – Oficina de Técnica de Som de Eventos, com Jéssica Meireles (Matapi Records)
-
15h20 – Oficina de Produção Técnica, com Ziati Comazi
-
16h – Oficina de Produção de Bandas e Eventos, com Edmilia Barros
-
16h40 – Debate: “Contratar Mulheres nas Áreas Técnicas – Por que é tão difícil?”, com todos os facilitadores
-
17h40 – Coffee break
-
18h30 – Encerramento
Foto: Lane Silva
-
Opinião9 anos atrás
“O incansável e sempre ativo pau grande e afetividade do homem negro” – Por Kauê Vieira
-
Literatura9 anos atrás
Davi Nunes e Bucala: uma literatura negra infantil feita para sentir e refletir
-
Literatura8 anos atrás
A lírica amorosa da poetisa Lívia Natália em “Dia bonito pra chover”! – Por Davi Nunes
-
Audiovisual2 anos atrás
Filme “Egúngún: a sabedoria ancestral da família Agboola” estreia no Cine Glauber Rocha
-
Formação6 anos atrás
Conheça cinco pensadores africanos contemporâneos que valem a pena
-
Cultura1 ano atrás
Orquestra Agbelas estreia em Salvador na festa de Iemanjá
-
Carnaval3 anos atrás
Bloco Olodum libera venda do primeiro lote de abadás com kit promocional
-
Música2 anos atrás
Olodum realiza Femadum 2023 no Pelourinho