Artes
Arte drag queen negra de Salvador é tema de projeto artístico

Para celebrar a arte drag queen negra, pardas e indígenas de Salvador, vai rolar o projeto “Kiandas Ocupam o Centro”, encabeçado pela Afro Drag Barbárie Bundi. Ele reúne diversas ações gratuitas entre apresentações, atividades formativas e de afroempreendedorismo que começam em maio e seguem até o segundo semestre de 2024. Entre as atividades mais aguardadas está a quarta edição da Escola de Drags, projeto que se consolida na cena da arte drag baiana como uma iniciativa potente de formação e capacitação de artistas drags queens. É realizado pela DAN Território de Criação.
“É um projeto sobre encontro, procurei trazer para perto artistas pretes da cena drag de Salvador. E, para além de celebrarmos nossa existência, pensarmos em nossos caminhos enquanto afro drags. A cada atividade convocarei minhas irmãs para trocarmos e celebrarmos juntes”, destaca Barbárie Bundi, afro drag idealizadora do projeto.
A performance “Kalunga” lança o projeto no dia 17 de maio, às 18h. Em um passeio performático pela Casa do Benin, Barbárie Bundi conduz o público a uma viagem em busca da ancestralidade bixas pretas, falando sobre as kiandas, ninfas aquáticas de África, e fazendo um paralelo entre os seu último trabalho musical lançado, o álbum “Aquátika” e o “Kitanda”, show e seu novo EP que encerra esse projeto no segundo semestre.
Nessa performance, as drags baianas Malayka SN, Mamba, Ah Teodoro e Dandara são convidadas da noite, que vai celebrar a arte drag queen negra da cidade.
A iniciativa traz ainda “Musoni”, uma Noite Preta de performance drag estrelada pelas artistas Dandara e Barbárie Bundi, recebendo outras artistas convidadas, e reunindo, além do show, uma mostra afroempreendedora e a premiação Rainha Afrodrag. Acontece no dia 31 de maio, às 19h, na Casa Sankofa, no bairro do Dois de Julho.
Escola
Esta será a quarta edição da Escola de Drags, projeto autoral produzido pela DAN Território de Criação, que já mobilizou mais de 100 artistas baianas, entre estudantes e professoras, em atividades formativas teóricas e práticas sobre as ferramentas de construção de uma drag queen.
Em 2024, a Escola integra o projeto “Kiandas Ocupam o Centro” e ganha um recorte especial, sendo destinada a drag queens pretas na sua versão “Kiandas nadam em cardume”. Serão quatro encontros híbridos de mentorias teóricas e práticas focadas na qualificação das participantes. As inscrições são gratuitas e vão de 6 a 19 de maio.
Os encontros formativos acontecem, presencialmente, nos dias 21 e 23 de maio, no Boca de Brasa Centro, e remotamente, nos dias 28 e 19 de maio. Podem participar, prioritariamente, pessoas pretas, pardas e indígenas, que já tenham algum projeto a ser desenvolvido em arte drag queen.
Ainda como ações do projeto, no segundo semestre, acontece uma temporada do show “Kitanda”, performance musical da afro drag Barbárie Bundi em que canta ao vivo um repertório de sambas e de canções de seus últimos trabalhos lançados. E ainda, o lançamento de um livro de sua autoria, que traz uma narrativa sobre o centro de Salvador e a arte drag queen negra, em um mapeamento poético da realização dessa arte no contexto urbano central da cidade.
Artes
Artista soteropolitana Eva de Souza tem obra imortalizada na Suíça com bordado político “Zamambaia”

A artista Eva de Souza, nascida em Salvador, acaba de conquistar um marco histórico em sua trajetória artística: sua obra têxtil “Zamambaia: a testemunha silenciosa” passa a integrar o arquivo público Cantonale, em Berna, na Suíça. A escolha se deu por meio de um processo de seleção rigoroso que visa preservar obras de relevância para as futuras gerações.
Radicada na Suíça há mais de 30 anos, Eva é suíço-brasileira, mas leva com orgulho suas raízes soteropolitanas, que marcam profundamente sua produção artística. Atriz, ativista e artista plástica, ela utiliza o bordado político como ferramenta de denúncia e elaboração artística, transformando linhas e tecidos em poderosos manifestos visuais.

Foto: Divulgação
A obra “Zamambaia” é um tributo à resistência diante das violências cotidianas, especialmente contra corpos negros e femininos. Com forte inspiração nas dores da humanidade, o bordado denuncia o racismo estrutural e a violência de Estado, ao mesmo tempo em que exalta a natureza como testemunha e força vital.
“Esse é o meu protesto contra as desumanidades, o esquecimento e o abandono. Zamambaia ilustra o racismo estrutural e a violência contra a mulher negra que perdura por gerações. A cada linha, um traço de pensamento e a construção de um desenho de ativismo”, afirma Eva.
Com formação em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eva também é mestre em Gestão Cultural pela Universidade de Basel, em Berlim, e tem especialização em Mediação e Conflito pela Universidade de Berna. Sua trajetória começou nos palcos e galerias de Salvador, expandindo-se para exposições na Alemanha, Suíça e outros países europeus.

Foto: Divulgação
A artista celebra o reconhecimento internacional como um passo simbólico para as vozes e narrativas vindas da diáspora.
“Me orgulho por representar o Brasil na Europa com trabalhos que contribuem para um cenário artístico plural e diverso. Agora, me consolidei não apenas como uma artista suíço-brasileira, mas como uma artista imortal”, destaca.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Eva de Souza, acesse seu portal oficial ou siga o perfil @evadesouzabluewin.ch nas redes sociais.
Artes
Artista cabo-verdiana Daja Do Rosário promove oficina gratuita sobre corpo e memória

Salvador recebe entre os dias 10 e 18 de maio, a artista visual cabo-verdiana Daja Do Rosário para uma série de atividades que unem arte, ancestralidade e ecologia. A oficina principal, com o nome “Corpo – Indumentária / Transe”, será gratuita e tem vagas limitadas, acontecerá nos dias 14 e 15, das 14h às 17h, na Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA).
O projeto propõe uma vivência colaborativa que combina práticas ancestrais com arte contemporânea. Os participantes serão convidados a criar esculturas-indumentárias a partir de fibras vegetais, como a ráfia, explorando o corpo, a memória e os gestos como forma de escuta e reverência à ancestralidade africana.
A experiência é destinada a artistas afrodescendentes que atuam em diferentes linguagens: artes visuais, arte têxtil, dança, performance, literatura, música, práticas de cura, escultura, saberes culturais e educação. As inscrições são feitas exclusivamente online, através do FORMULÁRIO.
Resultado da experiência coletiva
Durante a imersão, 15 participantes em cada instituição desenvolverão peças únicas, simbólicas e pessoais, que ao final serão reunidas em uma grande escultura coletiva — um “corpo-fractal” que preserva as individualidades e promove um campo comum de diálogo e pertencimento. Além da inscrição, os participantes são incentivados a levar fibras e tecidos naturais que possam ser incorporados à criação.
Sobre Daja do Rosário
Daja Do Rosário é uma artista visual cabo-verdiana que utiliza sua obra para afirmar sua identidade como mulher afrodescendente. Crescida no sul da França, distante de suas raízes culturais, ela transforma sua trajetória pessoal em uma narrativa coletiva sobre as diásporas africanas. Através de autorretratos e esculturas com materiais reaproveitados — como ráfia, sacos, búzios e tecidos —, Daja combina tradição e contemporaneidade, criando composições que recontam histórias apagadas da África e reivindicam uma identidade plural, ancestral e politizada.

Foto: Divulgação
SERVIÇO:
O que: Oficina “Corpo – Indumentária / Transe”, com Daja do Rosário
Quando: 14 e 15, das 14h às 17h;
Onde: Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA);
Valor: Gratuito;
Inscrições: através do FORMULÁRIO.
Artes
CAIXA Cultural recebe exposição em homenagem a Jayme Fygura

A CAIXA Cultural Salvador abre ao público, a partir desta terça-feira (15), a exposição póstuma Jayme Fygura: De Corpo e Alma, que presta tributo ao artista plástico, poeta e performer Jayme Fygura, um dos nomes mais emblemáticos da cena cultural soteropolitana. A abertura oficial acontece na noite do dia 15, às 19h. A visitação segue até 6 de julho, de terça a domingo, das 9h às 17h30, com entrada gratuita.
A mostra é realizada pela Ernesto Bitencourt Galeria de Arte e tem curadoria do artista e pesquisador Danillo Barata. No espaço expositivo, o público poderá conhecer 32 pinturas em acrílico sobre tela e 23 objetos emblemáticos — entre esculturas em ferro, cabeças, falos de Exu, manuscritos e figurinos usados em performances do artista.

Foto: Daniel Lisboa
Também integram a exposição projeções audiovisuais e o documentário Sarcófago, dirigido por Daniel Lisboa, que mergulha no universo criativo de Fygura. Outro destaque é a exibição inédita de um show performático do artista, registrado pelo mesmo cineasta, além de recursos sonoros produzidos pelo próprio Jayme, como sua característica caixa de som.
“Suas esculturas, máscaras e pinturas exploram o corpo como território da violência e da reinvenção”, afirma o curador Danillo Barata. “Ao utilizar materiais reciclados e detritos urbanos, Jayme subverte a precariedade em potência criativa, tensionando a percepção do corpo negro e das estruturas de poder.”
A paleta de cores predominante nas obras — com tons de dourado, vermelho e azul — remete à simbologia das religiões de matriz africana, em especial aos orixás Obaluaiê e Exu, referências recorrentes no trabalho do artista.
Para o colecionador Ernesto Bitencourt, responsável pela preservação da obra de Fygura, a mostra é um reconhecimento da importância do artista para a arte contemporânea brasileira. “Jayme transformou dor em arte. Sua produção é um testemunho da força da cultura afro-brasileira e da resiliência diante das adversidades.”
Um legado de resistência
Jayme Fygura, conhecido como “o homem da máscara de ferro”, construiu uma trajetória artística marcada pela experimentação estética e pela crítica social. Explorando pintura, escultura, performance e indumentárias, ele articulou em sua obra elementos de ancestralidade, espiritualidade e política, sempre com forte apelo visual e simbólico. A máscara, um de seus principais signos artísticos, funcionava como instrumento de denúncia, proteção e afirmação, ressignificando o corpo negro como espaço de resistência. Jayme faleceu aos 64 anos de idade, em Salvador no domingo, 26 de novembro de 2023.
Programação educativa
Além da exposição, o projeto inclui ações educativas, como oficinas de criação de instrumentos musicais com materiais reciclados. Estudantes da rede pública de ensino participarão de visitas guiadas, com o objetivo de fomentar a reflexão sobre identidade, pertencimento e criatividade por meio da arte.
A exposição conta com recursos de acessibilidade, como interpretação em Libras, audiodescrição e placas em braile.
SERVIÇO
Exposição póstuma – Jayme Fygura: De Corpo e Alma
Local: CAIXA Cultural Salvador – Rua Carlos Gomes, 57, Centro
Visitação: 16 de abril a 6 de julho de 2025
Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h30
Entrada gratuita
Informações: (71) 3241-4200 | Site CAIXA Cultural | @caixaculturalsalvador
Classificação indicativa: Livre