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Literatura

Carla Akotirene lança livro em São Paulo sobre racismo no sistema judicial

Jamile Menezes

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Festa Literária Arte e Identidade terá Carla AKotirene na programação

Há mais de 20 anos, a intelectual soteropolitana Carla Akotirene se debruça sobre o tema da “prisionização na diáspora africana”, como ela mesma identifica. Os estudos são trazidos na obra “É fragrante fojado dôtor vossa excelência” (Ed. Civilização Brasileira), que agora será lançada em São Paulo, nesta quarta-feira (8). O livro concentra as principais críticas de Carla Akotirene aos aparelhos jurídicos brasileiros, aqui representados pela Vara de Audiência de Custódia do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.

Em sua abordagem original, Carla Akotirene apresenta essas audiências em “cenas colonais”, nas quais atores e atrizes jurídicos – juízes, defensores públicos, procuradores e policiais -, performam como se seguissem um ritual preestabelecido.

“Nessas “cenas coloniais”, a antiga ordem escravocrata, em que senhorios brancos arbitram sobre vidas negras, continua sendo a regra da nova “democracia”. Esses atores e atrizes sofrem a pressão vertical da opinião pública sobre a legalidade das prisões, conferindo fé pública aos policiais executores da prisão em flagrante e impondo aos acusados suas diligências”, diz Carla.

Com pouca margem para exercerem a autodefesa e muitas vezes mal instruídos sobre seus direitos, muitas dessas pessoas são fichadas e marcadas pelo sistema prisional por meio de provas plantadas, ou seja, flagrantes forjados. Esse tipo de indução de crime por parte das polícias não é incomum, como as entrevistas que Akotirene fez com os flagranteados indicam. Sua atuação junto aos aprisionados transforma a pesquisa de campo – fruto de anos de lida com o sistema penitenciário na Bahia – em sabedoria.

Ao invocar a epistemologia de Xangô, Akotirene apresenta uma profunda revisão crítica do pensamento social e do estigma punitivista que paira sobre o Judiciário. Ela se vale, por exemplo, de ferramentas negro-feministas de interseccionalidade, dos instrumentos jurídicos da cosmopercepção filosófica dos bantos e dos iorubás e das declarações de inocência do Antigo Egito, através da filosofia de Maat. Com esses exemplos africanos de Justiça, Akotirene consegue lançar um olhar sobre o Judiciário brasileiro a distância e observa que a atuação nas audiências de custódia são o caminho para o desencarceramento da população negra que deve, enfim, encontrar o seu destino de liberdade.

Carla Akotirene mostra em “É fragrante fojado dôtor vossa excelência” que a prisão é o próprio racismo, e o racismo é colonial. Libertar a população negra do encarceramento em massa deve ser encarado como um dos maiores desafios do abolicionismo contemporâneo, uma vitória a ser conquistada pelo movimento negro e que representará, em um futuro breve, o fim das “cenas coloniais” e a superação da ordem segregadora na sociedade brasileira.

SERVIÇO

Quando: Quarta-feira 08/05, 19h

LIVRARIA MEGAFAUNA
Av. Ipiranga, 200 – loja 53
República, São Paulo

Literatura

Anderson Shon participa de encontro no Colégio Clarice Santiago dos Santos

Ana Paula Nobre

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Foto: Roberto Luís

Nesta quinta-feira (13), às 9h, o escritor, educador, poeta, cronista e quadrinista, Anderson Shon, participa de encontro no Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos – Rua Manoel Rufino, S/N, Arenoso -, para dialogar com os alunos do Ensino Médio sobre a arte da literatura. “Esse apoio de Anderson Shon será muito valoroso para nossos alunos que irão realizar a prova SAEB deste ano, onde o gênero textual em quadrinhos fará parte. A escola pública tem um grande potencial quando a sociedade civil reconhece e se envolve com a educação pública. Somos uma escola Quilombola Urbana, localizada historicamente no maior quilombo de Salvador chamado Quilombo do Beiru”, declarou a professora Tais Danila, especialista em Psicopedagogia e Gestão Pública e Orientadora da Educação Especial.

Sobre Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos

Atualmente conhecido como o bairro de Tancredo Neves e Arenoso, antigamente essa região era uma fazenda chamada Campo Seco. Ela foi doada pela família Garcia D’Ávila para o escravizado GBeiru, que formou um Quilombo onde refugiava os escravos em Salvador. Após a morte de Gbeiru, a fazenda voltou para a família Garcia D’Ávila e essa fazenda foi para a posse do Estado, formando moradias para a população.

Foto: Divulgação

A escola era chamada de Colégio Estadual Deputado Luís Eduardo Magalhães e através do trabalho de pesquisa da professora Amilca Fernandes junto aos alunos, comunidade e a Uneb, a escola foi rebatizada em 4 de novembro de 2024 em Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos, descendente de Gbeiru. Clarice era a Ialorixá da região e prestou muitos serviços à comunidade do Arenoso. Ela era líder comunitária e conhecida como Minha Gal.

No Arenoso existe uma veia artística efervescente. O artista Buja Ferreira da Timbalada foi ex aluno da escola. No ano de 2024, ganhou nos Projetos Estruturantes da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, o AFROFASHIONHAIR, trazendo toda a história dos povos originários e local, elevando a autoestima dos alunos, condição necessária para a aprendizagem. “O rebatismo da escola trouxe o fortalecimento da identidade negra, pois nossa escola é majoritariamente negra, do diretor aos alunos. Esse ano, abrimos o ciclo escolar com a parceria dos artistas para falar de arte, educação e projeto de vida”, disse a professora Tais Danila.

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Literatura

Academia de Letras da Bahia promove sarau literário de verão

Ana Paula Nobre

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Foto: Divulgação

A Academia de Letras da Bahia (ALB) vai receber poetas e o público em geral no Palacete Góes Calmon, durante o SARAU DAS ESTAÇÕES – NARRATIVAS DE VERÃO, dia 12 de fevereiro (quarta-feira), a partir das 17h. Aberta e gratuita, a programação contará com apresentações do poeta e performer Alex Simões; do grupo de Arte Popular A Pombagem; da poeta, slammer, cantora e compositora Lara Nunes; e da produtora cultural, poeta e atriz NegaFyah. Também vai ter microfone aberto para quem quiser mostrar sua poesia, música ou performance – para isso, é necessário se inscrever durante o evento.

O SARAU DAS ESTAÇÕES é resultado do I Edital de Mentoria da Academia de Letras da Bahia, lançado no ano passado, e pretende ocupar todas as estações do ano. A iniciativa é das bolsistas Bruna Pereira e Uyara Nayri, sob supervisão dos mentores Ordep Serra e Marcus Vinícius Rodrigues, presidente e vice-presidente da ALB, respectivamente. Elas também vão apresentar seus trabalhos artísticos.

Foto: Divulgação

“Considero o projeto de Mentoria da Academia de Letras da Bahia como fomentador e fortalecedor de conhecimentos artísticos, como também acredito que ele é o um marco fundamental na minha trajetória como artista baiana. Sob a orientação do professor Ordep Serra, tive a oportunidade de me aprofundar no processo de criação de um artigo científico intitulado ‘Entre a Poesia e a Periferia: Uma literatura de Poetry Slam na cidade de Salvador’, destaca a multiartista Uyara Nayri, premiada pela Fundação Cultural Palmares no Prêmio Luiz Melodia de Canções Afro Brasileiras, em 2023.

Segundo Bruna Pereira, contista e graduanda em Letras Vernáculas pela UFBA, “o SARAU DAS ESTAÇÕES busca criar um espaço aberto de expressão, onde poetas de diferentes contextos socioculturais possam apresentar suas poesias, dialogando diretamente com a comunidade local e promovendo um diálogo entre artistas, numa oportunidade de conhecer e revelar novas vozes poéticas na Bahia”. Bruna é pesquisadora em literatura periférica e hip-hop e curadora da Feira Literária de Cruz das Almas (Flicruz).

Foto: Divulgação

O evento é uma continuidade de práticas artísticas que vêm sendo realizadas na ALB e pela ALB, aponta Marcus Vinícius Rodrigues. “Em mais uma iniciativa voltada para o diálogo com a sociedade e, neste caso em especial, com os poetas de Salvador, nossa casa oferece um espaço acolhedor para que eles e elas possam compartilhar suas criações, se conectar e amplificar suas vozes”, garante o escritor e professor, responsável pela mentoria de Bruna Pereira.

Presidente da ALB, Ordep Serra reafirma a alegria por apresentar na instituição um sarau organizado por estudantes: “O programa de mentoria iniciado há pouco tempo está tendo excelentes resultados e o sarau vai mostrá-los. Estamos felizes por recepcionar os poetas baianos que foram convidados pelas nossas caríssimas alunas e jovens poetas Nayri e Bruna”.

Serviço

O quê: SARAU DAS ESTAÇÕES – NARRATIVAS DE VERÃO
Quando: 12 de fevereiro (quarta-feira), às 17h
Onde: Academia de Letras da Bahia – Av. Joana Angélica, 198, Nazaré
Público alvo: Poetas, escritores, ensaístas, artistas em geral, amantes da literatura
Quanto: Gratuito

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Literatura

Sarau de Se7e reúne performances de música e poesia no CEAO

Ana Paula Nobre

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Foto: Lucilia Muniz

O Sarau de Se7e, encontro de artistas em torno da poesia, acontece nesta sexta-feira (31), às 19h, no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), no Dois de Julho, em Salvador. Idealizado pelo ator e escritor Ednaldo Muniz, o Sarau é inspirado no livro Sete passos de ameixa (Editora Reaja, 2022), de autoria de Ednaldo Muniz.

“O intuito do sarau é promover um espaço inclusivo para que poetas e artistas de diversas linguagens, de todas as idades, compartilhem suas histórias e vivências, além de apresentarem suas produções”, explica Ednaldo Muniz, integrante do Bando de Teatro Olodum.

Desta vez, os sete artistas convidados para o sarau são: Anne Heru, Duda Santhana, Giovane Sobrevivente, Poeta com P de Preto, NegaFyah, Jairo Pinto e Vera Lopes. O evento conta ainda com a presença da MC Tarry Cristina, como mestre de cerimônia, e a abertura ficará por conta da atriz Andreia Anjos, com a performance CURA.

Serviço

O quê: Sarau de Se7e
Quando: 31 de janeiro (sexta-feira), às 19h
Onde: Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO) – Praça Inocêncio Galvão, 42, Dois de Julho
Quanto: Gratuito
Informações: 71 98706‑1757‬ (Cilene Ribeiro)

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