Opinião
#Opinião – Apropriação cultural e gente preta sofrendo racismo no mesmo lugar! – Por Aline Lisbôa
“Para quem é preconceituoso e diz que branco não pode tocar samba”
Por ironia do racismo, dessa vez, foi numa roda de samba. Em um espaço que se intitulava livre e diverso, mas a funcionária nos vigiava, perseguia e acusava. Esse estado – a Bahia – tem uma faceta do racismo muito viva: apropriação de cultura negra para lucro, em locais que seguem deslegitimando e humilhando negros.
Olhando para um breve histórico do país, enquanto estrutura econômica, nós pessoas pretas, assim como nossos trabalhos e produções, sempre foram a moeda de troca que movimentou e segue movimentando a economia desse lugar. Se já não com escravização explícita, onde vendiam nossos corpos, como antes, camufla-se na diversidade cultural, para continuar transformando em dinheiro a nossa negritude.
Os grandes e pequenos negócios, muito falam sobre diversidade cultural como um alicerce no combate à desigualdade social, mas na verdade, convivendo nesses espaços, percebemos que o termo só enfeita a apropriação da nossa cultura e das nossas lutas, enquanto mantém-se baixíssimos salários, portas fechadas a cargos importantes e, sobretudo, um código de conduta permissível ao racismo.
No posicionamento, muitos desses lugares parecem que estão fazendo o “favor” de acolher a nossa cultura, tornando o lugar mais “livre, diverso e acolhedor”. Mas o racismo e os racistas não descansam, mesmo que a branquitude diga por aí, que são os militantes quem não param, nós negros andamos tentando e, em grande parte das vezes, o racismo nos acorda.
Não é a primeira vez, que esse fenômeno cultura negra x racismo no mesmo local, acontece. A cultura que se constituiu enquanto regional – Cultura Baiana -, na verdade é incondicionalmente nossa, da nossa diáspora, que sempre movimentou o dinheiro do estado.
Enquanto seguimos agredidos pela estrutura que grita mais alto do que nossas músicas nas festas dos brancos. Lembro-me nitidamente de defender o meu bando, que estava sendo constrangido e agredido em meio a uma roda de samba, enquanto os tambores se apropriavam do que chamam muitas vezes de “música baiana” e é música preta!
Vejamos aqui o que de fato é a apropriação cultural, que está longe da discussão das tranças afros sobre peles brancas. Trata-se do esvaziamento da nossa herança cultural enquanto nossa em espaços que não nos toleram, mas apropriam-se das nossas produções para uso e venda, Como se de nós e do nosso fossem donos, perpetuando assim mais uma camada do racismo.
O professor Rodney William, em seu livro “Apropriação cultural”, defende que o baixo índice de representatividade contrasta com a crescente apropriação de quem utiliza nossa estética e técnicas, mas não repassa esse uso em oportunidades de trabalho, incentivos ou ações que engajem o combate ao racismo.
A apropriação cultural não é homenagem, é violência simbólica, de forma sutil ou explícita. Um branco que toca samba e continua destilando o racismo – como escrito por Willia -, é quem esvazia nossa contribuição cultural e apenas se apropria dela para o lucro.
Entendamos que essa roda de samba tinha custo de entrada e todo o consumo incessante do público que o assistia, inclusive o meu, que sofri racismo. Cultura negra para lucro, corpos negros para a humilhação
Vivemos todos os dias o massacre da apropriação cultural na Bahia.
Aline Lisbôa, mulher negra, mãe solo, defensora das possibilidades acadêmicas de mães negras, graduada em Pedagogia- UNEB, pesquisadora em Racismo Estrutural, Educação e Relacões Étnico Raciais e Letramento Racial.
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#Opinião: O sentido oculto da sexta-feira 13 – Por Januário
Em 13 de outubro de 1307, Filipe IV, rei da França, ordenou que os Cavaleiros Templários fossem presos, sob a acusação de heresia. A maioria dos membros desta ordem foi para a fogueira, entre eles, o grão-mestre Jacques de Molay. Ante a morte, de Molay lançou uma maldição sobre a linhagem de Filipe IV: todos os seus três filhos homens morreriam, o que viria a se concretizar, ao longo de 13 anos seguidos.
Na mitologia nórdica, vemos Loki, o 13º deus adentrar ao banquete em Valhalla, morada dos deuses, sem ser convidado. Ardiloso, ele incita seu irmão Hoder, que era cego, a matar Balder, um deus amado por todos. Igualmente ardiloso foi Judas Iscariotes, que, de acordo com o relato bíblico (Mateus 26), trai Jesus por 30 moedas de prata, valor pago para comprar uma pessoa escravizada, de acordo com a Lei Mosaica (Êxodo 21:32). Judas também era a 13ª pessoa presente na Última Ceia, haja vista, os 11 apóstolos estarem ao lado de Jesus, quando Iscariotes come o pão dado pelas próprias mãos do Mestre.
Tanto os eventos históricos, quanto aqueles narrados pelas tradições religiosas, deixaram uma profunda marca cultural no Ocidente: a sexta-feira 13 é considerado um dia amaldiçoado, em que precisamos estar mais atentos a possíveis ataques espirituais. Contudo, a Numerologia nos oferece outra perspectiva: o número 13 é formado por 1 e 3, que, respectivamente, simbolizam a coragem e a iniciativa, a autoconfiança e a liberdade. A soma desses números resulta em 4, símbolo da estabilidade, em contraposição ao azar. Por sua vez, encontramos A Morte, na Carta 13 do Tarot; longe de ser um símbolo negativo, esse arcano indica o necessário fim de um ciclo e a abertura de outro. Devemos deixar o passado para trás, a fim de iniciar um novo estágio em nossas vidas.
Um dia de passagem abençoado pela Espiritualidade, a sexta-feira 13 nos oferece a oportunidade de recomeço, de vivificação de novos projetos. Para quem busca A Verdade, é uma excelente ocasião de se conectar com O Todo, intrínseco e universal. Desfrutemos desse ponto de virada, com a mensagem do Grande Avatar da Era de Peixes. Ela caminha pelas águas do nosso ser: “Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual” (João 3:6 – Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).
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#Opinião: O que falta para existir R4cism0 R3vers0: Um breve histórico para o letramento racial – Por Aline Lisbôa
Combater o racismo no Brasil, é diariamente ter que falar o óbvio, e nessa missão, por vezes, desmistificar o conceito de que o racismo neste país, que vendeu, matou e escravizou pessoas negras, é apenas um preconceito contra a raças — seja ela qual for–. O fato, é que o pacto do grupo opressor, conhece o lugar que subverte a opressão de um povo em emancipação, O LUGAR DA LUTA, e por isso, dissemina a não existência de um protagonismo negro nessa luta que é nossa.
Um breve histórico da construção social do racismo estrutural, pode explicar, o que falta, para a suposta existência de um racismo contra br4nc0s no Brasil.
O racismo se estabelece através do conceito de raça, que surge para classificar grupos naturalmente contrastados. Na história da ciência, esse termo serve para a classificação de determinados grupos da zoologia e da botânica, com a finalidade de contrastar categorias maiores subdivididas em categorias menores, em seguida subcategorias e assim por diante, conforme os estudos de Kabengele Munanga (2003).
Munanga ainda afirma, que para toda classificação, é necessário utilizar critérios de diferenças e semelhanças, assim, no século XVIII, a cor da pele foi utilizada como critério de divisão em raças e no século seguinte, outros critérios como forma do nariz, lábios, formato do crânio, foram utilizados para aperfeiçoar essa classificação. Entretanto, sabe-se que essa classificação não se limitou apenas às características físicas e sim a utilização destas como forma de hierarquização, estabelecendo uma relação desvinculadas entre o biológico e as qualidades morais, intelectuais e psicológicas, decretando desta forma a raça branca como superior à raça negra. Isso justificou a colonização e o imperialismo das nações europeias sobre outras sociedades humanas, fenotipicamente, diferentes, sobretudo as pessoas indígenas nas Américas e as negras do continente africano.
Assim, muito além dos traços físicos de determinado grupo, o conceito de raça exprime a ideia de que esse grupo e seus traços culturais, religiosos, linguísticos, etc. são naturalmente inferiores aos “traços brancos”, além disso, a ideia de que características biológicas, são capazes de explicar as diferenças morais, psicológicas e intelectuais entre as raças foi uma teoria que teve muito prestígio no século XIX, chamada racismo científico, difundido no Brasil por figuras como Raimundo Nina Rodrigues e Sílvio Romero.
Ainda que se tenha o contexto histórico vergonhoso da branquitude do Brasil, que pode ser ilustrado nas teorias de Nina Rodrigues, mostrando o nível de brutalidade “incivilizada”, do suposto povo superior e civilizado, esta hierarquia do conceito de raça segue elegendo a esta branquitude, como superior e “normal”, desumanizando a população negra que não se assemelha fisicamente com essa normalidade eurocêntrico, constituindo a base de uma estrutura social.
Desta forma, entendendo o processo estrutural que hierarquiza as raças através dos traços biológicos, entende-se racismo como:
(…) uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam. (ALMEIDA, Silvio, 2019, p.23).
Pode-se então, considerar que o racismo não é um problema negro no Brasil e sim um problema na relação de dominação e supremacia da branquitude para com os negros do Brasil, que mantém os privilégios de um grupo, enquanto nega as mínimas condições de vida a outros.
Raça, Racialização, Racismo científico e racismo estrutural. No Brasil o racismo tem e sempre teve um alvo, corpos negros.
Artigo de Aline Lisbôa
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#Opinião: A figura paterna – Por Ana Paula Nobre
Todo mundo tem pai. Mesmo quem não o conhece, não convive, não tem a sua presença física. Mesmo quem nunca ouviu falar dele, não se deparou com ele ou não concebe a sua existência. Não existem erros no universo. Tudo é milimetricamente articulado nos planos divinos.
De ausência paterna, eu entendo. Não tenho contato físico com o meu pai biológico há 28 anos. De certa forma, tive a possibilidade de conviver com meu pai até os 12 anos, portanto, conheço o seu rosto. Há quem nunca o tenha visto, mas seus traços revelam. Pra quem não o conhece, olhe para o seu rosto. Ele tá aí.
Há quem tenha pai presente fisicamente e ausente na disponibilidade afetiva e de proteção. Isso configura ausência também. Há quem tenha o pai já em outro plano, mas ele foi tão importante que se torna presente no presente.
O fato é que a figura paterna – principalmente no Brasil, onde na maioria das casas brasileiras existe um vácuo da presença masculina -, muitas vezes é expoente de dor, carências emocionais, afetivas e memórias traumáticas. Falar de pai chega a ser desafiador.
Como olhar para essa relação de um lugar maduro e ressignificado? Não existe outra forma a não ser se olhando. Falar de pai é falar da gente. Eu não existiria se não fosse esse pai, Paulo. Minha mãe não seria mãe se não fosse o meu pai.
O pai biológico tem o seu lugar, e aqui falo como consteladora. Falar do meu pai sem revisitar sofrimentos só é possível graças a muita terapia. Compreender a mulher que sou hoje é herança da força que vem dele e da superação de muitas dessas questões.
A carga genética, o espermatozoide e o óvulo, nesse cruzamento mágico, faz com que sejamos quem somos. Reconhecer nosso pai em nós e dar-lhe um lugar no coração para além dos seus equívocos apazigua a alma.
Nós, assim como o universo, dispomos de energias duais: a masculina e a feminina. Fora de nós, os primeiros referenciais materializados são painho e mainha. Sigo inteira com todas as minhas partes em reintegração. Não é fácil, mas é alcançável.
O Sol representa o masculino, o pai. Deus, o Grande Espírito, o Pai Céu, o Criador de Tudo que É, meu pai divino, contempla a paternidade da minha essência.
Ana Paula Nobre é jornalista, repórter do Portal Soteropreta, terapeuta integrativa, consteladora xamânica, artista e trabalha unindo comunicação, espiritualidade e arte em seus atendimentos.