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#Opinião – Como cuidar da própria energia! – Por Armando Januário

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Januário

Os locais onde estamos trazem energias que podem impactar nosso padrão vibratório. Se o amor e a tranquilidade são constantes, isso contribui para sermos amorosos uns com os outros naquele espaço. Por outro lado, se estamos em um lugar marcado por conflitos e frustrações, provavelmente iremos brigar com maior facilidade e reproduzir escassez. Quando um fato ocorre, a sua energia inunda o local, podendo permanecer e impactar as pessoas. Estamos falando das formas-pensamento.

De acordo com a teosofia [1], tulpas ou formas-pensamentos se originam da mente, partindo da matéria astral ou fluídica, para construir uma entidade momentaneamente e projetá-la sobre outras pessoas. Entretanto, somos afetados por uma forma-pensamento apenas quando temos um conteúdo energético simpático a ela. Na prática, isso implica estar sintonizado com a característica da forma-pensamento. Logo, temos como nos proteger de tulpas negativas, assim como também estamos aptos a acolher essas energias quando agregam sentido positivo a nossa existência.

Cientes da nossa capacidade cerebral diária em produzir 12 mil a 50 mil pensamentos – 80% são negativos[2], conforme estudo realizado pela National Science Foundation – compreendemos que atraímos o que pensamos e temos a escolha no que pensar. Nessa perspectiva, algumas ferramentas são úteis para transformar as nossas mentes e minimizar a avalanche energética negativa, diariamente fomentada por informações de crimes e tragédias e ambientes insalubres.

Selecionar aquilo que assistimos é fundamental. Quanto maior a exposição a notícias boas ou ruins, mais pensamentos positivos ou negativos. Praticar meditação é outra forma de autocuidado energético. Todavia, uma das mais maneiras mais poderosas de enriquecer e proteger nosso campo energético é exercitar a gratidão. Na próxima semana, falaremos sobre como ser grato em todas as situações.

[1] Do grego clássico θεοσοφία, a theos (θεός) – Deus – sophia (σοφία) – Sabedoria – é composta por uma ampla gama de arcanos que encontraram na filosofia e no misticismo explicações para a origem do universo. A Sabedoria Divina tem renomados pensadores, como Paracelsus e Mabel Collins, porém, é com a chegada de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), que esse conglomerado de saberes esotéricos é sistematizado, influenciando profundamente o pensamento místico ocidental.

[2] Entre outros fatores, isso ocorre em razão de nossos ancestrais, lutarem constantemente contra predadores.

Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. Contato: (71) 98108-4943 (WhatsApp).

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#Opinião: Obatalá anuncia a Jitolu festa no Curuzu – Por Patrícia Bernardes Sousa

Ana Paula Nobre

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E quem nunca subiu a Ladeira do Curuzu e escutou que a coisa mais linda de se vê, era à saída do Bloco Afro Ilê Aiyê?! Vale lembrar que o bairro da Liberdade possui atualmente 600 mil moradores que se autodeclaram pretos e pardos em Salvador.

Ao longo de seus 50 anos de histórias bem contadas por quem já se profissionalizou nas oficinas, seminários e cursos deste bloco afro conhecido internacionalmente, poucos deste século entenderiam  o porquê que uma filha de Obaluaê se tornaria pioneira e protagonista de uma das guerras mais sofridas e sangrentas em 1974, defendia com cânticos, ebós e orações o Bloco Afro Ilê Aiyê.

Eu, filha das águas doces, mulher preta, docente, pesquisadora,  e da Comunicação sou  nascida no final da ditadura (1977) e  me peguei a refletir quão grande era a força de uma matriarca de Candomblé que ” batia de frente” com os grandes dirigentes da polícia e da política da época, para proteger o direito de voz e vez de seus filhos de sangue e seus filhos de coração associados a um bloco afro nascido numa ladeira e cheio de perseguições racistas declaradas publicamente.

Arrastando multidões ao longo dos anos, o orixá rei da Terra também trouxe o legado da paz de pai Oxalá para avenida, impondo aos ricos e “bem nascidos” da época a reflexão imposta por algo que já estava  ” fora da nova ordem mundial”, já diria nosso ícone musical Caetano Veloso. Pombas brancas ao longo dos anos são lançadas aos céus bem como um “tapete” de milho branco é lançado no solo sagrado dos becos e vielas da Ladeira do Curuzu , por onde os tambores vibrantes e as cores marcantes das fantasias celebraram o maior ato quilombola a céu aberto com as bençãos ancestrais de pai Omolu e pai Oxalá. Exú, orixá da comunicação e guardião das ruas, declara o seu apoio ao proteger um bloco afro organizado por pretos e pretas e disponibilizados para pretos e pretas além mar.

Identidade racial, letramento, igualdade racial e equidade. Talvez, naquele momento, a matriarca Mãe Hilda  só desejasse livrar seus filhos do “açoite”  do cacetete e da amargura de uma cela suja de delegacia que os marginalizariam em cadastros públicos da época. Talvez ela, pequena notável Jitolu,  não tivesse a noção exata que, a partir dali, milhões de turistas e baianos teriam a alegria de poder ter uma escolha no Carnaval de Salvador, no processo seletivo profissional, nas universidades públicas estaduais e federais, no direito ao voto democrático e ao professar a sua própria religião oriunda de uma África vista de forma pejorativa e desrespeitada naquele momento (e até hoje infelizmente).

Com cursos profissionalizantes que abarcam jovens entre 18 e 29 anos em seu “cortejo de liberdade” acadêmica e profissional, o Bloco Afro Ilê Aiyê celebra em 2024 a requalificação do seu espaço cultural  que, ao invés de perpetuar o caos vivido pelos açoites dos tempos coloniais e até pandêmicos (2020/2023), se reinventa e abre suas portas para sediar eventos de afroempreendedorismo como a FUNAFRO 2024 e acolher as inscrições das suas novas candidatas a Beleza Negra 2025.

De um ilá de liberdade de escolha, para um ilê com sede nomeada em homenagem a milhões de irmãos e irmãs mortos num Pelourinho e em diversos bairros da capital baianos vistos como  guetos ” aquilombados” reunidos apenas pela alegria de dançar, expressar sua opinião com relação aos seus direitos civis : a Senzala do Barro Preto.

Da batida do chicote para o toque do atabaque, o bloco Afro Ilê Aiyê chega ao Novembro Negro 2024 vivenciando re-existência com as bençãos do orixá Oxalá.

Crianças, jovens e adultos sabem que podem contar com a Senzala do Barro Preto, pois é lá que nasceu a esperança de poder dizer que somos um ” Ilê de Luz” e apesar de alguns acreditarem que ” somos ridículos ” e em olhos alheios” somos mau vistos ” , somos poesia, cultura identitária e ancestralidade que toca corações de trabalhadores e trabalhadores para além do Brasil.

O rei da Terra nunca nos deixa sem chão e com sua grandiosidade ainda nos permite plantar o nosso deburu (milho seco frito) e o nosso ebô ( milho branco) em doces águas.

Vida longa ao Bloco Afro Ilê Aiyê.

Mãe Hilda Jitolu, PRESENTE!

Patrícia Bernardes Sousa é jornalista, redatora e integra projetos de impacto social, letramento, educação e cultura.

 

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#Opinião: Desmistificando o Dia das Bruxas – Por Januário

Ana Paula Nobre

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Em determinas épocas do ano, o Sagrado Véu entre os Círculos Espirituais e os Planos da Matéria se torna mais tênue, facilitando a comunicação entre esses mundos. Isso ocorre, sobretudo, quando O Sol se posiciona em Escorpião: podemos celebrar a solitude ou festejar o renascimento. Estamos falando do Halloween – palavra inglesa originada na tradição católica –, popularmente conhecido no Brasil como Dia das Bruxas e que inicia Samhain, o Ano Novo Celta.

Antes do Imperador Constantino (272-337 d.C.) oficializar o cristianismo, os povos europeus cultuavam as Forças da Natureza. Esses grupos se recolhiam diante do frio outono para louvar O Sagrado, meditando sobre o sentido da vida e venerando a ancestralidade. Essa festividade, ou Sabbat, marcava a transição da Luz para a Sombra: adorar o lado sombrio manifestava o respeito pela “morte” do Deus-Sol, envolto pelas Trevas, pelo gelo…

…era preciso se preparar ante a estação lúgubre e povoada de espíritos considerados maléficos. As máscaras da tradição celta serviam a esse propósito. Por sua vez, a sobrevivência para esse trânsito de estações era marcada pelo consumo dos alimentos estocados na colheita: posteriormente, nasceria, desse costume, a expressão “trick or treat”, doce ou travessura.

Após a chegada do cristianismo, no Primeiro Concílio – Ecumênico – de Niceia (325 d.C), os cultos do Antigo Paganismo começam a ser apropriados pelos cristãos. No século VIII, o Papa Gregório III determina a mudança do Dia de Todos os Santos e Mártires, antes celebrado a 13 de maio, para 1º de novembro. Com isso, várias tradições do Samhain são adotadas pela Igreja, e a festa se converte ao cristianismo, contribuindo para o aumento do número de católicos na Europa.

Temos, nesse ínterim, uma inflexão histórica: os que conhecem as Antigas Tradições, sobretudo, as mulheres, historicamente perseguidas pelo fanatismo católico na Idade Média, passam a, secretamente, manter os rituais de Samhain e ao mesmo tempo professar a fé oficial. Esse sincretismo será muito importante para a chegada do paganismo nas Américas.

Com a migração irlandesa para os Estados Unidos (EUA) no século XIX, o Halloween desembarca no Continente Americano. A celebração religiosa passa a ser realizada também pelos países influenciados pelos EUA e localizados no Hemisfério Sul, que celebram a festiva de acordo com a estação do ano: a primavera.

A celebração do Sabbat de Beltane, como é chamada na tradição celta, marca a conexão sexual Sol-Terra: o amor desabrocha e a sensualidade rompe fronteiras, em rituais de fogo. Esse é o momento ideal para se apaixonar, tanto por si, quanto por outra pessoa e mesmo por eventuais áreas da vida deixadas de lado. Pode-se retomar aquele projeto deixado de lado e buscar a harmonia entre racionalidade e paixão.

No Brasil, 31 de outubro é Dia do Saci, elemental cultuado originalmente pelos verdadeiros donos da terra, os povos indígenas. Longe de rivalizar, acreditamos que a pessoa do leitor conhece as liberdades religiosas consagradas na legislação nacional, podendo celebrar – ou não realizar – essa ocasião especial, respeitando todas as diferenças.

Em um período histórico marcado por extremismos, pensar o Dia das Bruxas como uma celebração introspectiva – Samhain – ou luminosa – Beltane – é oportunidade ímpar de se abrir ao diálogo inter-religioso, compreendendo que a maior magia se encontra no amor sobre todas as coisas.

Armando Januário dos Santos é Trabalhador da Luz, Mestre em Psicologia, Psicólogo (CRP-03/20912) e Palestrante. WhatsApp: (71) 98108-4943 / Instagram: @januario.psicologo

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#Opinião: Dos trilhos de ferro para as linhas do caderno – Por Patrícia Bernardes Sousa

Ana Paula Nobre

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Caminhando pelas trilhas históricas onde passavam os trens do Subúrbio Ferroviário de Salvador, também encontramos trilhas que levam crianças, jovens e adultos ao universo da imaginação quando o assunto é literatura. Localizado na Cidade Baixa, o Parque São Bartolomeu reuniu no mês das Crianças com muita arte, cultura, literatura, teatro e música que ecoam mais forte que o barulho dos antigos trens que cortavam a geografia das ruas de uma cidade a beira da maré da Baiá de Todos os Santos.

Em sua maioria negra, cerca de 293 mil habitantes, segundo os dados do IBGE 2022 , a população do Subúrbio Ferroviário sentiu-se convidada a conhecer como e de que forma se constroem políticas públicas sócias para crianças que possam frequentar uma Biblioteca Comunitária como, por exemplo, a Biblioteca Meninas do Subúrbio e a Biblioteca Abdias Nascimento que atualmente abarca e abraça centenas de crianças e jovens negros que passam por lá diariamente.

O bairro de Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, abriga a Biblioteca Social Afro-indígena Meninas do Subúrbio. Fundado em março de 2022, o espaço educativo e cultural é voltado ao cuidado integral de mulheres e crianças através das práticas antirracistas e de combate ao machismo e é idealizado pela professora da rede municipal de ensino da capital baiana Dejanira Rainha. Criada em 2007, a Biblioteca Abdias do Nascimento localizada na Rua Bonfim, no bairro de Periperi foi pensada a partir das inquietações de jovens, moradores do subúrbio que sentiam a necessidade de um espaço no qual eles pudessem dialogar e discutir sobre questões ligadas a religião de matriz africana e cultura afro como um todo e tem como gestor Eduardo Oduduwa Nascimento dos Santos.

Dos trilhos de ferro que antes conduziam vagões lotados pela força de trabalho de mulheres e homens negros e negras , neste mês de Outubro os trilhos se comparavam às linhas dos cadernos que, com carvão na ponta do lápis , descreviam esperança num futuro melhor amparados nas Oficinas de Escrita Criativa ou na atenção com olhinhos encantados da batida do Rap e do Trap que aguardava a sua rima.

Nem sempre acompanhados pelos seus pais, a rotina da criança do Subúrbio Ferroviário presenciou o encantamento de conhecer como se pode contar a sua história a partir das suas próprias experiências de vida. Com cerca de 22 bairros e com 86% de seus moradores declarados pretos ou pardos , o lápis de cera, folhas de ofício, papel metro, acolhimento e escuta sensível, desenharam momentos de fascínio onde o que importava era apenas sorrir e colorir seus sonhos em uma folha branca.

Local sagrado e ponto de culto histórico por parte dos adeptos das religiões de matriz africana , o Parque São Bartolomeu pode sentir em suas instalações o vigor e a alegria das crianças que, em sua plenitude, corriam de um lado para o outro, para não perder o momento da rima nas Oficinas de Trap e Rap e nem o momento de contar a sua própria história em parágrafos curós e inocentes nas Oficinas de Escrita Criativa.

Trilhas de palavras que seguiam o caminho das linhas de caderno e também abraçavam com sorriso largo a apresentadora de Tv tão negra e cheia de encantos quanto cada criança preta que as abraçava. Trilhas de escrita e rima com representatividade numa Salvador de moradores da Cidade Baixa que no Outubro das Crianças pretas já podem chegar à Cidade Alta com novas histórias para contar. As trilhas das linhas do caderno não são maiores que o brilho da esperança em cada olhar das crianças.

O encanto ancestral do solo sagrado do Parque São Bartolomeu , confirmava a presença dos que ali se faziam presentes a cada nova jornada entre os andares, escadas e rampas daquele lugar. Música, dança e literatura pavimentam não mais os trilhos de ferro como no período colonial e da escravidão de direitos. Agora as crianças pretas do Subúrbio Ferroviário sabem que através das trilhas das linhas do seu próprio caderno, elas também podem contar a sua própria história. A educação inclusiva e antirracista trilham caminhos na primeira  infância  para romper “grilhões” de ferro que paralisavam histórias na vida adulta da população suburbana de Salvador.

Palco da Batalha de Pirajá em 1823, abrigo de escravos fugidos oriundos do Quilombo do Urubu em 1826, o Parque São Bartolomeu foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural da Bahia ( IPAC-BA) e passou por requalificação urbana e ambiental em 2014. Cercada pelas Cachoeiras de Nanã, Oxum, Oxumarê, Tempo e Escorregadeira, o Parque São Bartolomeu resiste desde o seu reconhecimento em Junho de 2001, segundo Decreto Nº 7970.

A Festa Literária do Subúrbio Ferroviário (Flisu) não se finda como riacho sofrendo pela seca de suas águas no mês de Outubro e promete novas trilhas de saberes e novos trilhos de planejamento antirracista e insurgências criativas para os dias 18 e 19 de novembro, no Parque São Bartolomeu – Subúrbio Ferroviário de Salvador.

Patrícia Bernardes Sousa é jornalista, redatora e integra projetos de impacto social, letramento, educação e cultura.

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