Literatura
Arte e literatura das periferias no centro da cultura de Salvador
Espaços culturais do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, irão receber a força cultural das periferias, representada por vozes de artistas, educadores e escritores, de 19 a 21 de setembro, durante a Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil – Arte e Identidade. Com uma ampla programação gratuita que contempla atividades como apresentações artísticas, oficinas, lançamentos de livros, mesas literárias, saraus, performances poéticas e contação de histórias, o evento se destaca como um dos mais importantes a promover produções e movimentos culturais afro-brasileiros em Salvador.
A abertura, no dia 19 (quinta-feira), promete ser um dos momentos mais emblemáticos, com a presença da personagem Koanza, interpretada pelo ator Sulivã Bispo, às 9h30, dando início à quarta edição do projeto. Em seguida, a conferência de abertura “Vozes da Periferia: Educação, arte e identidade”, no Espaço Juventudes – Largo Tereza Batista, oferece ao público um rico debate com o rapper e ativista carioca MC Marechal, um dos maiores nomes da cena de rap brasileira, criador do Projeto Livrar e da Batalha do Conhecimento, e a ativista, doutoranda em educação, pedagoga, mulher trans, negra e ialorixá baiana Thiffany Odara, que tem sua trajetória marcada pela luta em defesa dos direitos LGBTQIAP+.
No mesmo dia, expressões artísticas representativas da cultura periférica darão o tom do evento no Espaço Juventudes. Entre as atividades previstas, estão a intervenção de grafite realizada pelo Movimento Cultural MUSAS (Museu de Street Art de Salvador), às 11h10; a roda de conversa “Grafite: Arte e Resistência” com Ananda Santana, Lee 27 e mediação de Andressa Monique, às 14h; e o Sarau Negritudes, reunindo saraus de diversas partes da cidade, com apresentações de poesias, break e grafite, às 16h.
No Espaço Infantil Brilho, localizado no Largo Pedro Arcanjo, as crianças serão recebidas com atividades animadas, como a apresentação do grupo percussivo baiano Tambores e Cores, às 11h, além do cordel “Biografando Bule Bule”, apresentado por alunos do município baiano de São Sebastião do Passé, às 13h30.
No Espaço Identidade, no Museu Eugênio Teixeira Leal, o dia será marcado pela apresentação das Cameratas da Orquestra Sinfônica da Bahia, no Cine Teatro Góes Calmon, às 14h15, com o objetivo de difundir a música erudita e popular.
Sexta-feira (20) – Entre os momentos mais marcantes do segundo dia está a grande final do Concurso “Versos de Identidade”, às 15h30, no Espaço Juventudes. Dez jovens poetas, estudantes de ensino médio de diferentes escolas públicas de Salvador e da Região Metropolitana, concorrem aos prêmios. Seus textos utilizam da temática da festa “Vozes da Periferia: Arte e Literatura Florescem Longe dos Centros” e abordam questões raciais, sociais e de identidade a partir das suas vivências.
A história de mulheres negras que inspiram novas referências terá foco no Espaço Empoderamento, na Casa Vale do Dendê, local que recebe diversas mesas temáticas, lançamentos coletivos e venda de livros. Destaque para o bate-papo sobre o livro ilustrado “Awon Ona Jagun – Narrativas de Mãe Carmen de Osaguian”, em comemoração aos 21 anos de liderança da Iyalorixá do Gantois. A obra inspira o diálogo “Entre o silêncio e a escrita – A oralidade e seu papel nas memórias ancestrais do Gantois”, às 16h30.
Já no Espaço Identidade, às 10h, acontece a mesa literária “Afrofuturismo: Nossa tecnologia ancestral” com escritores que têm explorado uma vertente distopia para reescrever narrativas. Para os pequenos leitores, a programação no Espaço Infantil Brilho incluirá a apresentação teatral “Lendas Brasileiras”, da Companhia de Teatro da Biblioteca Monteiro Lobato, às 10h, além de contações de histórias acessíveis com Fabiana Costa e a contação “Katendê e o Novo Rei”, com Mário Omar, no turno da tarde.
Sábado (21) – O fenômeno mundial da popularização dos conteúdos literários nas redes sociais será abordado na roda de conversa “Novos Olhares: BookTok e as narrativas negras na literatura jovem”, no Espaço Juventudes, às 14h, com participação de Camilla Apresentação, Roberta Gurriti, Ivan Neto (Literaneto) e mediação de Mirtes Santa Rosa, do Portal Umbu Comunicação.
Também no Espaço Juventudes, às 10h, acontece a Oficina de Danças Afro-Brasileiras, ministrada por Tati Campêlo, da Fundação Cultural da Bahia. Às 16h, o sarau “Negras Vozes” reunirá as artistas Sued Hosaná, Adrielle do Carmo, Negra Winnie e Anajara Tavares.
No Espaço Empoderamento, o destaque será a Oficina Aṣọ ìbúsùn de Tecidos Africanos, com Diaman Kobina (DF), além do lançamentos de obras como o HQ “Kairú-Ede Guerreiro Fantasma”, do escritor baiano Darwiz BagdeveNo Espaço Brilho, a criançada poderá assistir ao espetáculo “Bonde da Calu em circo poesia”, às 10h, e participar da roda de conversa “Vozes que ecoam: crianças pretas escrevendo seu caminho em família”, às 11h. Às 14h, haverá a oficina de bonecas Abayomi, conduzida pela artista Nini Kemba Nayó, que lançará seu livro “Abayomi: o encontro precioso”.
Para garantir que o encerramento será com chave de ouro, o clímax fica por conta do 3º Round, maior circuito de rima improvisada do Norte e Nordeste, que pretende reunir diversos artistas da cena do rap em Salvador para uma criativa e fervorosa disputa. A edição especial do circuito será realizada no Espaço Juventudes, a partir das 18h30.
A 4ª Festa Literária Arte e Identidade também conta com o apoio de espaços culturais parceiros como a Biblioteca de Extensão da Fundação Pedro Calmon, Museu da Energia, Casa do Carnaval, Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, Casa do Olodum e o Museu da Enfermagem, que promovem atividades diversas durante a programação, como visitações guiadas e oficinas. A programação completa está disponível no site www.arteeidentidade.com.br e no Instagram @arteeidentidadeoficial.
O evento tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Para democratizar o acesso, o evento irá dispor de recursos de acessibilidade, como audiodescrição e interpretação em libras, além de comodidade e segurança para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida.
SERVIÇO:
O quê: Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil – Arte e Identidade
Quando: 19 a 21 de de setembro
Onde: Espaços culturais do Pelourinho – Centro Histórico
Programação completa: https://www.arteeidentidade.com.br/
Entrada Franca
Literatura
Baiana Josane Silva Souza participa da Festa Literária de Paraty
A tradutora e agente literária baiana, Josane Silva Souza, participa da 22ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2024, nesta sexta-feira (11), às 15h30. Ela vai compartilhar sua expertise ao lado de Leo Gonçalves e Lubi Prates, na mesa “A hospitalidade da tradução”, com mediação de Carolina Ferreira, integrando a CASA POÉTICAS NEGRAS. Às 18h30, Léonora Miano estará na mesa “Além das Fronteiras: Afrofuturismo, Ancestralidade e Novas Narrativas Femininas”, com Sabine Mendes e Taslim, em conversa mediada por Angela DaCor.
No sábado, dia 12, às 11h, Eliana Alves Cruz falará na mesa “Criar o real: entre o jornalismo e a ficção”, com Bianca Santana e Paulo Vicente Cruz, em papo mediado por Heleine Fernandes na CASA POÉTICAS NEGRAS. No mesmo horário, às 11h, Janaína de Figueiredo (“Meu avô é um tata”, “Sapatinho de Makota”, “A Rosa e o Poeta do Morro” e “Kerekê”, entre outros) conversará com Henrique Rodrigues e Carlos Eduardo Pereira, na CASA LIBRE, no painel “As tensões contemporâneas na literatura infantojuvenil”, mediado por Sérgio Tavares.
Em seguida, às 12h30, ainda na POÉTICAS NEGRAS, a vencedora do Prêmio Pallas de Literatura (com o romance “Água de Maré”, que será lançado em 2025, quando a Pallas completará 50 anos) Tatiana Nascimento vai conversar com o público acompanhada por Viviane de Paula e Helen Araujo na mesa “Entre Versos e Marés: Narrativas Negras de Poesia, Resistência e Ancestralidade”, mediada por Angela DaCor.
Ainda no sábado, Odailta Alves falará, às 15h30, na CASA LIBRE, num painel sobre “Invisibilidade”, ao lado de Adilia Belotti, Fernanda da Escóssia, Cris Judar e Malu Jimenez. Para fechar o sábado, dia 12, às 20h, duas autoras farão os pré-lançamentos de seus livros pela Pallas na Flip: Elisa Lucinda (“Encontro com a invenção”) e Odailta Alves (“Pretos prazeres e outros ais”) na CASA POÉTICAS NEGRAS, que tem tanta afinidade com os livros produzidos pela Pallas. As duas estarão na mesa “Quando as artes se encontram e tudo vira poesia”, com Héloa, mediada por Angela DaCor. Odailta Alves falará no domingo, 13 de outubro, às 11h, sobre “Lia de Itamaracá: O reinado da ciranda” na CASA POÉTICAS NEGRAS.
Literatura
FLICA 2024 divulga edital de inscrições para autores e artistas
Escritores, quadrinistas, cordelistas, ilustradores e artesãos de todo o país terão a oportunidade de concorrer a um espaço de destaque na 12ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), que acontece entre os dias 17 e 20 de outubro. Ao todo, serão selecionados 20 autores e artistas para a realização de lançamentos literários, sessões de autógrafos e exposições de artesanato que vão compor a programação oficial do Espaço Casa dos(as) Autores(as) Brasileiros(as). Os projetos podem ser inscritos até o dia 7 de outubro no link.
Interessados podem participar do processo seletivo nas seguintes categorias: autores(as), quadrinistas, cordelistas, artesãos(ãs) e ilustradores(as). O edital completo fica disponível durante o período de inscrição na bio do Instagram e site oficial da FLICA e da Fundação Hansen Bahia, realizadora do evento. Após o anúncio dos resultados, que acontece até o dia 12 de outubro, a Equipe da Curadoria definirá a ordem e os horários das apresentações dos artistas. Além dos 20 projetos escolhidos, outros cinco serão classificados para casos de desistência, obedecendo à ordem de classificação e aos critérios descritos no Edital.
Todos os selecionados receberão um certificado de participação na FLICA 2024, que este ano tem como tema “O mundo da literatura em festa”. A Festa dá as boas-vindas a todos os públicos, portanto, é assegurado o direito ao pleito das vagas a qualquer participante que preencha as exigências estabelecidas no Edital, havendo reserva de 10% das vagas para pessoas com deficiência, 10% para negros(as) e 5% para indígenas.
“A Flica deste ano estende suas intenções para envolver cada vez mais autores e artistas, para que eles possam ter uma oportunidade de divulgação das suas obras, considerando que nem sempre isso é possível. A literatura, a arte e a cultura têm sido extremamente relegadas a segundo plano no nosso país, e é preciso que essas oportunidades sejam criadas. A arte é condição fundamental para que a gente possa ver a vida mais colorida e com mais leveza”, declara Dinalva Melo, curadora do Espaço Casa dos(as) Autores(as) Brasileiros(as).
Nos quatro dias de evento, 58 autores nacionais e internacionais se reunirão com o objetivo de democratizar o acesso à leitura e potencializar a formação de leitores de todas as idades. Com entrada gratuita, as atividades envolvem debates, intervenções artísticas, mesas de bate-papo, lançamentos de livros, sessões de autógrafos, espetáculos, contação de histórias, exibição de conteúdos audiovisuais, apresentações de filarmônicas e muito mais.
Nesta edição, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos, que vão sediar diversas atrações imperdíveis. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.
A FLICA 2024 é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira e a LDM (livraria oficial do evento), e conta com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação.
SERVIÇO
O quê: Inscrições abertas para autores e artistas independentes na FLICA 2024
Onde: No link
Quando: Até o dia 7 de outubro
Programação completa da FLICA: https://flica.com.br/
Instagram: @flicaoficial
Literatura
Mara Felipe lança livro sobre pedagogia e trajetória do Olodum
Uma visão aprofundada sobre a trajetória do Olodum, uma das mais importantes instituições do movimento negro brasileiro. A publicação ‘Pedagogia Olodum – Epistemologia do Olodum’, de Mara Felipe, lançada pela Paco Editorial, abrange esses e outros contextos, a exemplo do período desde a fundação do grupo no mangue do Maciel/Pelourinho até a promulgação da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. A obra revela o papel crucial desempenhado pelo Olodum na conscientização e na luta contra o racismo através de suas músicas, atividades pedagógicas e ações socioculturais.
Ao longo de suas 364 páginas, a autora detalha como o Olodum, por meio do samba-reggae e de suas práticas educativas, desenvolveu uma pedagogia única, focada em princípios antirracistas e decolonizadores. Essa pedagogia, que antecede a Lei 10.639/03, foi capaz de transformar a música em uma ferramenta de ensino e de resistência, promovendo a valorização da cultura negra e a conscientização sobre a história do povo afro-brasileiro. As letras das músicas do Olodum, carregadas de mensagens de empoderamento e resistência, aliadas a uma série de iniciativas culturais e educativas, ajudaram a moldar uma pedagogia voltada para a inclusão social e a igualdade racial.
Além de contextualizar o impacto da atuação do Olodum em Salvador e no Brasil, o livro expande o olhar para a influência internacional do grupo, que se tornou um símbolo de luta pelos direitos civis em diversas partes do mundo. O Olodum promoveu um modelo educativo que vai além das salas de aula, com práticas lúdicas e artísticas que estimulam a reflexão crítica e o reconhecimento da herança africana na formação da identidade brasileira.
Para fundamentar essa análise, Mara Felipe recorre a importantes teóricos como Abdias Nascimento, Paulo Freire, Frantz Fanon, Lélia Gonzales e Beatriz Nascimento, além de nomes internacionais como Marcus Garvey e Cheikh Anta Diop. Esses autores são convocados para explicar o processo educativo e sociopolítico do Olodum, que construiu uma forma de ensino própria, a partir da prática epistemológica do samba-reggae e da sua participação em movimentos de resistência cultural.
A publicação é, ao mesmo tempo, um estudo acadêmico e uma celebração das conquistas da instituição que, em mais de 40 anos de existência, se consolidou como um dos principais expoentes na luta contra o racismo no Brasil e no mundo. Pedagogia Olodum é um convite à reflexão sobre o papel da cultura na educação e na formação de uma consciência crítica sobre as questões raciais.
SERVIÇO
Pedagogia Olodum – Epistemologia do samba-reggae, de Mara Felipe
Preço: R$ 89,90 (364 páginas)
Disponível nas plataformas:
* [Paco Editorial](https://www.pacolivros.com.br/pedagogia-olodum)
* [Amazon](https://www.amazon.com.br/dp/8546225346)
Contato: Mara Felipe – (61) 98651-1299 / marafelipegentil@hotmail.com