Literatura
Revista Memória da Imprensa será lançada neste sábado (28)

“Publicamos histórias de vidas fantásticas, através de pesquisas, entrevistas e isso nos consome muito tempo e energia criativa. Por que não fazermos o mesmo com jornalistas e radialistas, se sabemos das coisas incomuns, aventuras e perigos vividos por quem tem por ofício a dor e a delícia de contar histórias?”, questiona o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI.
Como parte da agenda dos 94 anos da ABI, comemorados em agosto, além de uma roda de conversa com os cinco entrevistados da edição, a programação terá um debate sobre desinformação em tempos de algoritmos e inteligência artificial, com as participações do cientista de dados Leonardo Nascimento, a especialista em jornalismo científico e tecnológico Mariana Alcântara e a advogada Luciana Marques.
“Este número 5 é um convite à reflexão. Fechamos a edição no auge do enfrentamento do Judiciário brasileiro contra empresas abertamente determinadas a se sobrepor aos estados nacionais. Ao mesmo tempo, o uso de ferramentas de inteligência artificial e o manejo solerte dos algoritmos transformam desinformação em negócio, assassinando reputações e virando o sistema eleitoral de ponta-cabeça”, destaca Ernesto Marques.
Uma jam musical formada por jornalistas que compartilham o amor pela música comanda um tributo a Jorge Ramos. “Vamos fechar contemplando Kirimure, numa jam organizada por colegas multitalentosos para reverenciar a vida de Jorge Ramos com a alegria que ele tinha como marca, tendo a presença de seus antigos mestres, colegas dos velhos tempos, amigos e familiares”, adianta o presidente da Associação.
Homenagem
O professor, jornalista e escritor Jorge Ramos, falecido no dia 4 de abril deste ano, era membro da diretoria da ABI, no cargo de 2º secretário. Jorginho, como era carinhosamente tratado pelos colegas, deixou um legado prolífico de atuação na Faculdade de Comunicação da UFBA, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), no Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), e em muitas outras instituições e veículos de comunicação no estado.
Natural de Ipirá-BA, Jorge Ramos nutria uma paixão pelas histórias da Bahia, sobretudo do Recôncavo Baiano. Ele dirigia a Biblioteca Ruy Barbosa, do IGHB. Ex-presidente do Sinjorba, ele estreou na profissão no extinto jornal Diário de Notícias. Migrou para emissoras de televisão e atuou nas TVs Bandeirantes, Aratu, Bahia, Santa Cruz (Itabuna) e Educativa. Na literatura, publicou pela Solisluna Editora o livro “O Semeador de Orquestras – História de um Maestro Abolicionista” sobre a vida e a obra do maestro baiano Tranquilino Bastos.
Memória
Inicialmente criado para o formato de documentário, o projeto “Memória da Imprensa – A História do Jornalismo Contada Por Quem Viveu” assume o formato de revista há quatro edições, publicadas em versão digital e impressa. A revista é editada pelo jornalista Biaggio Talento, com projeto gráfico do artista visual e cartunista Gentil e da designer gráfica Bianca Alves, com entrevistas assinadas por diversos jornalistas experientes.
As três primeiras edições trazem os relatos de 30 profissionais da comunicação, pautando suas atuações nas mais diversas editorias como o jornalismo cultural, esportivo e policial, além de abordar o período de censura e repressão vivido na ditadura militar. Já a quarta edição celebrou os 93 anos da ABI, trazendo a voz de cinco decanos da comunicação baiana e artigos relacionados às discussões dos painéis que integraram a agenda comemorativa.
Sobre os convidados:
Leonardo Nascimento – Cientista de dados, psicólogo, professor do Instituto de Ciência, Tecnologias e Inovação, membro permanente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS/UFBA), diretor do Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA onde coordena, desde 2021, juntamente com colegas da UFBA e da UFSC, uma investigação sob desinformação e extremismos nos ecossistemas multiplataforma com o apoio do InternetLab e do CNPq.
Mariana Alcântara – Jornalista, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (Póscom/UFBA) e integrante do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL/UFBA), especialista em Jornalismo Científico e Tecnológico. Pesquisadora de temas como mídia, ciência, saúde, meio ambiente, divulgação científica, educação popular e políticas públicas de popularização da ciência.
Luciana Marques – Advogada há mais de 20 anos, atuando predominantemente nas áreas trabalhista e familiarista. Pós-graduada em Direito Empresarial pela Faculdade de Direito da UFBA. Adepta dos “seis métodos interativos”, com foco na melhora das relações, fruto de um olhar humanizado e defesa da advocacia colaborativa. Possui experiência na solução de conflitos.
Serviço
Lançamento Revista Memória da Imprensa – 5a edição
Data: 28/09 (sábado)
Horário: 9h30 – 13h
Local: Auditório Samuel Celestino (8º andar do Edifício Ranulfo Oliveira – Rua Guedes de Brito, 1, Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador)
Evento gratuito
Literatura
Lázaro Ramos lança “Na Nossa Pele” dia 22 de março em Salvador

O ator e escritor, Lázaro Ramos, lança sua nova obra “Na Nossa Pele”, dando continuidade ao livro “Na Minha Pele”, publicado em 2017. O evento de estreia em Salvador acontece no dia 22 de março (sábado), a partir das 15h, na Livraria LDM – Vitória Boulevard, no Corredor da Vitória.
Os interessados em participar da sessão precisarão retirar uma senha no próprio dia, a partir das 13h. Cada pessoa poderá garantir a sua mediante a compra do livro ou apresentando um exemplar já adquirido.
No novo livro, Lázaro compartilha memórias afetivas e reflexões sobre sua mãe, Célia Maria do Sacramento, que faleceu quando ele tinha apenas 18 anos. A partir dessa vivência, ele tece narrativas que abordam racismo, política, afeto e coletividade, mantendo o tom profundo e pessoal que marcou sua estreia na literatura.
Além da capital baiana, “Na Nossa Pele” terá eventos de lançamento em São Paulo e Rio de Janeiro, nos dias 19 e 26 de março, respectivamente. A obra reforça a trajetória do autor como uma das vozes mais relevantes na discussão sobre identidade e questões sociais no Brasil.
Literatura
Escritora Amanda Julieta lança “No rastro de Estela” na Casa do Benin

A premiada pesquisadora e escritora, Amanda Julieta, lança no próximo dia 15 de março (sábado), na Casa do Benin, às 16h30, a sua primeira obra de ficção em prosa “No rastro de Estela”, uma fabulação poética que traz a história de Estela, uma mulher negra e lésbica, que viveu parte da vida internada em um hospital psiquiátrico de Salvador, no início do século 20.
A obra sai pela ParaLeLo13S, editora da livraria Boto-cor-de-rosa. O lançamento contará com um bate-papo com acessibilidade em Libras sobre literatura e memórias de mulheres negras, com a participação de Rosinês Duarte, crítica textual e professora de letras vernáculas da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A partir de uma conversa ouvida por acaso na infância e da descoberta de documentos que revelam pistas da história de sua tia-avó, a narradora – jovem soteropolitana ansiosa para fazer sentido das histórias não contadas da sua família e da cidade – busca reconstituir a memória de Estela, em um texto que tece prosa e poesia, misturando vozes, atravessando fronteiras oníricas e nos levando para lugares históricos e situações possíveis.
“Como recontar aquilo que já foi contado, mas com as palavras erradas e pelas pessoas erradas? Que linguagem poderia dar conta do absurdo, transformando a violência em alguma coisa outra, evocando para o papel as vozes postas em silêncio? (…) Muitas mulheres e homens como tia Estela. Muitos nomes que permanecem soterrados nos porões da memória”. As palavras citadas evidenciam a necessidade de contar “era uma vez outra história e depois outra e depois outras. Todas um pouco diferentes. Todas mais ou menos iguais”. Esse é um dos trechos do livro.

Foto: Ana Reis
A Fabulação e a Vida
Com um enredo que aborda questões como o amor entre mulheres, o racismo, a lesbofobia e o apagamento das histórias de pessoas negras no Brasil, No rastro de Estela é uma obra que lança novos olhares sobre o passado e o presente. “A ficção é uma forma potente de dar conta do vazio, das lacunas e dos silêncios fabricados pela história oficial, principalmente para nós, pessoas negras, e para os povos que sofreram processos de colonização”, realça Amanda Julieta, que é mestra e doutoranda em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia, onde desenvolve pesquisa sobre a poesia e a performance de mulheres negras na literatura marginal/periférica
Se abebê é instrumento para reconhecer o que se vê, “No rastro de Estela” é um espaço literário que irá atravessar leitores de muitas formas. Amanda Julieta conta que o livro “diz de mim e da minha família, diz de qualquer pessoa ou família negra no Brasil – porque nós somos parte de uma história em constante construção. Ainda há muito o que ser dito sobre o nosso presente, passado e futuro. E a ficção, para mim, é uma tentativa de entender esse real a partir de uma ferramenta outra, friccionando, dentre outras coisas, a fabulação e a vida”.
Amanda Julieta escreve “Eu não poderia dizer ao certo como tudo aquilo começou, porque rastros são pedaços de uma memória inexata, caminhos de história que perseguimos com insistência, mas que requerem pés macios, peças de um quebra-cabeças que, com a habilidade de um detetive do tempo, tentamos montar”. Mais a frente, como veredito, arremata “mesmo que você apague um papel com toda a sua força a marca do que foi escrito continua lá”.
Em “No rastro de Estela”, Amanda Julieta, que também é jornalista, busca fabular histórias através das memórias do que se sabe sobre Estela e ainda fabular, em escrita rebelde e ousada, num misto de prosa com muita poesia. “Quantas Estelas e quantas outras pessoas semelhantes a ela podem ter existido no Brasil sem que suas histórias chegassem ao nosso conhecimento? Essa pergunta é importante para pensarmos no apagamento não só das histórias dos corpos pretos e LGBTQIAPN+, mas também no apagamento desses corpos, que sofreram e sofrem diferentes violências simbólicas e materiais ao longo da história deste país”, exclama a escritora.
Entretanto, Amanda Julieta gostaria que “esse pequeno retrato de muitas histórias não contadas fosse um livro não sobre a violência, mas precisamente sobre a potência dessas vidas que tentaram apagar”. Em determinado momento do livro, ela descreve: “O problema de perseguir o passado é que sempre esbarramos na possibilidade da ferida, mas apenas olhando novamente para aquilo que foi e para aquilo que poderia ter sido é que poderemos vislumbrar as vidas para além da dor”.
Estela também lutou contra o controle e a captura, viveu radicalmente o amor, foi feliz. Porque as existências de corpos diferentes e um tanto iguais ao dela não se reduzem à violência, ainda que ela seja uma realidade dolorosa. Corpos que resistem ao longo do tempo, que criam outras formas de viver e, assim como Estela, não se deixam capturar. Pois, “O Olhos nos Olha, mas não pode nos ver”.
Vale destacar que, no lançamento ocorrerá distribuição gratuita de exemplares. “No rastro de Estela” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Escrita Preta
Amanda Julieta (1991, São Paulo) é escritora, jornalista e pesquisadora literária que há muito tempo constrói sua trajetória acadêmica, artística e de vida na cidade de Salvador. É autora dos livros “Dandara” (infantojuvenil, 2021 – ganhador do Prêmio Pretas Potências, 2023) e “Tem poeta na casa? – Mulheres negras, poetry slam e insurgências” (ensaio literário, 2023 – vencedor do II lugar na categoria ensaio literário – Prêmio Mário de Andrade do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2024), ambos publicados pelo selo editorial ParaLeLo13S. “No rastro da Estela” é sua primeira obra de ficção em prosa. Mais informações no Instagram @queridajulieta.
Serviço
O quê: Lançamento do livro “No rastro de Estela”, da escritora Amanda Julieta
Quando: 15 de março (sábado), às 16h30
Onde: Casa do Benin – Rua Padre Agostinho Gomes, 17 – Pelourinho
Literatura
Atanael Barros apresenta seu segundo livro ‘Preto da Realeza’

O escritor e poeta de Água Fria, no centro-norte baiano, Atanael Barros de Oliveira, lança no dia 15 de março o livro ‘Preto da Realeza: Caminhos Poéticos para a Ancestralidade’. Com apenas 24 anos, esse é o segundo trabalho do autor, que em 2021 se tornou uma espécie de expoente literário, tendo sua obra de estreia como a primeira a ser impressa na sua cidade. O lançamento e sessão de autógrafos acontecerão no Prédio da Estação de Água Fria, a partir das 13h, com acesso livre.
Da editora Ogum’s Toques Negros, o livro reúne poesias autorais e as narrativas e histórias de Atanael Barros, que reflete sobre os impactos da existência do seu corpo preto na sociedade.
“Preto da Realeza surgiu de uma forma muito especial. O processo de desenvolvimento foi moroso: escrevia, apagava, analisava e chorava. Chorei ao escrever porque já me sonharam sendo bandido, mas nunca escritor. Hoje estou falando sobre caminhos através da minha literatura, para que pessoas pretas se sintam representadas e se tornem sujeitos ativos e capazes de transformar a sua própria realidade”, disse.

Foto: Raimundo Cavalhier
Representante da nova geração da literatura negra, o autor se inspira em intelectuais e pesquisadores da área, como Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro. Seu texto defende uma abordagem antirracista e contracolonialista como ferramentas de educação e enfrentamento do racismo estrutural.
“Eu sempre fui uma criança comunicativa, mas quando saí da zona rural para estudar no centro da cidade eu conheci o racismo e ele me atingiu com muita força. Foi aí que conheci a literatura negra e entendi a partir dela a importância da identidade. Comecei a utilizar minha escrita como letramento racial para reeducar e fortalecer outras crianças, jovens e adultos negros”.
Assim como no seu primeiro livro, “As Criações Poéticas de um Jovem Aguafriense”, Preto da Realeza é um convite para mergulhar nas dores e descobertas do eu lírico, que ao compartilhá-las, busca traduzir o sentimento comum de milhares de pessoas negras que sofrem com as violências cotidianas do preconceito racial.
“Eu recebo diversos relatos de crianças e adultos contando o quanto eles foram atingidos pelo racismo e como a minha arte tem servido de inspiração para fortalecer a sua afroestima, identidade e tantas outras coisas. Essa é a resposta que a arte cura e salva”, contou.
Com o projeto do seu terceiro livro engavetado, Atanael se dedica agora em promover seu trabalho atual em Feiras e Festivais, além de agenda de palestras. Em setembro, o escritor será homenageado na 1ª edição do Festival Literário do Sertão Baiano – FLISB, em Água Fria.
Sobre Atanael Barros
Natural de Água Fria, Bahia, o escritor Atanael Barros tem 24 anos e escreve desde os 14. Graduando em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), o autor de contos e poesias negras lançou seu primeiro livro em 2021. “As Criações Poéticas de Um Jovem Aguafriense” tornou-se, assim, a primeira obra literária impressa da sua cidade natal. Em 2025, lança seu segundo trabalho “Preto da Realeza: Caminhos Poéticos para a Ancestralidade, pela editora Ogum’s Toques Negros. Os interessados em adquirir o livro deverão entrar em contato com o autor por meio das redes sociais: @atanael_barros.
Serviço
O quê: Lançamento do livro Preto da Realeza: Caminhos Poéticos para a Ancestralidade
Onde: Prédio da Estação, Barra, Água Fria/BA
Quando: 15 de março de 2025
Horário: a partir das 13h
Entrada: gratuita