Savannah Lima, cantora e compositora soteropolitana, faz o pré-lançamento do clipe “Odara” em evento exclusivo para convidados, dia 9 de outubro, no Vale do Dendê, Pelourinho. Os presentes poderão conferir o trabalho em primeira mão e assistirão ao pocket-show de Savannah com o músico e arranjador da canção, o guitarrista e violonista Rudnei Monteiro. A noite será marcada pela presença de toda a equipe envolvida na criação e execução do projeto, além dos convidados para esta ocasião especial. A música autoral fala de tradição, memória e afetividade e o lançamento oficial ao público será no dia 12 de outubro, no Youtube.

Um dos destaques da noite será a exposição dos figurinos usados no videoclipe, assinados pela renomada estilista Madá Negrif, que vestiu as atrizes Negra Jhô, Cicinha Alcântara, que é criança, e a própria Savannah Lima, estrelas do videoclipe. As peças, cuidadosamente criadas para refletir a identidade da obra, estarão expostas, na noite que promete ainda homenagens surpresas. Com a produção e realização da Tabuleiro Sonoro Produções, o pré-lançamento de “Odara” celebra a cultura e a força da arte local, num encontro que une música, audiovisual, moda e poesia.

Negra Jhô e Cicinha Alcântara | Foto: Heder Novaes

Tradição, memória e afetividade

Em “Odara”, Negra Jhô representa a ancestralidade, a resistência e a afetividade; Savannah Lima representa o momento presente; e a menina Cicinha Alcântara o presente e o futuro. ““Odara” é uma canção dedicada a uma criança negra com o mesmo nome, mas que também pode representar qualquer outra criança que cresce, ou cresceu, em famílias negras que mantiveram seus costumes e tradições em suas comunidades.

A música traz na melodia a rítmica da capoeira como elemento chave. No arranjo também se encontra o sotaque musical característico das regiões do vasto nordeste do Brasil, lembrando a sonoridade presente em rodas de viola e de samba de roda. Suave e acolhedora como o colo de uma mãe, “Odara” transmite paz e tranquilidade, como as canções de ninar”, declara a artista.

No clipe da música “Odara” o clima emana da leveza e da ludicidade presentes na infância de uma criança negra de origem humilde que encontra no seu dia a dia, aproveitando os espaços e modos culturais com os quais têm relação, a forma para criar e desenvolver o seu universo de criatividade e subjetividade. Assim, árvores, troncos, pedras, água, animais, sombras, sons, cantos, danças e ritmos, ou qualquer outra coisa que possa ser lida por ela como possibilidade de expressar a sua imaginação, são elementos presentes no vídeoclipe.

Por essa razão, foram escolhidas como cenário para as gravações as ruínas da primeira igreja do município de Vera Cruz , na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos. A Igreja do Nosso Senhor de Vera Cruz, construída em 1560, é a terceira mais antiga no país. Este monumento, mesmo tendo sido construído por jesuítas, carrega em suas ruínas a simbiose entre as paredes que restaram da Igreja e a árvore gameleira, que é um símbolo sagrado para o povo de Candomblé.

Esta árvore vive há mais de trezentos anos no local e representa Iroko, o Orixá que é o próprio tempo e ancestralidade. O culto a Ele feito aos pés da gameleira é realizado pelo povo de santo há muito tempo e este local é por si só uma representação de resistência da crença dos povos negros que viveram naquela região.

Foto: Heder Novaes

Savannah Lima 

Cantora, compositora, atriz, poetisa e apresentadora, Savannah Lima é uma multiartista negra, nascida em Salvador, que transforma letras em canções desde os 12 anos, com uma voz que transita entre potência e sensibilidade ao mesmo tempo. Iniciou a carreira como banking-vocal, mas não demorou a ganhar destaque e ser convidada para integrar os vocais da Banda Percussiva Feminina Didá, grupo do pelo Mestre Neguinho do Samba. o criador do ritmo Samba-reggae.

Na sua trajetória de 20 anos de carreira, Savannah Lima dividiu o palco com artistas consagrados como Margareth Menezes, Cadinhos Brown, llê Aiyê, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Arlindo Cruz. Também cantou com nomes da nova geração como Majur, Bia Ferreira e a banda instrumental baiana Panteras Negras. Idealizou, dirigiu e produziu o show “Oferendas”, exaltando a natureza, os Orixás e fortalecendo a luta no combate à intolerância religiosa, realizando apresentações em Salvador e São Paulo. Em 2023 e 2024 lançou sua primeira música autoral com um videoclipe oficial, a canção ‘Orixa”.

Também realizou o primeiro desfile do retorno do Bloco Baile Black, no Circuito Mestre Bimba e o show “Soul Samba-Reggae”, contemplado no edital Carnaval do Pelô. Nos festejos juninos fez show no Pelourinho homenageando os sambas do Recôncavo e as Cirandas.

Como ativista  se apresentou no Seminário de Celebração do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, no Salão Nobre da Reitoria da Ufba, cantando o hino nacional e o hino da independência da Bahia; também na 6^a Conferência da Diáspora nas Américas, evento internacional, que contou com a presença de diversas lideranças e personalidades sociais, políticas e artísticas, a exemplo da Ministra da Cultura Margareth Menezes e a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco.

Em sua carreira como atriz formou-se na Oficina de Performance Negra do Bando de Teatro Olodum e atuou na peça Sortilégio II, com direção do premiado Ângelo Flávio e texto de Abdias do Nascimento. Viajou o Brasil com o espetáculo “Guerreiro”, do Circo Picolino. Atuou no filme ADA, da cineasta Rafaela Uchoa, e foi escolhida melhor atriz coadjuvante no Festival Palma Cine 2020. Como apresentadora fez a cobertura Oficial do Carnaval do Circuito Mestre Bimba no Nordeste de Amaralina, em 2020 e 2023. Em 2021 e apresentou a segunda edição do “Festival Panteras Negras Convida”, realizado no estúdio do llê Aiyê.

A realização do videoclipe de “Odara” é um projeto contemplado no edital Paulo Gustavo Bahia, promovido pela Secult-BA e Governo Federal.