Teatro
‘Dandara na Terra dos Palmares’ aborda racismo na Fliquinha

O espetáculo “Dandara na Terra dos Palmares” abriu, nesta sexta-feira (18), o segundo dia de atividades do Espaço Fliquinha, no auditório da UFRB, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (Cahl), em Cachoeira, ao som dos aplausos e de um coro “Vem, Dandara!” de mais de 300 crianças, de 7 a 11 anos.
Sob olhares curiosos e atentos a cada diálogo e música cantada, as crianças acompanharam a história de uma garota de nome Dandara que sofre racismo na escola por conta do nome. O espetáculo infantojuvenil conta a jornada da menina, que ao beber um chá da avó, tem um encontro histórico com Dandara Guerreira.
Com uma abordagem criativa e divertida, e ao mesmo tempo profundo, passeando pela religiosidade, e exaltando a cultura negra de Salvador, o espetáculo envolveu crianças, adolescentes e professores que se divertiram muito com a performance do elenco formado por Denise Correia, Gilson Garcia, Leonardo Freitas, Diogo Lopes Filhos, Natalyne Santos e Iandra Góes.
De acordo com a atriz Denise Correia, que faz a Dandara histórica, a peça é uma obra antirracista que dialoga com crianças e adolescentes, e retrata o racismo estrutural, além de abordar o bullying sofrido nas escolas, de forma muito lúdica, com muita música e poesia.
“A partir daí, ela começa a ter uma retomada de consciência da sua história, da sua origem, do quanto o nome dela é bonito, do quanto a raiz ancestral, de toda a sua negritude é reconhecida através desse passeio que ela tem ao conhecer Dandara histórica”, explica a atriz.
Autor do texto que há dois está em cartaz e lota os teatros baianos, Antônio Marques revela que a montagem surgiu inicialmente como um texto adulto e que a adaptação para o público infantojuvenil foi inspirada na sua sobrinha Júlia, criança preta e que atualmente mora em Belo Horizonte. “Infelizmente ela vai passar por esse processo de preconceito, de racismo. Quando fiz o texto, pensei em Júlia, e em outras crianças que continuam passando por isso”.
O autor explica que o espetáculo é um rio que segue o seu curso livremente. “Nada foi pensado. E o curioso desse espetáculo também é o quanto ele atrai público adulto. Talvez porque quando éramos crianças não tínhamos essa representatividade. Não tínhamos atores negros fazendo personagens, contando a nossa história, e de uma forma bonita. A gente sempre está vendo o preto como empregado, como escravizado. Acho que esse é o grande barato do espetáculo, de a gente poder se ver em cena”, concluiu.
De criança pra criança – Ainda dentro da programação da Fliquinha, o público conheceu na manhã desta sexta-feira (18) o talento dos jovens autores Luiza Meireles, de 14 anos, e Rafael Andrade, 11 anos, que conversaram na roda literária “Cria Criança: autores desde a infância”, e que contou com mediação Juliana Medeiros.

Foto: Akin Akill
Num bate-papo descontraído, os dois autores mirins revelaram como começaram a escrever, as influências e inspirações, apresentaram suas obras mais recentes e falaram da importância de participarem dos espaços literários como uma forma de divulgação dos seus trabalhos.
Autor do livro “Viagem pelos prédios históricos de Feira de Santana com Rafael”, Rafael Andrade contou que tudo começou quando tinha por volta dos 8 anos e leu um livro paradidático da cidade que mora. Naquela época, ele lembra que passeava muito com os pais de bicicleta e que os prédios históricos chamavam sua atenção.
Rafael, que também é o ilustrador, pontua que a publicação é uma oportunidade das pessoas conhecerem a história dos prédios, visitarem e reconhecerem o patrimônio histórico de Feira de Santana, lembrando que a cidade já foi distrito de Cachoeira.
“Esse é o meu primeiro livro, mas já estou pensando em fazer mais um, porém ainda é segredo. O que eu posso dizer é que será sobre Feira de Santana. Adoro passear pelo centro da cidade com meus pais e isso é minha maior inspiração”, revela.
Na sua terceira edição, Luiza Meireles celebrou a presença de duas crianças ocupando um espaço na literatura e nas grandes festas literárias. “Decidi começar a escrever em 2018, quando o namorado de minha avó me perguntou o que eu queria ser quando crescer. Aí ele me falou que eu não precisava crescer para ser uma escritora, que eu poderia ser uma escritora mirim”.
Seguindo o conselho, Luiza pegou um caderno, um lápis e começou a escrever a própria história. “A partir daí, escrevi meu primeiro livro e não parei mais. Hoje tenho cinco livros publicados. Escrevo para crianças e eu falo muito das diferenças nos meus livros, porque todo mundo é diferente.
Ao ser perguntada sobre influenciar outros a começar a escrever, ela foi taxativa: “Se você quer ser um escritor ou uma escritora, você tem que ler muito. porque ler ajuda a criar, a ter uma memória melhor, além de permitir que você vivencie situações diferentes. Então, eu acho que você tem que ser um leitor, tipo, você tem que ler sempre”.
FLICA – Na edição 2024 da FLICA, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. A curadoria da FLICA é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, CEO da Fundação Hansen Bahia.
A 12ª FLICA é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo.
Teatro
Espetáculo “Um Fio para Liberdade” discute violência sexual infantil

“Um Fio para Liberdade” estreia neste domingo (25) no CineTeatro 2 de Julho, com sessões acessíveis e ações educativas dentro da campanha Maio Laranja. O espetáculo, escrito e dirigido por Robson Raycar, da Trupe 7.com, lança luz sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes, tema urgente e ainda silenciado em muitos lares brasileiros.
A peça conta a história de Lorena, adolescente vítima de abuso dentro da própria família, que encontra na arte um caminho de resistência e libertação. Embora ficcional, a narrativa se ancora em dados alarmantes. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, só na Bahia, entre janeiro e maio de 2024, houve uma média de 11 denúncias diárias de violência sexual infantil.
A atriz Ariele Pétala, que interpreta a protagonista, destaca a responsabilidade do papel.
“É delicado trazer à cena o que tantas crianças vivem a cada 24 horas. O espetáculo é um grito de socorro por aquelas que não conseguiram falar. É também um espaço de cura e denúncia”, afirma.
Além da violência sexual, a obra aborda como o fundamentalismo religioso e o machismo presente nas estruturas familiares podem contribuir para a perpetuação dos abusos. A personagem de Lorena entra em conflito com a própria mãe, que, guiada por valores conservadores, não reconhece a violência vivida pela filha.
“É uma obra sensível, com momentos de humor que ajudam a dar fôlego ao público, mas sem jamais desviar da gravidade do tema”, comenta o diretor Robson Raycar.
Com classificação indicativa a partir dos 12 anos, o espetáculo terá sessão com tradução em Libras, viabilizada pelo projeto Libra Mais. Um Fio para Liberdade tem texto e direção de Robson Raycar, atuação de Ariele Pétala, Renata Bastos, Marcos Lopes, Vinícius Souza, Raquel Bispo, Felipe Oliveira, Mikyleu, Maylla Rocha, Raiane Mendes e Jéssica Mendez, produção de Renata Bastos, assistência de direção de Raquel Bispo, operação técnica de Felipe Oliveira e identidade visual de Mikyleu, com realização da Trupe 7.com.
O espetáculo já havia sido apresentado em 2024 durante a mostra “Novembro das Artes Negras”, e retorna agora com novas cenas e elenco ampliado. A iniciativa faz parte da campanha Maio Laranja, voltada para a conscientização e combate à exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes.
Para denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, disque 100.
SERVIÇO
Espetáculo: Um Fio para Liberdade
Onde: CineTeatro 2 de Julho (Federação) e Colégio Central da Bahia (Nazaré)
Datas:
25/05 (domingo), às 17h – sessão gratuita e acessível em Libras
25/05 (domingo), às 19h – sessão paga
27/05 (terça-feira) – sessão para alunos do Colégio Central
Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
Venda antecipada: (71) 9 8765-0330 (Renata)
Venda presencial: 1h antes do espetáculo
Classificação: 12 anos
Espaço sujeito a lotação
Fotos: Diney Araújo
Teatro
Espetáculo “Meninas Contam a Independência” volta aos palcos

Neste final de semana, Salvador recebe a curta temporada do espetáculo infantojuvenil “Meninas Contam a Independência”, indicado ao Prêmio Bahia Aplaude 2025 na categoria de Melhor Espetáculo. As apresentações acontecem no Teatro SESI Rio Vermelho, neste sábado (17), às 16h, e no domingo (18), às 11h e 16h, com ingressos disponíveis na plataforma Sympla por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Com dramaturgia de Camila Guilera e Ana Luisa Fidalgo, e direção de Lara Couto, a montagem é um convite lúdico e potente à redescoberta das mulheres que marcaram a luta pela Independência do Brasil na Bahia. No palco, as atrizes Ana Luisa Fidalgo e Márcia Limma conduzem a história a partir de um jogo de tabuleiro, onde enfrentam desafios, enigmas e surpresas comandadas por Urânia Vanério, interpretada pela atriz mirim Marina Fidalgo, de apenas nove anos.
A peça dá vida a personagens históricas como Joana Angélica, Maria Felipa, Maria Quitéria e a própria Urânia Vanério, menina de dez anos que escrevia panfletos pela independência em 1823. Tudo isso com uma linguagem acessível, humor refinado e o objetivo claro de promover o conhecimento e o empoderamento das crianças, especialmente das meninas negras e nordestinas.
“Estamos muito felizes com a indicação ao Prêmio Bahia Aplaude e por reencontrar o público com uma história que emociona e educa. As crianças se reconhecem nas personagens, e isso é transformador”, afirma Ana Luisa Fidalgo, que também atua na peça.
A montagem é uma realização da grupA A Panacéia, formada exclusivamente por mulheres artistas, que desde 2008 desenvolvem espetáculos com foco na presença feminina na História e nas artes cênicas. No repertório, criações como “EU PAGU”, “Filipa” e “200+1 – As Heroínas da Independência” reforçam esse compromisso artístico e político.
A apresentação faz parte da programação da Mostra Prêmio Bahia Aplaude, que ao longo de maio exibe os espetáculos finalistas da 30ª edição da maior premiação do teatro baiano.
SERVIÇO
Espetáculo: Meninas Contam a Independência
Data: Sábado (17), às 16h | Domingo (18), às 11h e 16h
Local: Teatro SESI Rio Vermelho
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Venda: Sympla
Realização: A Panacéia
Instagram: @apanaceia
Teatro
“Candomblé da Barroquinha” integra Mostra Bahia Aplaude com curta temporada

Depois do sucesso de público e crítica na temporada de estreia, o espetáculo Candomblé da Barroquinha retorna aos palcos em uma curtíssima temporada dentro da Mostra Prêmio Bahia Aplaude 2025. As apresentações acontecem de 23 a 25 de maio no Espaço Cultural da Barroquinha. Os ingressos já estão à venda na plataforma Sympla, com valores populares: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Dirigida por Thiago Romero e escrita por Daniel Arcades, a montagem presta homenagem ao Candomblé Ketu — a maior nação do Candomblé no Brasil — e propõe uma experiência imersiva no universo religioso e cultural afro-baiano. A trama acompanha Marcelina, uma jovem abian que, ao longo de um dia decisivo, mergulha nas raízes de sua comunidade e descobre seu papel na preservação da herança espiritual que lhe foi transmitida.
No palco, nomes como Nitorê Akadã — Yalorixá do Ilê Axé Egbe Omi N’lá —, Fernanda Silva, Larissa Libório, Shirlei Silva, Antonio Marcelo e Diogo Teixeira dão vida ao cotidiano do fictício Terreiro da Barroquinha. Entre oferendas, cantigas e o cuidado com a ancestralidade, o espetáculo traça paralelos entre o passado e o presente da tradição religiosa afro-brasileira.
A peça estreou em janeiro de 2025 com sessões esgotadas e foi indicada em quatro categorias na 30ª edição do Prêmio Bahia Aplaude: Espetáculo Adulto, Direção, Texto e Categoria Especial.
“Recebemos com muita felicidade as indicações, e integrar a Mostra é uma oportunidade valiosa de dar vida novamente ao espetáculo, num tempo tão difícil para manter nossas criações em temporada”, afirma o diretor Thiago Romero.
A Mostra Prêmio Bahia Aplaude, que acontece ao longo de maio, oferece ao público de Salvador a chance de rever os espetáculos finalistas da principal premiação teatral da Bahia, tanto em apresentações presenciais quanto virtuais.
SERVIÇO
Espetáculo: Candomblé da Barroquinha
Quando: 23 e 24 de maio (sexta e sábado), às 19h | 25 de maio (domingo), às 16h
Onde: Espaço Cultural da Barroquinha – Rua do Couro, s/n, Barroquinha, Salvador
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) – à venda no Sympla
Classificação: 14 anos
Realização: Dan Território (danterritorio.com.br)
Informações: @danterritorio
Foto: Caio Lirio