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Formação

Em Cajazeiras, projeto Escrevivências Afro-Baianas reafirma potencial literário de jovens

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Em sua segunda edição, o projeto “Escrevivências Afro-Baianas” deixa claro que não existem limites literários para narrativas antirracistas para além da crença religiosa, orientação sexual ou classe social. Nascido no bairro de Cajazeiras, em Salvador, mais especificamente no Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia (CEEB), o projeto é idealizado pelas professoras Jucy Silva, Hilma Cerqueira e Liliane Vasconcelos, integrando o Projeto Pedagógico da unidade, e é criado como base para uma educação antirracista voltada para a diversidade. O “Escrevivências Afro-Baianas” nasceu durante a pandemia da Covid-19, em 2020, quando a gestão escolar estava em regime de sistema remoto.

A partir das aulas de Língua Portuguesa e Inglesa, percebeu-se que os estudantes estavam escrevendo muito durante o processo pandêmico. Diante disso, com o auxílio para bolsistas PIBID da Universidade Católica do Salvador (UCSAL), foram criadas oficinas de leitura e escrita. Em 2021, baseadas nessa experiência, as professoras escreveram um projeto de fomento à leitura e à escrita para os estudantes, submetendo-o ao Edital Jorge Conceição, por meio da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Em 2024, este edital é renomeado como Edital Makota Valdina.

escrevivências

“O projeto instituiu a leitura de livros como, por exemplo, ” Olhos D’água”, da escritora mineira Conceição Evaristo, que criou o conceito de “escrevivências” que defendemos em nossas atividades durante a execução anual do projeto”, afirmou a professora Jucy Silva.

Após a execução pioneira do projeto, levando os estudantes para equipamentos culturais como museus e feiras literárias, o projeto Escrevivências Afro-Baianas foi contemplado novamente no edital, em vigência. Nessa trajetória de sucesso no fomento à literatura e escrita, foi concebido o primeiro livro resultado da iniciativa, homônimo ao projeto, em 2023. Na obra, 22 jovens do CEEB têm textos publicados, contando com o apoio da Editora Dikebrada, que auxiliou quanto à organização e ilustração do designer Tássio Vasconcelos, ambos do bairro de Cajazeiras.

Com o sucesso do livro, a segunda edição (prevista para lançar em março de 2025) já segue ampliada, com a escrita de 32 jovens, previsto para ser lançado ainda no final deste ano de 2024. Participam do projeto estudantes das três séries do Ensino Médio do CEEB, numa faixa etária de 15 a 17 anos, sendo que alguns deles já estudam em Universidades públicas e privadas da Bahia.

Alessandra Cruz é uma delas. Moradora do bairro de Nova Brasília e atualmente cursando o 7º semestre de Letras Vernáculas da UCSAL, foi partindo desse lugar, estudante de escola pública, bolsista pós ENEM, aprovada no Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, que ela conheceu o projeto “Escrevivências Afro-Baianas”. Aqui ela passou a integrar o grupo de pessoas que fazem parte do núcleo de atividades antirracistas.

“Eu e mais duas colegas de docência criamos um projeto aqui dentro das vivências do “Escrevivências”, no CEEB, com base no livro “Angola Janga”, do escritor Marcelo D’ Salete, um romance ilustrado que conta a história do Quilombo dos Palmares. O livro foi apresentado durante o Encontro Nacional de Licenciaturas (ENALIC), no qual nosso artigo foi aprovado e publicado, tomando como base também a correlação da rotina diária no bairro de Cajazeiras em 2023”, conta Alessandra.

As alunas Emili, Judi e Evelin Fernanda também fazem parte do projeto desde a sua construção, ainda na pandemia, e reafirmam que mesmo com a finalização do Ensino Médio, o projeto Escrevivências deixou aprendizado para a vida toda. O que vale, segundo elas, tanto na perspectiva de futuro como escritoras, como nas vivências em equipamentos culturais como feiras literárias, museus e salas de cinema em Salvador.

“A sensação de empatia com as meninas que são daqui do projeto Escrevivências e já publicaram seus textos na primeira edição do livro me deixa animada e eufórica. É aquela sensação de que eu também posso escrever, eu consigo”, afirmou Judi, aluna cristã, negra e moradora de Cajazeiras IV, que completou sua fala dizendo: “A partir do Escrevivências Afro-Baianas, consegui romper com a ilusão de que Jesus era um homem branco e consegui escrever sobre afetos, e sobre o amor sem desmerecer ninguém. Meu desejo é que as pessoas possam se sentir acolhidas com as narrativas de amor através do texto”, disse.

“Assim como na primeira edição do livro, em 2023, minha expectativa em 2024 é que seja incrível. Fomos despertadas para questões raciais, femininas e agora estou em contato com a natureza e com o cotidiano, quero escrever mais sobre isso. Não só ficar no poema, quero escrever histórias”, vibrou a já escritora infantojuvenil, Evelin Fernanda.

Para Emili, a perspectiva é focar em coisas para além da natureza e do cotidiano de uma jovem em Salvador. A narrativa dela nessa segunda edição está voltada para assuntos internos dos sentimentos humanos na rotina diária corrida na cidade. “A poesia trata muito de aspectos exteriores, mas também é importante tratar dos desafios dos sentimentos que não são ditos publicamente”, enfatiza.

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Parcerias & Intercâmbios

A fotógrafa premiada Amanda Tropicana, nascida no Rio de Janeiro, mas moradora na Bahia há 20 anos, tem atuação com culturas afro-brasileiras, e está executando o projeto “Foto – Diáspora” no Colégio. Um projeto de pesquisa fotográfica sobre os intercâmbios culturais entre a Bahia e os continentes africanos.

Recém chegada de Moçambique, a fotógrafa escolheu o Colégio Estadual Edvaldo Brandão para pôr o intercâmbio do projeto em prática, uma vez que já tem uma relação com as idealizadoras do Escrevivências. Temas como “Quem somos” e “Para onde desejamos ir” são alguns dos aspectos explorados pelas Oficinas e Rodas de Conversa do Projeto Escrevivências Afro-Baianas em 2024.

“Acredito no poder da Escola como um lugar de potencializar cada jovem que passa pelo CEEB. Não tinha como falar sobre História, Cultura Afro sem vir aqui, até pra que cada estudante possa também idealizar e seguir esse projeto que estou realizando”, explica Amanda.

“São muitas parcerias que vimos construindo aqui no CEEB a partir do Escrevivências, como por exemplo, a presença da Rainha do Congo em nossa unidade escolar, com a parceria do Afoxé Filhos do Congo, com o Instituto Odara, a Flipelô, a Festa Literária Arte e Identidade, a Festa Literária de Cajazeiras – Flicaj. Isso oxigena e dá voz aos jovens que fazem parte do nosso projeto desde 2020”, diz a professora Hilma Cerqueira.

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O Edital Makota Valdina foi criado para selecionar e premiar projetos escolares da rede estadual de ensino que demonstrem mérito, eficácia e sucesso na valorização da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena. É realizado em parceria entre a Secretaria Estadual da Educação (SEC) e a de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI). Todas as unidades escolares pertencentes aos 27 Núcleos Territoriais de Educação da Bahia podem se inscrever.

Tem interesse em acessar a primeira edição do livro? Clique AQUI.

Texto de Patrícia Bernardes Sousa, jornalista colaboradora do Portal Soteropreta, redatora e integrante de projetos de impacto social, letramento, educação e cultura.

Fotos: Patrícia Bernardes Sousa

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Projeto Encontros Negros recebe Djamila Ribeiro no Julho das Pretas

Jamile Menezes

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Djamila Ribeiro

A filósofa, escritora e ativista Djamila Ribeiro estará em Salvador no dia 25 de julho, às 18h, para uma roda de conversa gratuita na Biblioteca Central do Estado da Bahia, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A atividade integra a terceira edição do projeto Encontros Negros, realizado pela Umbu Comunicação & Cultura e que contará com mediação da jornalista baiana, Val Benvindo.

Em julho, Encontros Negros propõe uma escuta coletiva sobre os desafios históricos e atuais enfrentados pelas mulheres negras no Brasil e nas Américas, além de fortalecer as narrativas de resistência, ancestralidade e protagonismo feminino negro. A ação tem como objetivo reunir estudantes, educadores, artistas e o público em geral para refletir sobre os caminhos possíveis para uma sociedade mais antissexista e antirracista.

“Com muita honra e alegria, participarei do Encontros Negros em Salvador no 25 de Julho, celebrando a força e a sabedoria das mulheres negras da América Latina e do Caribe”, destaca a professora Djamila Ribeiro, uma das principais vozes do pensamento negro contemporâneo e autora de livros como Lugar de Fala, Quem tem medo do feminismo negro? e Pequeno Manual Antirracista.

Reconhecida internacionalmente, Djamila também atua como colunista, pesquisadora e consultora em temas ligados à justiça social, com forte influência nos campos da educação, cultura e políticas públicas. Encontros Negros Especial 25 de julho conta com apoio do Governo do Estado da Bahia, através das Secretarias de Educação (SEC) e de Cultura (SecultBa)- através da Fundação Pedro Calmon, e também conta com a parceria do Portal Soteropreta, da Livraria LDM e da Imagem Digital. As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas gratuitamente pela plataforma Sympla.

Inauguração – O Encontro será realizado na Biblioteca Central, um dos espaços públicos mais importantes, referência em promoção de conhecimento, leitura e cultura. Na data, a escritora Djamila Ribeiro também participará da inauguração de um novo espaço dedicado ao fortalecimento das políticas públicas de incentivo à leitura e a dinamização da cadeia produtiva do livro: a Sala Mestres e Mestras da Palavra. O espaço é localizado na Bicentenária Biblioteca, equipamento da Fundação Pedro Calmon (FPC/SecultBA).

A Sala Mestres e Mestras da Palavra é um espaço que tem como objetivo principal, proporcionar à comunidade literária e artística da Bahia, recursos estruturais e tecnológicos. Ela também agrega à política de fomento ao livro, leitura e produção cultural, consolidando esse local na criação, divulgação, promoção da literatura e espaço de referência para os escritores e produtores da arte.

De acordo com o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Sandro Magalhães, a Sala Mestres e Mestras da Palavra será um espaço de valorização e cuidado com as escritoras e os escritores baianos. “Incentivar a literatura baiana é essencial para consolidar uma política do livro e da leitura no nosso estado, fortalecendo quem dá vida às palavras e inspira a construção de uma sociedade mais leitora, crítica e sensível.” Ele ainda destaca que “será um grande momento inaugurar esse espaço no Dia Nacional do Escritor e Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, recebendo Djamila Ribeiro, uma das grandes referências da literatura brasileira contemporânea, cuja escrita ecoa vozes, lutas e esperanças”.

O Encontros Negros é um projeto contínuo da Umbu Comunicação & Cultura que, desde sua criação, se propõe a criar espaços de articulação a partir de marcos simbólicos da luta antirracista, oferecendo rodas de conversa, oficinas, conferências e ações culturais que valorizam a cultura afro-brasileira e o pensamento negro. Esta é a terceira vez que a Bahia recebe o projeto, que visa fortalecer a identidade e a conscientização racial da população negra, destacando narrativas positivas e emancipadoras. Na edição passada, o encontro trouxe as vozes de nomes como Elisa Lucinda, Pierre Onassis, Tiago Banha, Quito Ribeiro, Ryane Leão, Nina Santos, Igor DSN, Edilene Alves, Livia Natalia e André Santana.

 

SERVIÇO

Evento: Encontros Negros – Especial 25 de Julho com Djamila Ribeiro

Data: 25 de julho de 2025 (quinta-feira)
Horário: 18h
Local: Biblioteca Central do Estado da Bahia – Salvador/BA

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Instituto Quilombo GBESA abre inscrições para pré-vestibular gratuito para estudantes negros

Iasmim Moreira

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pré-vestibular

Estão prorrogadas até o próximo dia 29 de junho as inscrições para o curso pré-vestibular do Instituto Quilombo GBESA (IQG), que chega à sua 6ª edição com foco em estudantes negros, egressos da rede pública de ensino e em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A formação é gratuita e será ofertada nas modalidades presencial e online. Os interessados devem acessar o site quilomboeducacionalgbesa.com.br para conferir o regulamento e preencher o formulário de inscrição.

Com aulas híbridas e uma abordagem afroperspectivada, o cursinho busca não apenas preparar para o Enem e vestibulares, mas também fortalecer identidades negras e oferecer suporte integral ao estudante. Para a modalidade presencial, serão disponibilizadas 40 bolsas mensais no valor de R$ 200 como auxílio permanência. Já na versão online, serão oferecidas 100 vagas sem bolsa. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 21h, além de aulões aos sábados.

A formação contempla disciplinas exigidas nos principais exames de acesso ao ensino superior, mas vai além do conteúdo tradicional, incluindo debates sobre relações étnico-raciais, vivências culturais, atividades artísticas e acompanhamento psicossocial. Após o período de provas, os estudantes também recebem suporte para inscrição em programas como SISU, Prouni e Fies.

A grande novidade da edição de 2025 é a entrada do Instituto na Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), uma iniciativa do Ministério da Educação que visa ampliar o acesso ao ensino superior para grupos historicamente marginalizados. A partir dessa integração, o IQG passa a contar com maior apoio para ações em escolas públicas e para a permanência dos alunos, reforçando sua atuação territorial e digital.

Sobre o Instituto Quilombo GBESA

Criado em 2020 por um coletivo de educadores, psicólogos, comunicadores e agentes culturais negros, o Instituto Quilombo GBESA é uma organização sem fins lucrativos que promove a educação antirracista e a valorização das identidades negras, alinhando sua atuação às Leis 10.639/03 e 11.645/08.

Além do pré-vestibular, o IQG mantém projetos como o Quilombo Doutor, voltado à formação de pessoas negras interessadas em ingressar na pós-graduação, e o Ajeum Literário, que utiliza a arte como ferramenta para debater relações étnico-raciais e de gênero.

Serviço

Pré-vestibular 2025 – Instituto Quilombo GBESA
Inscrições prorrogadas até 29 de junho de 2025
Modalidade: Presencial e Online | Gratuito
Local (presencial): Colégio Estadual Euricles de Matos – Rio Vermelho, Salvador/BA
Mais informações: www.quilomboeducacionalgbesa.com.br
Redes sociais: @quilomboeducacionalgbesa

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MOVER oferece 15 mil bolsas para curso de inglês para profissionais negros

Iasmim Moreira

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MOVER

O MOVER (Movimento pela Equidade Racial) abriu as inscrições para a nova edição do Mover Hello, programa gratuito de capacitação em inglês voltado exclusivamente a pessoas negras. Serão disponibilizadas 15 mil bolsas integrais para um curso 100% online, com duração de seis meses e foco no inglês técnico, acadêmico e de negócios. As inscrições seguem até o dia 24 de junho e podem ser realizadas pela plataforma Mover Talentos.

Em 2025, o MOVER irá conceder um total de 34 mil bolsas afirmativas para cursos de inglês, contemplando colaboradores das 53 empresas associadas e o público em geral. A iniciativa faz parte dos esforços do movimento para enfrentar desigualdades raciais estruturais, promovendo qualificação profissional e maior inclusão no mercado de trabalho.

“A falta de fluência em inglês já me fez perder muitas oportunidades. Em uma seleção, ouvi de uma recrutadora que eu tinha todas as competências para a vaga, mas o idioma ainda era uma barreira”, relata Daniel Costa de Souza, ex-participante do programa.

Cada participante recebe um plano de estudos individualizado, com base em seu nível de proficiência e objetivos pessoais. O curso abrange mais de 16 níveis de fluência, com conteúdos voltados ao inglês geral, técnico e para negócios.

Segundo Fernando Soares, gerente de projetos do MOVER, o programa já tem impactado positivamente a trajetória de milhares de profissionais negros. “O Mover Hello nasceu para democratizar o acesso ao inglês, hoje uma competência essencial no mercado de trabalho. Ver pessoas que antes viam o idioma como algo distante conquistando certificados e se sentindo capazes é transformador”, afirma.

Sobre o Movimento pela Equidade Racial

O Movimento pela Equidade Racial (MOVER) é uma associação sem fins lucrativos que reúne 53 empresas com o objetivo de promover a equidade racial por meio da formação, empregabilidade e inovação inclusiva. Mais informações estão disponíveis no site www.somosmover.org e nas redes sociais oficiais do movimento (Instagram | LinkedIn | YouTube).

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