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44ª Noite da Beleza Negra elege Lorena Bispo como Deusa do Ébano 2025

A Senzala do Barro Preto, no Curuzu, bairro homenageado durante a 44ª Noite da Beleza Negra com o tema “O Curuzu é o mundo: e a porta de entrada é a percussão”, ficou absolutamente lotada no último sábado (15), todos aguardando o tão esperado anúncio da Deusa do Ébano 2025. Com uma vasta programação, assinada pelo diretor artístico Ridson Reis, as 15 finalistas ao título brilharam em suas apresentações, mas o destaque maior foi para a última a se revelar no palco: Lorena Xavier. A plateia veio abaixo. Gritos de “já ganhou!” ecoaram do público, surpreendendo até a própria candidata. “Isso me surpreendeu demais. Quando vi aquele mar de gente gritando, tomei um barravento ali, mas entendi que a nossa energia contagia as pessoas, e elas são inundadas pela nossa dança. Eu realmente não acreditei que tinha tanta gente gritando por mim, isso me marcou muito”. Minutos depois, Lorena foi eleita a Rainha do Ébano 2025.

Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
Lorena desceu a rampa ao som da canção Ilê Original, arrepiando a torcida com uma coreografia contagiante. Ela levou o título de princesa na Noite da Beleza Negra do ano passado e anunciou: “Quando eu voltar, vou brocando”. Moradora do bairro de Itapuã, tem 22 anos, é influenciadora, dançarina e escritora. Possui mais de 30 mil seguidores em suas redes sociais (@rainhalorebispo). A Deusa do Ébano 2024, Larissa Valéria, passou o manto para a nova rainha, emocionando os presentes. Com seu manto de realeza, ela vibra com a missão de conduzir milhares de negras e negros durante o Carnaval cinquentenário do bloco afro mais antigo do Brasil, daqui há duas semanas. “Esse troféu não é um status, é um espaço poderoso de transformação, e eu quero perpetuar meu reinado de um jeito que reverbere na história de outras tantas pessoas, estimulando mais mulheres a ocupar esse cargo com sabedoria.”

Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
Além da escolha da rainha, as Princesas do Ébano também foram anunciadas. A psicóloga Tainã Santana Vieira, 31 anos, moradora da Lapinha, foi eleita Princesa do Ébano em segundo lugar, e a arte-educadora Stéphanie Ingrid Souza, 23 anos, moradora do bairro da Santa Cruz, conquistou o terceiro lugar e reinará como princesa do Ilê Aiyê no Carnaval 2025. “Concorrer a Deusa do Ébano sempre foi, para mim, uma missão social — um símbolo de visibilidade para outras mulheres negras da comunidade. Mas, depois de ter minha filha, esse propósito ganhou um novo significado. Quero que ela cresça fortalecida em sua identidade de criança e mulher negra, e encontrei nesse concurso uma ferramenta poderosa para isso. Hoje, ela é a minha inspiração, e eu quero ser essa referência viva para ela — um espelho de empoderamento e beleza negra, algo essencial para nossas crianças”, comentou a vice, Tainã Vieira.

Jennifer Nascimento e Cris Vianna | Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
Para Stéphanie, que concorreu pela segunda vez, o Ilê Aiyê é uma grande escola de transformação. “Desde pequena, os tambores do Ilê ecoavam sobre o meu corpo e me encantavam. Eu olhava para a Deusa no trio e sonhava: ‘Imagine eu ali em cima!’. Hoje, esse sonho se tornou realidade, e chegar ao pódio é uma vitória incrível porque esse lugar é o nosso por direito ancestral. Carregar esse título é uma grande responsabilidade. Para quem sonha, eu digo: não desistam. O caminho pode ser árduo, mas somos fortes, somos pretas, empoderadas, malassombradas — e tudo que for para ser nosso chega até nós”, comemorou. O espetáculo contou com vários momentos especiais, a exemplo da interpretação da canção Fé, de Iza, pelas atrizes Jennifer Nascimento e Cris Vianna.

Larissa Luz | Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
A cantora Larissa Luz fez uma performance cantando Tututu e Meu Sexo junto com a orquestra Aguidavi do Jêje, narrando a história de resistência do Ilê Aiyê em meio a lutas raciais e sociais, exaltando a percussão como símbolo de liberdade. “Da última vez que estive aqui fazendo algum trabalho foi um filme, Beleza da Noite, onde interpreto uma participante do concurso. Eu fiquei com essa memória no meu corpo, na minha vivência, e quando cheguei aqui revivi tudo que me fez adentrar esse mundo quando participei do filme e tudo que envolve a Noite da Beleza Negra dentro da nossa construção de identidade, dentro do nosso fortalecimento de identidade, de personalidade, das nossas raízes, e isso me emociona muito. Eu sou muito grata ao Ilê por tudo. Acho que todas as mulheres negras daqui, de Salvador, em algum lugar, mesmo que não saibam, têm um pouco de rainha do Ilê, então eu me sinto muito honrada de poder fazer parte da festa”, declarou Larissa. A cantora Rachel Reis foi a atração musical convidada do evento, fazendo o show de encerramento.

Rachel Reis | Foto: Estúdio Casa de Mainha | Fabrício Rocha
Um dos momentos mais esperados e especiais da noite foi a homenagem à figurinista do Ilê Aiyê, Dete Lima, que desde 1974 transforma tecidos e amarrações em símbolos da beleza e sofisticação do bloco. A atriz Denise Correia convidou para uma viagem no tempo pela história da Ekedi mais velha do terreiro Acé Jitolu, enquanto um desfile de deusas de reinados anteriores celebrou a história contada pelas mãos da artista.

Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
“Com este desfile, celebramos a vida de uma mulher que faz arte, ciência, psicologia e muito mais. Ela veste as deusas, veste as pessoas, veste os corpos, mas, acima disso, veste o pensamento, veste a alma, veste a autoestima. Se o Ilê Aiyê é o mais belos dos belos, tudo passa pelas mãos dela. Mãos cheias de poder, mãos que traçam caminhos, que apontam o horizonte, que moldam futuros, mãos cheias de talento. No Quênia começou a jornada da vida. E aqui no Ilê Aiyê, a memória nunca é esquecida. E nós agradecemos a Mãe Dete por nos contar essa história”, destacou a artista.

Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
A apresentadora Val Benvindo entregou a Mãe Dete o troféu: “É com muita emoção que reverenciamos Dete Lima, minha dinda, por todos esses anos de Beleza Negra. É a senhora que nos torna mais belas, mais empoderadas e mais representantes de nós mesmas. Em nome de todos aqui hoje, neste Ilê, pedimos sua bênção e te reverenciamos com esse troféu”. Ainda tornaram a noite inesquecível com suas atuações marcantes no palco a anfitriã Band’Aiyê, o coletivo Afrobapho, a personagem Koanza como apresentadora-surpresa — ao lado de Arany Santana, Val Benvindo e Sandro Teles. A Banda Didá recepcionou o público, abrindo alas para a tão aguardada noite.

Banda Didá | Foto: Estúdio Casa de Mainha | André Frutuoso
Texto de cobertura de Ana Paula Nobre, jornalista e repórter do Portal Soteropreta
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Barro Mulher: Solo cênico biográfico é inspirado na orixá Nanã

A atriz e coreógrafa baiana, Fabíola Nansurê, lança seu mais novo monólogo “Barro Mulher”, das vivências como uma mulher negra e inspirada na poética da orixá Nanã. O espetáculo estreia dia 12 de março em Alagoinhas, no Ilê Axé Oyá L’adê Inan, com duas sessões abertas ao público, às 15h e às 19h30, e abre temporada em Salvador do dia 14 a 30 de março (todas as sextas, sábados e domingos), na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, sempre às 20h.
A obra cênica-biográfica atravessa arte e ancestralidade para contar uma história de renascimento. Inspirada na poética da Yabá Nanã, senhora do tempo, da vida, da morte e da sabedoria, o espetáculo acompanha a jornada de uma mulher que se refaz e se fortalece a partir da memória e da relação com sua Yalorixá, dentro do terreiro de Candomblé.
O espetáculo é criado, dirigido e coreografado por Fabíola Nansurê, tem direção musical e trilha de Jarbas Bittencourt, e é inspirado na concepção poética do Teatro Preto de Candomblé, cunhado pela encenadora Onisajé, que também assina a consultoria de encenação e dramaturgia. O figurino é de Anthea Xavier; cenografia, adereços e maquiagem de Agamenon de Abreu; iluminação de Nando Zâmbia; produção de Luiz Antônio Sena Jr. e mediação de Silara Aguiar.

Foto: Joan Souza
“Eu fui formada artisticamente dentro de um terreiro de candomblé. A obra é um mergulho sensível na minha vivência, que, ao me confirmar como Ajoiê, iniciei um processo de escrita intitulado CANDOMBLESIA, que transformou meus Escritos de Runcó – espaço sagrado de recolhimento para iniciação no candomblé – em poesia cênica. Depois dei corpo, voz e música nessa obra artística que fala de renascimento e resistência”, afirma Fabíola.
Na encenação, corpo, voz e música se entrelaçam, conduzindo o público por um rito de celebração e pertencimento. A figura de Nanã se torna guia e inspiração para essa travessia, revelando, em cada gesto e em cada som, as camadas de uma história marcada pelo feminino, pelo sagrado e pela potência do barro que molda e ressignifica.
“Mais do que um espetáculo teatral, Barro Mulher é um chamado ao encontro, à escuta e ao reconhecimento da força ancestral feminina que ecoa através do tempo”, conclui a atriz.
Os ingressos para a temporada em Salvador custam R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia). Estudantes e pessoas de terreiro podem assistir o espetáculo gratuitamente, entrando em contato através do e-mail espetaculobarromulher@gmail.com ou do whatsapp 71 98390-7308. Acompanhe em @barromulher.espetaculo | @nansureatriz.
Nas apresentações de sábado, haverá de tradução em libras e, em seguida, o público poderá participar de rodas de conversa com a atriz Fabíola Nansurê. A atriz irá compartilhar questões relativas ao processo de criação, que envolve desde as questões cênicas até os contextos de formação como ajoiê. Em Alagoinhas também haverá tradução em libras e uma roda de conversa.
O espetáculo “Barro Mulher” é uma realização do Oyá L’adê Inan Ponto de Cultura, com produção assinada pela DA GENTE Produções. Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
O quê: Espetáculo “Barro Mulher”- um solo de Fabíola Nansurê
Alagoinhas – Ilê Axé Oyá L’adê Inan
Duas sessões: às 15h e às 19h30
Entrada gratuita
Salvador – Sala do Coro TCA
De 14 a 30 de março (sexta a domingo)
Horário: 20h
Ingressos: R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia)
OBS: Aos sábados tradução em libras, seguido de roda de conversa
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Vai ter Bloco Aspiral do Reggae e Pipoca do Reggae no Campo Grande

O público que curte reggae terá muitas opções para passar o Carnaval. Em mais uma folia, a produtora cultural e ativista do Movimento Reggae na Bahia, Jussara Santana, coloca no circuito Campo Grande o Bloco Aspiral do Reggae, em seu 16º ano, e a Pipoca do Reggae. Ambas as iniciativas vão arrastar uma multidão de regueiros e regueiras fiéis ao gênero musical nascido na Jamaica e tão popular em Salvador.
Os 7km de desfile do Bloco será na segunda-feira de Carnaval, dia 3 de março, com saída a partir das 20h30, do largo dos Aflitos – Campo Grande, e abadás já estão sendo vendidos a valores sociais na Casa Cultural Reggae (Pelourinho), onde nasceu o Bloco.

Foto: Lucas Malkut
Este ano, a homenagem será feita a um dos fundadores do grupo Jamaicano “Culture”, formado nos anos 70, década de ouro do reggae. Em toda sua carreira, Joseph Hill gravou cerca de 31 álbuns até o seu falecimento em 2006. Adorador do movimento Rastafari, Hill se consolidou como uma das maiores vozes e pilares do reggae e do movimento no mundo.
Com um trio elétrico, o bloco terá apresentações de Kamaphew Tawa e Banda Aspiral do Reggae, DJ Ras Peu, além da presença feminina com Kelly Matos e Fabiana Rasta, fortalecendo a participação das mulheres no gênero. Abadás podem ser adquiridos até o dia 2 de março na Casa Cultural Reggae (Rua do Passo – N.17 Santo Antônio).
Os mesmos estão sendo vendidos a valores sociais R$ 35 (individual) | R$50 (casadinha). Interessados também podem colaborar com a doação de 2k de alimentos e uma lata de leite, que serão encaminhados a famílias do bairro.

Foto: Lucas Malkut
Pipoca do Reggae
Outra iniciativa de Jussara Santana é a Pipoca do Reggae, mais um projeto para garantir a visibilidade de novos talentos e fortalecimento das ações sócio-políticas e culturais do Movimento Reggae em Salvador e no interior do estado.
A Pipoca, já no segundo Carnaval, vai sair no sábado dia 1º de março, às 21h30. Em seu segundo ano, a iniciativa enaltece essa produção artística do Reggae, e terá participação do veterano Kamaphew Tawa e Banda Aspiral do Reggae, Dj Ras Peu, Fabiana Rasta e Kelly Matos. A Pipoca vai se unir às tradicionais no circuito, levando regueiros sem cordas pelas ruas do Centro.
Serviço
O quê: Bloco Aspiral do Reggae e Pipoca do Reggae na Avenida
Quando: Bloco (segunda-feira, 3 de março, 20h30), Pipoca do Reggae de Carnaval (01/03/25), a partir das 21h30
Onde: Largo dos Aflitos – Campo Grande
Quanto: Bloco (R$35 individual | R$ 50 casadinha), Pipoca (gratuito)
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Palco do Reggae apresenta mais de 30 atrações no Pelourinho

São quatro anos de Palco do Reggae no Carnaval de Salvador, e este ano o evento acontece de 28 de fevereiro a 4 de março, na Praça Jubiabá (Casa Cultural Reggae – Pelourinho), aberto aos amantes do reggae. A iniciativa é voltada para foliões regueiros que não são beneficiados na festa com um ponto de encontro musical do gênero.
Para fortalecer o Movimento Reggae em Salvador, a programação será diversa, com 21 bandas, cinco djs e quatro sound system, buscando dar visibilidade a grupos novos e já conhecidos da cena do reggae em Salvador, como DJ Ras Peu, Zimbabwe Roots, Tikão e Banda Santuaryo, Jô Kallado e Kamaphew Tawá & Banda Aspiral do Reggae, dentre outros.
Serão cinco dias seguidos de festa, resultado de uma construção coletiva de artistas, produtores e agentes da cadeia produtiva da cultura reggae em Salvador. As primeiras edições aconteceram em 2020, 2023 e 2024. E o projeto cresce a cada ano. Em 2025, estão previstas mais de 30 atrações, com início às 17h30 até à meia-noite, diariamente.
O Palco do Reggae tem patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Sufotur).

Foto: Divulgação
Confira a programação
Sexta – 28/02/25
17:30 – Dj Ras Péu
18:10 – Nollasko
19:50 – Cativeiro
20:40 – Kamaphew Tawá e B. Aspiral do Reggae
21:20 – Ital Crew
22:00 – Zimbabwe Roots
22:40 – Dj Ras Péu
Sábado – 01/03 /25
17:30 – Dj Tau
18:10 – Brasa Acesa
19:50 – Vivi Akwaba
20:40 – Tikão e Banda Santuaryo
21:20 – Reinaldo Formigão e Banda Misturekaya
22:00 – Jô Kallado – soundsystem
22:40 – Q’BANA som de Praia
Domingo 02/03/25
17:30 – Dj Junior Vibz
18:10 – Chocolate e Banda Bola de Fogo
19:50 – Luis Cardoso e Banda Celebration
20:40 – Defensores da Natureza
21:20 – Jahca Man e Banda Os Conscientes
22:00 – Adilson Alves e Banda Dom de Jah
22:40 – Gelfyah – soundsystem
Segunda – 03/03/25
17:30 – Dj Maicon Rasta
18:10 – Libu do Reggae
19:50 – André Marques
20:40 – Seguidores Roots
21:20 – Bruno Natty
22:00 – Ras Mateus
Terça – 04/03/25
17:30 – Dj Ras Seles
18:10 – Mukambu
19:50 – Futuro do Reggae
20:40 – Adaiton Poesia Banda MisturAfro
21:30 – Denison Doria – soundsystem
22:10- Jahdson Mc – soundsystem
Veja vídeo do Ital Crew aqui