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Literatura

Escritora Amanda Julieta lança “No rastro de Estela” na Casa do Benin

Ana Paula Nobre

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Foto: Ana Reis

A premiada pesquisadora e escritora, Amanda Julieta, lança no próximo dia 15 de março (sábado), na Casa do Benin, às 16h30, a sua primeira obra de ficção em prosa “No rastro de Estela”, uma fabulação poética que traz a história de Estela, uma mulher negra e lésbica, que viveu parte da vida internada em um hospital psiquiátrico de Salvador, no início do século 20.

A obra sai pela ParaLeLo13S, editora da livraria Boto-cor-de-rosa. O lançamento contará com um bate-papo com acessibilidade em Libras sobre literatura e memórias de mulheres negras, com a participação de Rosinês Duarte, crítica textual e professora de letras vernáculas da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A partir de uma conversa ouvida por acaso na infância e da descoberta de documentos que revelam pistas da história de sua tia-avó, a narradora – jovem soteropolitana ansiosa para fazer sentido das histórias não contadas da sua família e da cidade – busca reconstituir a memória de Estela, em um texto que tece prosa e poesia, misturando vozes, atravessando fronteiras oníricas e nos levando para lugares históricos e situações possíveis.

“Como recontar aquilo que já foi contado, mas com as palavras erradas e pelas pessoas erradas? Que linguagem poderia dar conta do absurdo, transformando a violência em alguma coisa outra, evocando para o papel as vozes postas em silêncio? (…) Muitas mulheres e homens como tia Estela. Muitos nomes que permanecem soterrados nos porões da memória”. As palavras citadas evidenciam a necessidade de contar “era uma vez outra história e depois outra e depois outras. Todas um pouco diferentes. Todas mais ou menos iguais”. Esse é um dos trechos do livro.

Foto: Ana Reis

A Fabulação e a Vida

Com um enredo que aborda questões como o amor entre mulheres, o racismo, a lesbofobia e o apagamento das histórias de pessoas negras no Brasil, No rastro de Estela é uma obra que lança novos olhares sobre o passado e o presente. “A ficção é uma forma potente de dar conta do vazio, das lacunas e dos silêncios fabricados pela história oficial, principalmente para nós, pessoas negras, e para os povos que sofreram processos de colonização”, realça Amanda Julieta, que é mestra e doutoranda em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia, onde desenvolve pesquisa sobre a poesia e a performance de mulheres negras na literatura marginal/periférica

Se abebê é instrumento para reconhecer o que se vê, “No rastro de Estela” é um espaço literário que irá atravessar leitores de muitas formas. Amanda Julieta conta que o livro “diz de mim e da minha família, diz de qualquer pessoa ou família negra no Brasil – porque nós somos parte de uma história em constante construção. Ainda há muito o que ser dito sobre o nosso presente, passado e futuro. E a ficção, para mim, é uma tentativa de entender esse real a partir de uma ferramenta outra, friccionando, dentre outras coisas, a fabulação e a vida”.

Amanda Julieta escreve “Eu não poderia dizer ao certo como tudo aquilo começou, porque rastros são pedaços de uma memória inexata, caminhos de história que perseguimos com insistência, mas que requerem pés macios, peças de um quebra-cabeças que, com a habilidade de um detetive do tempo, tentamos montar”. Mais a frente, como veredito, arremata “mesmo que você apague um papel com toda a sua força a marca do que foi escrito continua lá”.

Em “No rastro de Estela”, Amanda Julieta, que também é jornalista, busca fabular histórias através das memórias do que se sabe sobre Estela e ainda fabular, em escrita rebelde e ousada, num misto de prosa com muita poesia. “Quantas Estelas e quantas outras pessoas semelhantes a ela podem ter existido no Brasil sem que suas histórias chegassem ao nosso conhecimento? Essa pergunta é importante para pensarmos no apagamento não só das histórias dos corpos pretos e LGBTQIAPN+, mas também no apagamento desses corpos, que sofreram e sofrem diferentes violências simbólicas e materiais ao longo da história deste país”, exclama a escritora.

Entretanto, Amanda Julieta gostaria que “esse pequeno retrato de muitas histórias não contadas fosse um livro não sobre a violência, mas precisamente sobre a potência dessas vidas que tentaram apagar”. Em determinado momento do livro, ela descreve: “O problema de perseguir o passado é que sempre esbarramos na possibilidade da ferida, mas apenas olhando novamente para aquilo que foi e para aquilo que poderia ter sido é que poderemos vislumbrar as vidas para além da dor”.

Estela também lutou contra o controle e a captura, viveu radicalmente o amor, foi feliz. Porque as existências de corpos diferentes e um tanto iguais ao dela não se reduzem à violência, ainda que ela seja uma realidade dolorosa. Corpos que resistem ao longo do tempo, que criam outras formas de viver e, assim como Estela, não se deixam capturar. Pois, “O Olhos nos Olha, mas não pode nos ver”.

Vale destacar que, no lançamento ocorrerá distribuição gratuita de exemplares. “No rastro de Estela” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.

Escrita Preta

Amanda Julieta (1991, São Paulo) é escritora, jornalista e pesquisadora literária que há muito tempo constrói sua trajetória acadêmica, artística e de vida na cidade de Salvador. É autora dos livros “Dandara” (infantojuvenil, 2021 – ganhador do Prêmio Pretas Potências, 2023) e “Tem poeta na casa? – Mulheres negras, poetry slam e insurgências” (ensaio literário, 2023 – vencedor do II lugar na categoria ensaio literário – Prêmio Mário de Andrade do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2024), ambos publicados pelo selo editorial ParaLeLo13S. “No rastro da Estela” é sua primeira obra de ficção em prosa. Mais informações no Instagram @queridajulieta.

Serviço

O quê: Lançamento do livro “No rastro de Estela”, da escritora Amanda Julieta
Quando: 15 de março (sábado), às 16h30
Onde: Casa do Benin – Rua Padre Agostinho Gomes, 17 – Pelourinho

Literatura

“Conto Aqui, Conto Ali” abre convocatória para autores infantis de Salvador

Iasmim Moreira

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infantis

Estão abertas, até o dia 22 de junho, as inscrições para a convocatória do projeto “Conto Aqui, Conto Ali”, que irá selecionar três livros infantis de autores nascidos ou residentes em Salvador. As obras escolhidas servirão de base para apresentações cênicas em formato de contações de histórias, voltadas ao público infantojuvenil da Península Itapagipana.

Idealizado pelo produtor cultural Bergson Nunes e realizado pela DA GENTE Produções, o projeto busca democratizar o acesso à literatura e à arte para crianças e adolescentes, especialmente da Cidade Baixa. Escritores interessados devem preencher o formulário disponível no link https://forms.gle/rrLSqQVM1cwtzZVW7, também acessível pelo perfil @contoaquicontoali no Instagram.

“É uma forma de acolher, encantar e formar. Acreditamos que cultura e educação andam juntas na afirmação de identidade e fortalecimento dos territórios”, afirma Bergson, que nasceu e foi criado na Vila Ruy Barbosa.

Podem participar autores com obras em formato de conto voltadas ao público infantil. A seleção será feita por uma comissão formada por profissionais das áreas de literatura, artes cênicas e educação com atuação na infância, e levará em conta critérios como criatividade, relevância artístico-cultural e adequação ao público. Os três escritores selecionados receberão R$ 1.500,00 pela cessão de direitos autorais e participação em uma das apresentações.

As contações acontecerão gratuitamente em diversos espaços da Cidade Baixa entre agosto e setembro de 2025, incluindo escolas, hospitais, bibliotecas e centros culturais. Além das apresentações, haverá bate-papo com a equipe e sessões com tradução em Libras. As instituições participantes receberão exemplares das obras selecionadas em doação.

O projeto foi contemplado pelo edital Territórios Criativos – Ano II, com recursos da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador, e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), via Ministério da Cultura.

SERVIÇO
O quê: Convocatória de escritores para o projeto “Conto Aqui, Conto Ali”
Inscrições: De 09 a 22 de junho de 2025
Formulário: https://forms.gle/rrLSqQVM1cwtzZVW7
Mais informações: @contoaquicontoali no Instagram ou pelo e-mail dagente.prod@gmail.com

Foto: Silara Aguiar

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Literatura

Lucas de Matos participa da Feira do Livro de Maputo, em Moçambique

Iasmim Moreira

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Lucas de Matos

O escritor e comunicador baiano Lucas de Matos será um dos representantes brasileiros na Feira do Livro de Maputo, que acontece nos dias 16 e 17 de junho, em Moçambique. Integrando o projeto “Escrita Viajante e as Diversidades Culturais Diaspóricas”, promovido pelo Coletivo Flipeba, o autor participará de painéis, lançamentos literários e um sarau poético no Instituto Guimarães Rosa (IGR).

Autor dos livros Preto Ozado e Antes que o Mar Silencie, Lucas faz sua primeira viagem internacional com um significado especial: “É simbólico que seja para o continente africano”, afirma. Ele já havia participado anteriormente de atividades virtuais com Angola e Moçambique.

A programação do autor começa no dia 16 de junho com a apresentação do livro Confissões de Viajante (Sem Grana), da escritora Manoela Ramos, às 15h. No mesmo dia, às 18h, Lucas participa do painel coletivo “Legado dos Festivais Literários – Conexão Bahia/Maputo”, refletindo sobre os laços culturais entre os dois territórios.

No dia seguinte, 17 de junho, ele comanda o Sarau Poético, às 15h, onde apresenta textos próprios e também poemas de escritoras moçambicanas como Paulina Chiziane e Noémia de Sousa. O encerramento de sua participação ocorre na “Festa O Pente”, evento promovido pelo agitador cultural Uran Rodrigues, com recital do autor.

Além das atividades literárias, Lucas também atua como comunicador na cobertura da participação da escritora Manoela Ramos na Feira, ao lado de Uran Rodrigues. A curadora da Festa Literária de Boipeba (Flipeba) integra a comitiva do projeto, que busca fomentar a leitura e a produção literária com base nas experiências de viagem e conexões com a diáspora africana.

“É uma alegria poder contribuir para a difusão de iniciativas literárias por meio da comunicação. Faremos uma cobertura com todos os detalhes dessa imersão”, destaca Lucas.

O quê: Participação do escritor Lucas de Matos na Feira do Livro de Maputo – Projeto “Escrita Viajante e as Diversidades Culturais Diaspóricas”

Quando: 16 e 17 de junho de 2025

Onde: Instituto Guimarães Rosa (IGR) – Maputo, Moçambique

Programação principal:

  • 16/06, 15h – Apresentação do lançamento do livro Confissões de Viajante (Sem Grana), de Manoela Ramos

  • 16/06, 18h – Painel “Legado dos Festivais Literários – Conexão Bahia/Maputo”

  • 17/06, 15h – Sarau Poético com Lucas de Matos e poesias moçambicanas

  • Encerramento na “Festa O Pente”, com recital do autor

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Literatura

Meg Heloise lança livro ‘Na Beira’ no Museu de Arte da Bahia

Iasmim Moreira

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Meg Heloise

A escritora e pesquisadora Meg Heloise lança no próximo dia 13 de junho seu primeiro livro solo de poesias, Na Beira, publicado pela Editora Segundo Selo. A obra reúne 45 poemas que atravessam memórias, afetos e vivências de uma mulher negra em constante processo de resistência e reinvenção. O lançamento acontece às 19h, no Museu de Arte da Bahia (MAB), com sessão de autógrafos e presença da autora.

A coletânea marca a estreia de Meg como autora solo, após participações em antologias nacionais e internacionais. A pré-venda do livro já está disponível e segue até o dia 11 de junho, ao valor de R$ 40.

Na Beira é onde estou. À margem da sociedade, à margem de mim mesma, buscando compreender a minha trajetória, minha ancestralidade e os afetos que me atravessam. Escrevo para me manter viva, para não naufragar”, diz a autora, que é doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e também atua como curadora da Festa Literária de Aratuípe (FLITA), no Recôncavo baiano.

A obra tem prefácio assinado pela escritora Luciany Aparecida e orelha de Silvana Carvalho, e propõe uma travessia poética sensível e potente sobre ser mulher, negra e nordestina. Com textos escritos entre 2017 e 2024, a publicação nasceu do desejo antigo de reunir anotações que há anos habitavam blocos e cadernos. “Em 2020, comecei a organizar os poemas, mas só agora pude dar corpo a esse sonho, que foi sendo adiado pelas múltiplas tarefas e demandas da vida acadêmica e profissional”, conta Meg.

Natural de Nazaré, no Recôncavo baiano, a escritora começou a escrever ainda na infância, incentivada pela mãe e por professores da rede pública. Desde 2021, tem atuado nos bastidores da cena educacional e cultural, especialmente na formação de professores e na assessoria técnica da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).

Inspirada por autoras como Conceição Evaristo, Lívia Natália, Calila das Mercês, Maya Angelou e Luciany Aparecida, Meg acredita na escrita como ferramenta de resistência, reconhecimento e prazer. “A escrita é uma possibilidade de existência. Quando escrevo, acolho a menina que fui e digo a ela: a escrita é possível, é necessária.”

Mais do que uma conquista individual, a publicação de Na Beira reflete o fortalecimento de um movimento maior: a democratização do acesso ao livro e à leitura, especialmente nos interiores. “Tenho acompanhado esse processo de interiorização das festas literárias e de formação de novos leitores e escritores. A leitura não deve ser uma prática mecânica, e sim uma descoberta prazerosa. Em minha memória, ler sempre esteve associado ao afeto, ao prazer, à liberdade”, afirma a autora.

SERVIÇO
O quê: Lançamento do livro Na Beira, de Meg Heloise
Quando: 13 de junho (quinta-feira), às 19h
Onde: Museu de Arte da Bahia (MAB) – Salvador
Quanto: R$ 40,00
Instagram @meg_heloise

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