Teatro
Teatro Sesc-Senac Pelourinho recebe espetáculo “FURACÃO”

Morar em um país atingido por um fenômeno meteorológico de grande proporção, capaz de isolar totalmente comunidades, abandonadas por dias pelo poder público. Esse é o tema do espetáculo “FURACÃO”, baseado na obra homônima do francês Laurent Gaudé e dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt, em curta temporada no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, que ocorrerá de 27 a 29 de março, com sessões de quinta a sábado, às 19h, e na sexta-feira tem sessão extra às 15h. Veja teaser aqui.
“O cacau vai cair”. Esta é uma expressão muito utilizada na Bahia para chamar a atenção que vem fortes chuvas. É um alerta principalmente para que comunidades periféricas e pessoas em situação de vulnerabilidade social possam se resguardar. Os riscos: deslizamentos, municípios e bairros inundados, boca de lobos entupidas, famílias desabrigadas – muitas delas, negras, comunidades quilombolas isoladas, entre outros transtornos.
Esses são alguns dos agravos causados por questões ambientais somadas à falta de ações dos poderes públicos nas áreas de saneamento básico, esgotamento sanitário, iluminação, calçamento e demais outras necessidades importantes para comunidades periféricas, grande parte delas ocupadas por pessoas pretas. É o que podemos chamar de racismo ambiental.

Foto: Renato Mangolin
Katrina – 20 anos
“Furacão” apresenta Joséphine Linc Steelson, “uma velha negra de quase cem anos”, moradora de Nova Orleans, que enfrenta sozinha a fúria do Katrina, furacão que há 20 anos devastou o sul dos Estados Unidos (2005). Uma mulher marcada pela segregação racial cuja voz ecoa como um grito na cidade inundada e abandonada a própria sorte.
A obra reflete sobre questões climáticas, racismo ambiental e retorno à ancestralidade alcançando questões éticas complexas: para aqueles que não se lembram, antes do Katrina atingir os EUA, os moradores dos bairros ricos de Nova Orleans, ocupados principalmente por pessoas brancas, foram desocupados enquanto os bairros periféricos e a sua comunidade preta, ficaram largados à própria sorte.
No espetáculo, teatro e música compõem um ato único. A riquíssima cultura musical negra estadunidense (em particular, o blues) é a referência para a criação de uma linguagem cênica híbrida: o espetáculo apoia-se tanto no teatro como na música para instaurar a cena ritual e cerimonial que caracteriza os trabalhos do Amok.
Josephine é uma espécie de griô norte-americana – alertando para a situação dos excluídos diante das catástrofes climáticas que devastam o planeta. O espetáculo segue a trajetória desta mulher cuja história poderia ser também a história de tantas outras mulheres brasileiras.
No elenco de FURACÃO, estão em cena as atrizes Sirlea Aleixo, a atriz e cantora Taty Aleixo – mãe e filha, na vida real – e os músicos Anderson Ribeiro e Rudá Brauns. Sirleia integrou o processo formativo que abriu o projeto “Trilogia da África” do Amok Teatro – que abrange, além de “Furacão”, as obras “Salina – A última vértebra” (2015) e “Os cadernos de Kindzu” (2016).
Ocupação Ancestral
Crítico e político, “Furacão” estreou em agosto de 2023 no Rio de Janeiro. Inédita em Salvador, a peça da premiada companhia carioca, além das sessões no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, será apresentada gratuitamente em dois Quilombos – Alto do Tororó (25) e Dandá (30), sessões que receberão também os quilombos São Thomé e Tubarão; e Macacos e Pitanga dos Palmares, respectivamente.
O espetáculo fala sobre resistência de um povo, que chegou forçosamente em terras americanas. A ambientação cênica é inspirada no Preservation Hall, espaço de resistência e preservação da música e cultura de Nova Orleans, considerado um “templo do Jazz” . A música desempenha em “Furacão” um papel central na narrativa.
Oficinas
Além das apresentações de “FURACÃO”, o projeto irá promover uma oficina gratuita voltada a profissionais, estudantes e coletivos teatrais, destacando a importância do intercâmbio artístico e ações educativas. Em Salvador, a oficina “Treinamento-Improvisação” será ministrada pela diretora Ana Teixeira, nos dias 28 e 29 de março, dentro das dependências da Escola de Teatro, da Universidade Federal da Bahia (ETUFBA), integrando a Semana Pedagógica da Instituição. As inscrições podem ser feitas através de formulário disponível no perfil @amokteatrorj.
Espaços ancestrais da cultura negra brasileira, os Quilombos Alto de Tororó e do Dandá receberão a oficina “Olelê – Brincando Bantu”, ministrada pelo músico, pesquisador e arte-educador Fábio Mukanya, que através da transmissão oral crianças, jovens e adolescentes aprenderão brincadeiras tradicionais dos povos de Angola, Moçambique e Congo, além de criarem brinquedos como o pião de cabaça, bonecos de manipulação e instrumentos musicais.
AMOK TEATRO: formação e teatro político-social
O Amok Teatro é um grupo carioca de teatro de pesquisa com 27 anos de trajetória, dirigido por Ana Teixeira e Stephane Brodt desde sua fundação em 1998. O grupo é reconhecido pela crítica e pelo público, tendo recebido diversos prêmios, e é considerado uma das companhias mais prestigiadas da cena carioca contemporânea, com grande reconhecimento internacional. O trabalho do Amok Teatro se caracteriza pela pesquisa contínua sobre a arte do ator e as linguagens da cena, buscando rigor formal e intensidade. Os projetos do grupo exploram diferentes caminhos de pesquisa cênica e treinamento para o ator, dialogando com diversas tradições e culturas. Os espetáculos abordam temas contemporâneos e questões fundamentais de nossa época, sempre com uma linguagem poética e a cena como espaço cerimonial.
Serviço
O quê: Espetáculo FURACÃO, uma obra da Trilogia da África, do Amok Teatro
Quando: 27, 28 e 29 de março de 2025 – quinta e sábado, às 20h, e sexta, sessões às 15h e 19h
Onde: Teatro Sesc-Senac Pelourinho – Largo do Pelourinho, 19 – Pelourinho
Ingressos: R$20 e R$10 (na bilheteria ou antecipados pela plataforma Sympla
Mais informações: @amokteatrorj
Duração: 70 minutos | Classificação: 12 anos
O quê: Oficina de “Treinamento-Improvisação”, para atores e estudantes de teatro
Quando: 28 e 29 de março, de 09h às 13h
Onde: Teatro Sesc–Senac Pelourinho
Inscrições: @amokteatrorj
Serviço – Ação nos Quilombos
Quilombo Alto do Tororó
Apresentação de “FURACÃO” – 25/03, terça –19h | acesso gratuito
+ oficina “Olelê – Brincando Bantu”, com Fabio Mukanya – 29/03, sábado – 14h
Quilombo do Dandá (Simões Filho)
Apresentação de “FURACÃO” – 30/03, domingo – 19h
+ oficina “Olelê – Brincando Bantu”, com Fabio Mukanya – 30/03, domingo – 14h
Teatro
Festival Estudantil de Artes Cênicas da Bahia recebe inscrições até 27 de julho

Estão abertas as inscrições para a 7ª edição do Festival Estudantil de Artes Cênicas da Bahia (FESTAC), que acontece entre os dias 8 e 14 de setembro, em Salvador. Realizado pelos coletivos COATO e COOXIA, o evento convida estudantes, professores e artistas de todo o Brasil e do exterior a inscreverem seus trabalhos até o dia 27 de julho. A edição deste ano traz como provocação o tema “Nada é definitivo”, propondo um olhar atento às transformações e incertezas que marcam o tempo presente.
Os interessados podem inscrever obras nas categorias Cenas Curtas e Espetáculos de Artes Cênicas (Mostra Oficial), em linguagens como teatro, dança, performance, circo e artes integradas. As criações devem ter sido desenvolvidas em ambiente estudantil — escolas do ensino básico, cursos livres, técnicos ou universidades. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas via formulário disponível no perfil do festival no Instagram (@festacbahia), onde também está publicado o edital de convocação.
Para participar, é necessário ser maior de 18 anos e estar formalmente vinculado a alguma instituição de ensino como estudante, professor ou técnico. Os proponentes devem ter representação por pessoa jurídica (como MEI), podendo inscrever quantas obras quiserem — mas apenas uma proposta por CNPJ será selecionada.
Reflexão e acolhimento às incertezas
Mais do que uma mostra de criações artísticas, o FESTAC se posiciona como espaço de formação, escuta e mobilização de jovens artistas. Nesta edição, o festival propõe uma reflexão crítica sobre a profissionalização precoce e os caminhos de vida muitas vezes impostos a jovens ainda no ensino médio. A ideia é acolher a incerteza como potência criadora, valorizando o direito à transformação, à escuta e à experimentação.
A curadoria vai selecionar dez espetáculos com duração mínima de 40 minutos e cinco cenas curtas, com duração entre 10 e 15 minutos. Estas últimas terão acompanhamento artístico de um diretor convidado. Serão priorizadas obras que dialoguem com o tema da transitoriedade, além de criações que abordem temas contemporâneos urgentes, como questões de gênero, raça, diversidade, intolerância e justiça social.
Os grupos selecionados — que serão anunciados até o dia 3 de agosto — receberão ajuda de custo para viabilizar sua participação, variando entre R$ 1.200 e R$ 2.500 no caso das cenas curtas e R$ 3.000 a R$ 5.000 para espetáculos, a depender do número de integrantes e da distância entre a cidade de origem e Salvador.
Formação, circulação e intercâmbio
Além da Mostra Oficial e das Cenas Curtas, o FESTAC 2025 inclui uma série de ações formativas e descentralizadas. Quatro residências artísticas serão realizadas em escolas públicas de Salvador, envolvendo crianças e adolescentes a partir de 7 anos. Já a Caravana FESTAC vai levar oficinas de produção, mediação e elementos técnicos da cena para jovens de quatro cidades do interior da Bahia: Lençóis, Jacobina, Feira de Santana e Euclides da Cunha. A partir dessas oficinas, serão selecionados 15 jovens para um estágio remunerado durante o festival.
Durante a semana do evento em Salvador, acontece ainda o III Encontro Nacional de Grupos de Teatro Estudantil, reunindo coletivos e educadores de diversas regiões do país para trocar experiências e debater temas ligados à arte e à educação.
Criado em 2015, o FESTAC se consolidou como um dos principais espaços dedicados às artes cênicas estudantis no Brasil. A iniciativa surgiu como resposta à ausência de um festival contínuo voltado à cena estudantil baiana, mesmo sendo o estado berço de cursos superiores de teatro e dança entre os mais antigos do país.
Comprometido com a diversidade de corpos, vozes e territórios, o festival mantém uma equipe majoritariamente composta por mulheres, pessoas negras, LGBTQIAPN+, profissionais do interior e estudantes em formação. Mais do que um festival, o FESTAC se define como uma plataforma de criação, formação e mobilização, fortalecendo a cultura estudantil como força transformadora da sociedade.
Para dúvidas e informações, o contato deve ser feito pelo e-mail falecomfestac@gmail.com.
Teatro
Espetáculo “Rosas Negras” tem apresentação única no Teatro Sesc Pelourinho

No próximo sábado, 5 de julho, o palco do Teatro Sesc Pelourinho, será novamente tomado pela força poética e política do espetáculo “Rosas Negras”, protagonizado pela atriz e coreógrafa Fabíola Nansurê. A apresentação única está marcada para as 19h30 e marca o retorno da obra à cena soteropolitana após a estreia do novo solo da artista, Barro Mulher.
Com dramaturgia de Onisajé, direção de Diana Ramos e direção musical assinada por Jarbas Bittencourt, “Rosas Negras” é um solo cênico-biográfico que se consolidou como um dos principais trabalhos do teatro negro contemporâneo da Bahia. O espetáculo nasceu do desejo de Fabíola em trazer à tona os desafios, conquistas e violências enfrentadas por mulheres negras em sua multiplicidade — sejam elas anônimas ou figuras públicas.
Fruto de uma pesquisa historiográfica e escuta sensível, a obra parte de entrevistas, relatos e vivências para construir uma narrativa plural, crítica e ritualística.
“A intenção vai além de se posicionar perante as dores da mulher preta, que são muitas. Nós celebramos a sua existência e abrimos um canal de diálogo através de um espetáculo crítico e diverso como são as nossas Rosas Negras”, afirma a artista.
A montagem foi criada dentro do projeto “NATAS EM SOLOS – Seis Olhares Sobre o Mundo”, e foi contemplada pelo Prêmio FUNARTE de Teatro Myriam Muniz (2015). Desde então, acumula prêmios e reconhecimentos, como Melhor Espetáculo e Melhor Dramaturgia no 2º Festival de Teatro Online em Tempo Real (RJ, 2021), indicação ao Prêmio Braskem de Teatro e a Premiação Artística Nacional Pretas Potências, da Casa Preta Hub, em 2023.
Serviço
Espetáculo: Rosas Negras
Data: Sábado, 5 de julho de 2025
Horário: 19h30
Local: Teatro Sesc Pelourinho – Salvador (BA)
Ingressos: R$ 20 (inteira) | R$ 10 (meia) | R$ 16 (credencial plena)
Classificação indicativa: 12 anos
Instagram: @rosasnegras.espetaculo
Foto: Maiana Oliveira
Teatro
Espetáculo “Golpes no Ventre” tem única apresentação no Sesc Pelourinho

A Sinuosa Companhia de Teatro realiza, no próximo dia 4 de julho (sexta-feira), uma única apresentação do espetáculo “Golpes no Ventre”, às 19h30, no Teatro SESC SENAC Pelourinho, em Salvador. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda pela plataforma Sympla e na bilheteria do teatro.
Estreado em 2019, o solo da atriz Jane Santa Cruz conta a história de Bárbara, uma mulher negra ainda em gestação, que precisa decidir sobre o próprio nascimento a partir das memórias compartilhadas por sua mãe — vivências marcadas por violências, lutas e ancestralidades. As vozes da mãe são interpretadas em off por duas potentes presenças: Zezé Motta e a Ialorixá Alda Vieira.
Com texto e direção de Fernando Santana, a peça utiliza a dança afro-brasileira e referências às divindades Iorubás — como Yansã, Exu e Oxum — para construir uma narrativa sensível e poética sobre os impactos do patriarcado e o legado das mulheres negras. “Golpes no Ventre” também é um chamado à memória e à escuta dos corpos femininos marcados historicamente pela violência, mas também pela potência criadora.
A apresentação integra a programação do mês de julho, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25/07), e reforça o compromisso da Sinuosa Companhia com uma arte autoral, comprometida com temáticas sociais e a valorização das culturas brasileiras e latino-americanas.
Celebrando cinco anos de trajetória, o espetáculo já passou por festivais no Brasil e no exterior e foi contemplado com o Prêmio das Artes Jorge Portugal – 2021. A produção é assinada por Jane Santa Cruz e Robinson Fernandes.
Serviço
Espetáculo: Golpes no Ventre
Data: 04 de julho de 2025 (sexta-feira)
Horário: 19h30
Local: Teatro SESC SENAC Pelourinho (Salvador – BA)
Ingressos: R$20 (inteira) | R$10 (meia)
Classificação: 14 anos
Vendas: Sympla e bilheteria do teatro
Fotos: Diney Araújo
-
Opinião9 anos atrás
“O incansável e sempre ativo pau grande e afetividade do homem negro” – Por Kauê Vieira
-
Literatura9 anos atrás
Davi Nunes e Bucala: uma literatura negra infantil feita para sentir e refletir
-
Literatura8 anos atrás
A lírica amorosa da poetisa Lívia Natália em “Dia bonito pra chover”! – Por Davi Nunes
-
Audiovisual2 anos atrás
Filme “Egúngún: a sabedoria ancestral da família Agboola” estreia no Cine Glauber Rocha
-
Formação6 anos atrás
Conheça cinco pensadores africanos contemporâneos que valem a pena
-
Cultura1 ano atrás
Orquestra Agbelas estreia em Salvador na festa de Iemanjá
-
Carnaval3 anos atrás
Bloco Olodum libera venda do primeiro lote de abadás com kit promocional
-
Música2 anos atrás
Olodum realiza Femadum 2023 no Pelourinho