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Artes

Fotógrafo baiano Tacun Lecy viaja à Nigéria, na África

Ana Paula Nobre

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Tacun Lecy [Autorretrato]
O fotógrafo baiano, Tacun Lecy, embarcou para a cidade de Òyó, na Nigéria, com o objetivo de realizar uma residência artística e cultural no território africano com o Povo de Sàngó. Convidado pelo Aláàfin Institution of Òyó para participar da cerimônia de coroação do Príncipe Abimbola Akeem Owoade I como novo Aláàfin Òyó (representante máximo da dinastia de Sàngó), o fotógrafo e pesquisador premiado deu início a uma campanha para arrecadar recursos e contribuir com a realização da residência.
A cultura e diáspora iorubanas, a partir do Império do Aláàfin Òyó e do culto ao orixá Sàngó são o caminho do fotógrafo, configurando um novo capítulo sua trajetória. Tacun Lecy dá continuidade a um trabalho iniciado em 2014, com a vinda da Comitiva Real do Aláàfin Òyó à Bahia. O projeto “Povo de Sàngó: Diáspora e Ancestralidade Iorubanas” busca identificar e compreender elementos matriciais e os diferentes aspectos das tradições iorubanas na África, analisando as suas conexões com o que encontramos enraizado na cultura baiana, pós-diáspora.

Oba Lamidi Olayiw (Aláàfin Òyó, falecido em 2022), Paula Gomes (Embaixadora Cultural de Òyó) e Tacun Lecy

A proposta foi contemplada pelo edital de Mobilidade Cultural da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBa), que garantiu recursos para custear passagens, hospedagem e alimentação. No entanto, para auxiliar nos custos da viagem, o fotógrafo lança uma campanha de financiamento colaborativo, que vai ajudar a cobrir outros custos, como documentação, deslocamentos na Nigéria, impressão de fotografias e outras despesas que não podem ser contempladas com o recurso do edital.
Uma forma de participar da campanha é através da Vakinha, contribuindo com qualquer valor. Também foi colocado à disposição de pessoas interessadas um catálogo com 59 fotografias no tamanho 30×20 cm, impressas em papel Studio, no valor de R$ 130,00. Quem contribuir, concorrerá a uma ampliação Fine Art no tamanho 60×40 cm. As fotografias que compõem o catálogo são, especialmente, do registro que o fotógrafo fez durante visita da Comitiva Real do Aláàfin Òyó à Bahia, além de outras imagens de temáticas variadas, que integram o acervo do artista.

Povo de Ṣàngó – Ayanbukola Adebayo, Ìyá Oladejo Adebisi e Yemi Ibuowo | Foto: Tacun Lacy

“Esse trabalho é um projeto de vida e de reconexão com a Terra-Mãe. Chegar ao continente africano, na terra de Xangô, que é o patrono da minha casa e maior representação do império iorubano, tem uma importância muito grande, não só pela pesquisa, mas por ser descendente de africanos e conviver com heranças dessa fonte. Poder pesquisar Xangô, não apenas pela perspectiva religiosa, mas pelas relações culturais que se estabeleceram nos dois lados do Atlântico, abre um portal para imensas possibilidades de se analisar e discutir a sua importância para o povo afro-brasileiro pelas perspectivas de outros olhares e novas narrativas”, destaca Tacun Lecy, que é Babalaxé do Terreiro Raiz de Ayrá, templo de candomblé registrado como patrimônio cultural da Bahia, localizado em São Félix, no Recôncavo Baiano.
Sobre Tacun Lecy
Filho de Erinlè e Oxum, nascido na Bahia, Tacun Lecy desenvolve pesquisas e documentações fotográficas sobre as culturas afro-brasileiras, com o eixo centrado nos Candomblés Jeje-Nagô do Recôncavo Baiano e nas Comunidades Remanescentes de Quilombos. Ao longo da sua trajetória como fotógrafo, iniciada em 2009, Tacun Lecy vem dialogando, registrando, escrevendo e contribuindo para a salvaguarda de memórias, saberes e fazeres ancestrais, propondo novas narrativas sobre tradições e culturas dos povos negros na Bahia, pela perspectiva do “olhar de dentro” de um indivíduo que pertence a esse contexto.

Povo de Ṣàngó – Ayanbukola Adebayo, Ìyá Oladejo Adebisi e Yemi Ibuowo | Foto: Tacun Lecy

Fotógrafo premiado e uma das principais referências da fotografia de candomblé no Brasil, Tacun Lecy é autor dos livros Ìyèfun: Farinha dos Humanos, Alimento dos Deuses (2015 Bahia/BRA) – fruto da exposição individual homônima – e Olhares sob a Pandemia (2020 Bahia/BRA). Sua obra fotográfica está presente em diversos projetos nacionais e internacionais, entre eles: Conversa Quilombola: Artesanato e Tradição do Quilombo de Campo Grande (2012 Bahia/BRA • livro); Fotografe o Brasil (2013 São Paulo/BRA • expo); Los Trabajos Y Los Días (2013 Medelin/COL • expo); Corpo-Imagem dos Terreiros (2014 Distrito Federal/BRA • expo/livro); Diáspora e Ancestralidade (2015 Bahia/BRA • livro) Axé Bahia: The Power of Art in an Afro-Brazilian Metropolis (2017-2018 Califórnia/EUA • expo/livro); 150 Fotos Pela Bahia: O Registro (2020 Bahia/BRA • expo), entre outros. Mais informações no website https://www.tacunlecy.com | https://www.instagram.com/tacunlecy
 

Artes

Artista soteropolitana Eva de Souza tem obra imortalizada na Suíça com bordado político “Zamambaia”

Iasmim Moreira

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Eva de Souza

A artista Eva de Souza, nascida em Salvador, acaba de conquistar um marco histórico em sua trajetória artística: sua obra têxtil “Zamambaia: a testemunha silenciosa” passa a integrar o arquivo público Cantonale, em Berna, na Suíça. A escolha se deu por meio de um processo de seleção rigoroso que visa preservar obras de relevância para as futuras gerações.

Radicada na Suíça há mais de 30 anos, Eva é suíço-brasileira, mas leva com orgulho suas raízes soteropolitanas, que marcam profundamente sua produção artística. Atriz, ativista e artista plástica, ela utiliza o bordado político como ferramenta de denúncia e elaboração artística, transformando linhas e tecidos em poderosos manifestos visuais.

Eva de Souza

Foto: Divulgação

A obra “Zamambaia” é um tributo à resistência diante das violências cotidianas, especialmente contra corpos negros e femininos. Com forte inspiração nas dores da humanidade, o bordado denuncia o racismo estrutural e a violência de Estado, ao mesmo tempo em que exalta a natureza como testemunha e força vital.

“Esse é o meu protesto contra as desumanidades, o esquecimento e o abandono. Zamambaia ilustra o racismo estrutural e a violência contra a mulher negra que perdura por gerações. A cada linha, um traço de pensamento e a construção de um desenho de ativismo”, afirma Eva.

Com formação em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eva também é mestre em Gestão Cultural pela Universidade de Basel, em Berlim, e tem especialização em Mediação e Conflito pela Universidade de Berna. Sua trajetória começou nos palcos e galerias de Salvador, expandindo-se para exposições na Alemanha, Suíça e outros países europeus.

Eva de Souza

Foto: Divulgação

A artista celebra o reconhecimento internacional como um passo simbólico para as vozes e narrativas vindas da diáspora.

“Me orgulho por representar o Brasil na Europa com trabalhos que contribuem para um cenário artístico plural e diverso. Agora, me consolidei não apenas como uma artista suíço-brasileira, mas como uma artista imortal”, destaca.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Eva de Souza, acesse seu portal oficial ou siga o perfil @evadesouzabluewin.ch nas redes sociais.

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Artes

Artista cabo-verdiana Daja Do Rosário promove oficina gratuita sobre corpo e memória

Iasmim Moreira

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Daja do Rosário

Salvador recebe entre os dias 10 e 18 de maio, a artista visual cabo-verdiana Daja Do Rosário para uma série de atividades que unem arte, ancestralidade e ecologia. A oficina principal, com o nome “Corpo – Indumentária / Transe”, será gratuita e tem vagas limitadas, acontecerá nos dias 14 e 15, das 14h às 17h, na Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA).

O projeto propõe uma vivência colaborativa que combina práticas ancestrais com arte contemporânea. Os participantes serão convidados a criar esculturas-indumentárias a partir de fibras vegetais, como a ráfia, explorando o corpo, a memória e os gestos como forma de escuta e reverência à ancestralidade africana.

A experiência é destinada a artistas afrodescendentes que atuam em diferentes linguagens: artes visuais, arte têxtil, dança, performance, literatura, música, práticas de cura, escultura, saberes culturais e educação. As inscrições são feitas exclusivamente online, através do FORMULÁRIO

Resultado da experiência coletiva

Durante a imersão, 15 participantes em cada instituição desenvolverão peças únicas, simbólicas e pessoais, que ao final serão reunidas em uma grande escultura coletiva — um “corpo-fractal” que preserva as individualidades e promove um campo comum de diálogo e pertencimento. Além da inscrição, os participantes são incentivados a levar fibras e tecidos naturais que possam ser incorporados à criação.

Sobre Daja do Rosário

Daja Do Rosário é uma artista visual cabo-verdiana que utiliza sua obra para afirmar sua identidade como mulher afrodescendente. Crescida no sul da França, distante de suas raízes culturais, ela transforma sua trajetória pessoal em uma narrativa coletiva sobre as diásporas africanas. Através de autorretratos e esculturas com materiais reaproveitados — como ráfia, sacos, búzios e tecidos —, Daja combina tradição e contemporaneidade, criando composições que recontam histórias apagadas da África e reivindicam uma identidade plural, ancestral e politizada.

Daja do Rosário

Foto: Divulgação

 

SERVIÇO: 

O que: Oficina “Corpo – Indumentária / Transe”, com Daja do Rosário

Quando: 14 e 15, das 14h às 17h;

Onde: Casa do Benin e no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BA);

Valor: Gratuito;

Inscrições: através do FORMULÁRIO.

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Artes

CAIXA Cultural recebe exposição em homenagem a Jayme Fygura

Iasmim Moreira

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Jayme Fygura

A CAIXA Cultural Salvador abre ao público, a partir desta terça-feira (15), a exposição póstuma Jayme Fygura: De Corpo e Alma, que presta tributo ao artista plástico, poeta e performer Jayme Fygura, um dos nomes mais emblemáticos da cena cultural soteropolitana. A abertura oficial acontece na noite do dia 15, às 19h. A visitação segue até 6 de julho, de terça a domingo, das 9h às 17h30, com entrada gratuita.

A mostra é realizada pela Ernesto Bitencourt Galeria de Arte e tem curadoria do artista e pesquisador Danillo Barata. No espaço expositivo, o público poderá conhecer 32 pinturas em acrílico sobre tela e 23 objetos emblemáticos — entre esculturas em ferro, cabeças, falos de Exu, manuscritos e figurinos usados em performances do artista.

Jayme Figura

Foto: Daniel Lisboa

Também integram a exposição projeções audiovisuais e o documentário Sarcófago, dirigido por Daniel Lisboa, que mergulha no universo criativo de Fygura. Outro destaque é a exibição inédita de um show performático do artista, registrado pelo mesmo cineasta, além de recursos sonoros produzidos pelo próprio Jayme, como sua característica caixa de som.

“Suas esculturas, máscaras e pinturas exploram o corpo como território da violência e da reinvenção”, afirma o curador Danillo Barata. “Ao utilizar materiais reciclados e detritos urbanos, Jayme subverte a precariedade em potência criativa, tensionando a percepção do corpo negro e das estruturas de poder.”

A paleta de cores predominante nas obras — com tons de dourado, vermelho e azul — remete à simbologia das religiões de matriz africana, em especial aos orixás Obaluaiê e Exu, referências recorrentes no trabalho do artista.

Para o colecionador Ernesto Bitencourt, responsável pela preservação da obra de Fygura, a mostra é um reconhecimento da importância do artista para a arte contemporânea brasileira. “Jayme transformou dor em arte. Sua produção é um testemunho da força da cultura afro-brasileira e da resiliência diante das adversidades.”

Um legado de resistência

Jayme Fygura, conhecido como “o homem da máscara de ferro”, construiu uma trajetória artística marcada pela experimentação estética e pela crítica social. Explorando pintura, escultura, performance e indumentárias, ele articulou em sua obra elementos de ancestralidade, espiritualidade e política, sempre com forte apelo visual e simbólico. A máscara, um de seus principais signos artísticos, funcionava como instrumento de denúncia, proteção e afirmação, ressignificando o corpo negro como espaço de resistência. Jayme faleceu aos 64 anos de idade, em Salvador no domingo, 26 de novembro de 2023.

Programação educativa

Além da exposição, o projeto inclui ações educativas, como oficinas de criação de instrumentos musicais com materiais reciclados. Estudantes da rede pública de ensino participarão de visitas guiadas, com o objetivo de fomentar a reflexão sobre identidade, pertencimento e criatividade por meio da arte.

A exposição conta com recursos de acessibilidade, como interpretação em Libras, audiodescrição e placas em braile.

SERVIÇO

Exposição póstuma – Jayme Fygura: De Corpo e Alma
Local: CAIXA Cultural Salvador – Rua Carlos Gomes, 57, Centro
Visitação: 16 de abril a 6 de julho de 2025
Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h30
Entrada gratuita
Informações: (71) 3241-4200 | Site CAIXA Cultural | @caixaculturalsalvador
Classificação indicativa: Livre

 

 

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