Políticas
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Políticas
SOBEJO retorna às periferias da cidade contra as violências de gênero

Após impactar comunidades com arte e escuta ativa nos últimos anos, o projeto “SOBEJO – Arte e Empoderamento: As Vozes que Ecoam na Periferia” retorna em sua segunda edição, com ações gratuitas entre os meses de julho e agosto, em bairros periféricos. A iniciativa, idealizada pela atriz e produtora Eddy Veríssimo e realizada por A Outra Companhia de Teatro, propõe uma jornada artística de conscientização e enfrentamento às violências de gênero por meio do teatro, audiovisual, poesia e mediação cultural.
A programação passa por bairros como Arenoso, Cajazeiras 5, Paripe e Uruguai, com uma série de atividades que incluem a exibição da websérie SOBEJO – Processo Indeferido, o monólogo teatral SOBEJO, saraus com poetas negras da periferia e debates sobre violência doméstica, feminicídio e empoderamento feminino. Todas as ações contam com acessibilidade em LIBRAS e audiodescrição.
“Nosso intuito é instigar reflexões sobre o empoderamento feminino e a urgência do combate às violências que ainda atingem tantas mulheres, sobretudo as negras e periféricas”, afirma Eddy Veríssimo.
Teatro como denúncia e acolhimento
No centro do projeto está o espetáculo solo “SOBEJO”, protagonizado por Eddy Veríssimo. A peça narra a trajetória de Georgina Serrat, mulher que enfrenta as múltiplas violências no ambiente conjugal — física, moral, patrimonial, sexual e psicológica. Com direção de Luiz Buranga, a montagem é um convite à denúncia, ao reconhecimento das dores e à reconstrução da dignidade.
A potência do teatro se soma à exibição da websérie “SOBEJO – Processo Indeferido”, composta por cinco episódios que abordam diferentes formas de violência de gênero, seguida de rodas de conversa e práticas de mediação cultural.
“A arte é uma ferramenta política de escuta, acolhimento e transformação. Seguimos mobilizando espaços em que as vozes femininas, especialmente da periferia, possam ser ouvidas, respeitadas e fortalecidas”, destaca Veríssimo.
Confira a programação gratuita
10/07 – Arenoso
Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos
9h às 12h – Exibição da websérie SOBEJO: Processo Indeferido
15h às 17h – Sarau Poético
11/07 – Arenoso
16h às 18h – Espetáculo SOBEJO + Debate
24/07 – Cajazeiras 5
Casa do Sol Padre Luís Lintner
9h às 12h – Exibição da websérie
15h às 17h – Sarau Poético
25/07 – Cajazeiras 5
15h às 17h – Espetáculo SOBEJO + Debate
07/08 – Paripe
Colégio Estadual Barros Barreto
9h às 12h – Exibição da websérie
15h às 17h – Sarau Poético
08/08 – Paripe
15h às 17h – Espetáculo SOBEJO + Debate
21/08 – Uruguai
Espaço Cultural Alagados
9h às 12h – Exibição da websérie
15h às 17h – Sarau Poético
22/08 – Uruguai
19h às 21h – Espetáculo SOBEJO + Debate
Foto: Elizabete Jesus de Araújo
Opinião
Trançar é trabalho: o reconhecimento oficial é vitória, mas a luta continua

Em junho de 2025, o Brasil deu um passo histórico: a profissão de trancista foi oficialmente reconhecida na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5193-15. Isso significa que o Estado, através do Ministério do Trabalho e Emprego, reconhece, de forma tardia, que trançar cabelos é ofício, é arte, é cuidado, é economia viva. E mais do que tudo isso: é trabalho.
O reconhecimento representa uma conquista fundamental para milhares de mulheres, em sua maioria negras, que sustentam suas casas e comunidades com as mãos, os fios e os saberes ancestrais que atravessam gerações. Trata-se de uma reparação simbólica e política, que marca o início de uma nova etapa para essas profissionais: a da reivindicação por direitos reais.
Mas é preciso deixar claro: esse reconhecimento, apesar de histórico, não resolve os problemas estruturais enfrentados pelas trancistas no cotidiano. A informalidade ainda é massiva. A precariedade também.
Trançar é estar horas seguidas em pé, muitas vezes sem pausas, sem ergonomia adequada, sem alimentação garantida. É adoecer com dores musculares, tendinites, varizes e não ter acesso a atendimento médico regular ou benefícios trabalhistas. É trabalhar em casa, dividindo o espaço com filhos pequenos, improvisando berços ao lado da cadeira de trança. É ser artista, psicóloga, educadora — tudo isso num ambiente que raramente é chamado de “profissional”.
Além do desgaste físico e emocional, existe o estigma. Por muito tempo, a atividade foi vista como “bico”, “coisa de quem não tem estudo”, ou “trabalho informal de periferia”. Esse racismo estrutural que desvaloriza o fazer preto, que silencia os saberes afrocentrados, também se manifesta nas ausências do Estado: não há linhas de financiamento específicas para esses negócios, nem políticas de formação técnica acessíveis, nem políticas de saúde do trabalho voltadas à realidade dessas mulheres.
O reconhecimento na CBO precisa ser mais que um selo burocrático. Ele deve abrir caminhos para políticas públicas efetivas: acesso facilitado à formalização, capacitação profissional gratuita, inclusão previdenciária, incentivos para empreendedoras da beleza negra, cuidados com a saúde física e mental dessas profissionais. Precisa ser prioridade nos planos municipais e estaduais de economia criativa, de cultura e de geração de renda.
Também é hora de rever o que se entende por “profissão”. O saber que vem da oralidade, da prática cotidiana e da vivência comunitária precisa ser valorizado tanto quanto aquele que vem da academia. Os saberes se der trancista são ensinados de mãe pra filha, de amiga pra amiga, nas vielas, nos quintais e nos salões. E isso é educação também. Isso é conhecimento.
Reconhecer as trancistas é reconhecer o valor da cultura afro-brasileira, a potência das periferias e a força das mulheres negras que movem o país com suas mãos. É legitimar que fazer trança é mais que estética — é identidade, resistência e construção de futuro.
Hoje, o nome das trancistas está, enfim, no papel. Mas a dignidade do trabalho vai além da formalidade. Exige investimento, cuidado e respeito. Porque trançar é trabalho. E como todo trabalho, merece ser protegido, valorizado e vivido com dignidade.
Por Iasmim Moreira
Políticas
“Rua Sinalizada” promove arte e acessibilidade em Libras

Entre os meses de junho e dezembro, Salvador vai se tornar palco de ações culturais acessíveis com o projeto “Rua Sinalizada: Ações em Libras para uma cidade-ateliê”. A iniciativa do coletivo Rua Sinalizada leva às ruas da capital baiana uma programação gratuita que une arte, acessibilidade e protagonismo de pessoas surdas, pretas, mulheres, quilombolas, indígenas, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Todas as ações contam com intérprete de Libras e audiodescrição aberta.
Idealizado pelos artistas Elinilson Soares, Cintia Santos, Daisy Souza Santos e Lucas Sol — integrantes da comunidade surda — o projeto nasce de uma inquietação coletiva sobre os direitos de acesso à cidade e à cultura. Desde 2021, o grupo desenvolve atividades que aproximam surdos e ouvintes por meio das artes visuais, da música e da convivência nos espaços públicos.
As ações do Rua Sinalizada se destacam também por suas placas sinalizadoras — que indicam os locais das intervenções, mas também se tornam elementos artísticos das atividades, estimulando o público a refletir sobre inclusão e comunicação nos espaços urbanos.
“O projeto ‘Rua Sinalizada’ representa um esforço significativo para promover a inclusão e a acessibilidade nos espaços urbanos através da arte, da cultura e da linguagem”, afirma Cintia Santos, integrante do coletivo. “Tem o potencial de transformar a maneira como vemos e interagimos com a cidade, tornando-a mais acolhedora e inclusiva para todos os seus habitantes.”
Confira a programação:
JUNHO
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07/06 (sábado), 14h – Espaço Cultural da Barroquinha
Construção de Placas Itinerantes
Participação da comunidade na criação de símbolos de acessibilidade. -
15/06 (domingo), 14h – Lagoa do Abaeté
Piquenique Acessível com Oficina de Libras e Palestras ao Ar Livre
JULHO
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05/07 – Local a definir
Menu Poético: cardápio com poesias em Libras e português para o público escolher. -
20/07 – Centro Histórico
Janelas de Libras: relatos e histórias compartilhadas nas janelas da cidade.
AGOSTO
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02/08 – Parque da Cidade
Mapeamento Afetivo: criação de mapas em folhas secas a partir da vivência no espaço. -
17/08 – Parque da Lapinha
Improvisual: jogos de improviso com temas escolhidos pelo público.
SETEMBRO (Mês da Visibilidade Surda)
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06/09 – Porto da Barra
Dissecando a Cena: criação coletiva de cenas e poesias com múltiplas linguagens. -
21/09 – Museu de Arte Moderna da Bahia
Construção de Placas Itinerantes
OUTUBRO
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05/10 – Jardim de Alah
Piquenique Acessível -
19/10 – Mercado Modelo
Menu Poético
NOVEMBRO
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02/11 – Centro Histórico
Janelas de Libras -
16/11 – Barra
Mapeamento Afetivo
DEZEMBRO
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07/12 – Praça da Sé
Improvisual -
21/12 – Museu de Arte Moderna da Bahia
Dissecando a Cena
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