Teatro
FIAC Bahia reunirá espetáculos que abordam a negritude
De 28 de outubro a 02 de novembro Salvador sediará o FIAC Bahia – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, que em sua 16ª edição trará criadores e pensadores pretos propondo modos de narrar, performar e ritualizar a vida a partir de suas criações artísticas.
Dramaturgos, atores, dançarinos, artistas do corpo e demais interlocutores vindos de Fortaleza, Salvador, Feira de Santana, Camarões, Burkina Faso e Burundi estarão em terras soteropolitanas, colocando em cena subjetividades e investigação de linguagens variadas.
Na abertura, o Seminário Internacional de Curadoria e Mediação, reunirá o ator e diretor Freddy Sabimbona (Burundi), a encenadora Onisajé (BA) e o pesquisador Guilherme Diniz (MG) para discutir as conexões entre o fazer teatral negro no Brasil e na África. Após o debate, será lançado o livro “Teatro Experimental do Negro”, de Diniz, que revisita a história e o legado do TEN, um dos movimentos mais revolucionários do teatro brasileiro moderno.
Entre os espetáculos que dialogam diretamente com questões da negritude, estão:
A Ópera do Aldeão (Camarões) – O performer camaronês Zora Snake propõe subverter definições e percepções sobre a arte e sua história, reinventando o conceito de ópera ao deslocá-lo das elites europeias para o coração das aldeias africanas. Inspirado em danças ancestrais como a kounga, a nka’a e a sondap, o artista transforma o palco em um espaço ritual de memória e resistência, ao questionar como pensamos a liberdade artística hoje e como as artes circulam entre continentes.

“Os sem” – Foto Divulgação FIAC
Os sem…” / “Les sans… (Burkina Faso/Burundi) – Inspirada em Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon, “Les Sans…” (“Os sem…”) revisita as feridas e esperanças das lutas pós-coloniais africanas, acompanhando o reencontro de dois antigos camaradas: Franck, ainda movido pelo ideal revolucionário, e Tibo, agora integrado ao sistema que antes combatiam. Entre eles, ergue-se um confronto de ideias, memórias e destinos. No embate entre utopia e desilusão, a peça faz ecoar uma pergunta urgente: o que resta da independência quando a liberdade ainda é promessa?
Gente de Lá (Fortaleza – CE) – A partir da figura de um “corpo-roleta-russa”, o espetáculo de Wellington Gadelha reflete as violências que atravessam cotidianamente a vida urbana nas periferias do país. Entre dança contemporânea, artes visuais e performance, a obra constrói um gesto em que corpo e objeto se confrontam — arma e discurso, risco e poética. O espetáculo instaura um território de confronto e de memória, onde o gesto coreográfico carrega a urgência do instante e a fragilidade do corpo exposto.

Dembwa – Foto Alice Rodrigues
Dembwa (Salvador – BA) – Dembwa é uma travessia dançada por Marcos Ferreira e Ruan Wills, onde corpo e memória se entrelaçam para reativar saberes ancestrais. A obra entende a ginga como tecnologia: um gesto que desvia, cria e resiste, transformando o movimento em ferramenta de sobrevivência e invenção. Entre o samba de caboclo que convoca o chão e o funk que exalta potência e identidade, de forma multidirecional o espetáculo revisita raízes ancestrais que pulsam em memória.
Akoko Lati Wa Ni – Tempo de Ser (Feira de Santana – BA) – Assinado pela dramaturga Onisajé, em um território onde tempo e existência se entrelaçam, três jovens negros – Dofona, Dofonitinho e Famo – preparam sua peça de formatura enquanto buscam respostas para uma pergunta urgente: como envelhecer em um país que lhes nega o direito de viver? Na travessia, recorrem à sabedoria de uma yalorixá, que invoca Iroko, o orixá do tempo, para abrir caminhos. Entre confrontos com uma professora que simboliza um teatro colonizador e encontros com mitos ancestrais, música, dança, rito e poesia se fundem para criar um espetáculo sobre tempo, vida e resistência negra.

Ana e Tadeu – Foto Caio Lírio
Ana e Tadeu – (Salvador – BA) – Após quinze anos juntos e um filho, Ana e Tadeu veem suas vidas atravessadas pela violência urbana. Com o casamento em ruínas, ele retorna para buscar seus pertences, mas um tiroteio cerca a casa e os confina. Entre o som dos disparos e o silêncio dos ressentimentos, afloram memórias, perdas e desejos – ecos da experiência negro-brasileira e de um luto permanente que insiste em existir.
Esses espetáculos se juntam a muitos outros na programação completa do FIAC Bahia 2025, que reúne 15 espetáculos e um Seminário Internacional de Curadoria e Mediação com quatro oficinas, três encontros e dois lançamentos de livros. A 16a. edição do FIAC Bahia tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
FIAC Bahia 2025
Quando: De 28 de outubro a 2 de novembro de 2025
Onde: Teatros, museus e espaços culturais de Salvador (BA)
O que: 15 espetáculos, 4 oficinas, 1 Seminário e 2 lançamentos de livros
️ Quanto: Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia) — vendas pela Sympla | Atividades formativas gratuitas mediante inscrição no site
Programação completa: www.fiacbahia.com.br
Teatro
Atriz Vika Mennezes volta ao Gregório de Matos com “Mukunã”
O espetáculo espetáculo “Mukunã: do fio à raiz” segue sua trilha de sucesso e plateias lotadas nos palcos de Salvador e outras cidades baianas. E no Mês da Consciência Negra não será diferente. Criado e encenado pela atriz, arte-educadora, pesquisadora, diretora e gestora cultural, Vika Mennezes, o solo estará no Teatro Gregório de Matos nos dias 14 e 15 de novembro.
Assistido por mais de 2 mil pessoas, “Mukunã” é uma jornada artística que une passado, presente e futuro, utilizando a narrativa pessoal de Vika Mennezes, uma forte presença dos orixás e elementos da cultura afro-brasileira, e um potente mensagem de empoderamento feminino.
Todos os elementos dialogam com sua vivência com o racismo desde a infância, cuja violência estrutural transformou em arte empoderadora para ajudar outras pessoas a superar situações semelhantes. Vika Mennezes, que já atuou em 13 espetáculos teatrais e 11 obras audiovisuais, traz à cena sua vivência pessoal no enfrentamento ao racismo, em especial, a partir de seu cabelo crespo.

Assista aqui o Minuto Soteropreta especial com “Mukunã”: Vika Mennezes | Filêmon Cafezeiro & Liz Novais
Em sua narrativa, ela elenca dores e superações de toda criança e mulher negra ao longo de sua vida. “Mukunã: do fio à raiz” celebra a diversidade, resgata a autoconfiança e desafia os padrões de beleza eurocêntricos, apontando caminhos de resistência e autoamor.
SERVIÇO:
Mukunã: do fio à raiz
Onde: Teatro Gregório de Matos ( Praça Castro Alves, s/n – Centro)
Quando: 14 e 15 de novembro, 19h
Ingressos: Sympla
Fotos Diney Araújo
Teatro
Espetáculo “Mesmo Sem Te Tocar” chega ao SESI Rio Vermelho
No dia 20 de novembro, a Sinuosa Companhia de Teatro apresenta o espetáculo “Mesmo Sem Te Tocar”, às 19h, no Centro Cultural SESI Rio Vermelho, dentro da programação do Projeto Sois Negros.
A peça narra a trajetória de Léo, um homem que rompe as barreiras do espaço-tempo para reencontrar o grande amor da sua vida pela última vez. Com sensibilidade e humor, o espetáculo revela uma doce história de amor entre duas pessoas que se transformam quando o inesperado acontece.
Com texto e atuação de Fernando Santana, e direção geral de Agamenon de Abreu e do próprio Fernando, a obra traz um recorte poético sobre os sabores de um amor impossível que resiste a qualquer fronteira. A produção é assinada por Jane Santa Cruz e Robinson Fernandes.
“Mesmo Sem Te Tocar” foi indicado em quatro categorias do Prêmio Braskem de Teatro 2018 — Melhor Espetáculo Adulto, Melhor Texto, Melhor Ator e Diretor Revelação (Agamenon de Abreu) —, além de ter representado o Brasil em festivais na Argentina e no Peru.
A Sinuosa Companhia de Teatro integra o Colectivo Âmbar, rede de artistas da América Latina que cria e apresenta obras no Brasil e em outros países, com um teatro autoral, contemporâneo e fortemente inspirado na cultura brasileira e latino-americana.
SERVIÇO:
Espetáculo Mesmo Sem Te Tocar
Centro Cultural SESI Rio Vermelho
20/11 (quinta-feira)
19h
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia), à venda na Sympla e na bilheteria do teatro
Classificação: 14 anos
Teatro
Inscrições para residência teatral “Qualificando a Desordem” vão até domingo
Terminam neste domingo (9) as inscrições para a residência artística “Qualificando a Desordem”, etapa formativa do projeto “Ordem Questionada” do Coletivo Subverso das Artes. Artistas negros a partir de 18 anos, moradores de bairros como Engenho Velho da Federação, Candeal e Santo Inácio, podem se inscrever gratuitamente.
O projeto oferece seis meses de oficinas quinzenais em escrita teatral, atuação, direção, cenografia, música, gestão cultural e comunicação estratégica. Dez participantes selecionados para a residência receberão bolsa de alimentação e transporte. “O projeto é pensado a partir de como podemos sair da mera reflexão e ir para a ação, algo que possa proporcionar algum tipo de mudança”, explica Zaya Olugbala, coordenador do coletivo.
“Queremos acessar esses outros espaços culturais que não estão no centro da cidade, não estão no centro da cultura tradicional”, afirma Laura Sacramento, coordenadora do grupo.
As oficinas serão ministradas por artistas como Onisajé, Diana Ramos, Maurício Lourenço, Clara Matos, Nell Araújo, Ana Paula Potira e Fábio Lucas, garantindo formação prática e diversificada.
A segunda etapa do projeto, “Circula e Questiona”, prevê a criação e apresentação de até três espetáculos nos bairros participantes, promovendo troca cultural e visibilidade para artistas e comunidades.
SERVIÇO:
Inscrições abertas: Residência artística “Qualificando a Desordem”
Até 09 de novembro (domingo)
Público-alvo: Artistas negros, 18+, preferencialmente moradores de bairros marginalizados de Salvador
Formulário: https://forms.gle/GG5VFpxx29dzSvJE8
Contato: ordemquestionada@gmail.com | Instagram: @coletivosubversoo
-
Opinião9 anos atrás“O incansável e sempre ativo pau grande e afetividade do homem negro” – Por Kauê Vieira
-
Literatura9 anos atrásDavi Nunes e Bucala: uma literatura negra infantil feita para sentir e refletir
-
Literatura8 anos atrásA lírica amorosa da poetisa Lívia Natália em “Dia bonito pra chover”! – Por Davi Nunes
-
Formação6 anos atrásConheça cinco pensadores africanos contemporâneos que valem a pena
-
Audiovisual2 anos atrásFilme “Egúngún: a sabedoria ancestral da família Agboola” estreia no Cine Glauber Rocha
-
Cultura2 anos atrásOrquestra Agbelas estreia em Salvador na festa de Iemanjá
-
Música2 anos atrásEx-The Voice, soteropolitana Raissa Araújo lança clipe da música “Aquele Momento”
-
Carnaval3 anos atrásBloco Olodum libera venda do primeiro lote de abadás com kit promocional


