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Artes

Memorial Odé Kayodé homenageia matriarcas do candomblé

Kelly Bouéres

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Memorial das Matriarcas Odé Kayodé
Fernando Barbosa/IPAC

A Bahia ganhou um novo espaço dedicado à memória, ancestralidade e trajetória das principais matriarcas das religiões de matriz africana. O Memorial das Matriarcas Odé Kayodé foi inaugurado nesta quinta (27), na casa onde nasceu uma das maiores ialorixás do país, Mãe Stella de Oxóssi (Odé Kayodé). O equipamento integra o complexo museal do Solar Ferrão, no Pelourinho.

A iniciativa é do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura (SecultBA), via IPAC, e da Sepromi. Fundamentado na museologia social e comunitária, o Memorial coloca as comunidades tradicionais de terreiro no centro das ações de preservação e difusão de saberes, práticas e objetos simbólicos, valorizando a memória das matriarcas das casas primazes do candomblé.

Lideranças religiosas, o povo de santo e autoridades prestigiaram a inauguração, que se consolida como um marco para a cultura afro-brasileira e reafirma o compromisso do Estado com a preservação do patrimônio, o fortalecimento das comunidades tradicionais e a luta antirracista.

“Estamos aqui reverenciando o legado das matriarcas e reafirmando o poder da cultura na preservação de memórias e valorização da história e do sagrado”, afirmou o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro.

O diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemos, destacou o caráter simbólico do espaço: “Com sua coragem e sabedoria, essas matriarcas reafirmaram a força e ancestralidade do nosso povo, enfrentando preconceitos e intolerâncias. O Memorial é um espaço de valorização, respeito às tradições e às trajetórias dessas mulheres”.

 

A primeira homenageada é Mãe Stella de Oxóssi, celebrada no ano de seu centenário. Com curadoria de Mãe Ana de Xangô, yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, e de Ebgome Deusimar, o Memorial se apresenta como um lugar de acolhimento, força e beleza.

“É emocionante sentir a presença de Mãe Stella em cada detalhe”, disse Mãe Ana de Xangô. “É um lugar vivo, que conversa com o passado, celebra o presente e aponta para o futuro.”

Logo na entrada, o público encontra um conjunto de fotografias emblemáticas. Uma linha do tempo apresenta a trajetória de Maria Stella de Azevedo Santos, iniciada no candomblé aos 14 anos por Mãe Senhora, quando recebeu o nome Odé Kayodé — “o caçador traz alegria”.

Nascida em maio de 1925, Mãe Stella liderou o Ilê Axé Opô Afonjá por 42 anos. Formada pela Escola Baiana de Enfermagem e Saúde Pública, atuou por mais de 30 anos como visitadora sanitária. Faleceu em 2018, aos 93 anos.

O Memorial reúne cinco espaços internos. Um deles abriga um terminal de vídeo com entrevistas de Mãe Stella. Outro oferece ao público uma experiência imersiva com um xirê digital criado pelo VJ Gabiru. Na área externa, um canteiro com folhas sagradas trazidas do Ilê Axé Opô Afonjá e um mural da artista Nila Carneiro completam a homenagem.

Segundo Mãe Ana de Xangô, o eixo central é a educação crítica, humanista e inclusiva defendida por Mãe Stella. O Memorial oferece atividades educativas, oficinas, visitas guiadas e rodas de conversa, estimulando jovens a reconhecerem o valor de sua história e identidade.

Para a secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, o memorial é mais que um equipamento cultural: “É uma ação concreta de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa. Ao celebrar nossas sacerdotisas, reafirmamos a centralidade das matriarcas na construção de uma Bahia plural e diversa”.

 

SERVIÇO:

Memorial das Matriarcas Odé Kayodé
Solar Ferrão – Pelourinho, Salvador (BA)
Funcionamento: terça a sábado
10h às 17h
Entrada: gratuita
Realização: Governo do Estado da Bahia – SecultBA (IPAC) e Sepromi

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Artes

Novembro das Artes Negras segue com programação gratuita em Salvador e Simões Filho

Kelly Bouéres

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Performáticos Quilombo-Magia Negra
Divulgação

A 8ª edição do Novembro das Artes Negras — projeto da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb/SecultBA) — segue com mais uma semana de atividades gratuitas entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2025. A programação inclui mostras de teatro, dança, música e audiovisual em diversos espaços de Salvador e Simões Filho.

As ações acontecem no Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras), Escola de Dança da Funceb (Pelourinho), Colônia Penal de Simões Filho e Quilombo Pitanga dos Palmares, reunindo artistas, coletivos e comunidades em torno da criação e da memória.

Com o tema “Aquilombar-se: Resistência, Arte e Construção Coletiva”, o projeto propõe um mergulho nas potências criativas dos quilombos urbanos e rurais — territórios onde corpos pretos transformam ausência em presença, silêncio em palavra e opressão em linguagem estética.

A 8ª edição do Novembro das Artes Negras reúne propostas selecionadas por edital elaborado com base na Lei 14.399/2022 (Lei PNAB) e no Decreto 11.740/2023, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.

Neste ano, o projeto conta com apoio da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), do Coletivo Bahia Pela Paz (Águas Claras), do Quilombo Pitanga dos Palmares e do Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini (Cedhu).

PROGRAMAÇÃO SEMANAL:

COLÔNIA PENAL DE SIMÕES FILHO:

Mostra de Teatro – Leno Sacramento
25 de novembro (terça-feira)
9h e 13h

COLÉGIO RENAN BALEEIRO (ÁGUAS CLARAS):

Mostra do Curso de Capacitação em Audiovisual
Mesa sobre cinema periférico + debate + exibição do produto final + roda de conversa.
28 de novembro (sexta-feira)
14h às 16h

QUILOMBO PITANGA DOS PALMARES (SIMÕES FILHO):

Estúdio Retina Retinta
Estúdio fotográfico itinerante com cenários e figurinos afro-brasileiros para criação de retratos de autocelebração.
29 de novembro (sábado)
10h30

Rascunhos — Uma História Negra Dançada
Performance que aborda memórias e trajetórias da população negra por meio da dança.
29 de novembro (sábado)
10h30

Performáticos Quilombo – Magia Negra
Show que une música, poesia, dança e visualidades afro-brasileiras em celebração ancestral.
29 de novembro (sábado)
15h

Jôh Rás e Banda Terra Preta
Reggae, ancestralidade e inovação sonora com força feminina.
29 de novembro (sábado)
16h30

Espetáculo “Dá o Passo”
Dança afro-referenciada inspirada na simbologia de Exu.
30 de novembro (domingo)
10h30

Quixabeira da Matinha & Convidados
Apresentação de samba de roda com um dos grupos mais tradicionais da Bahia.

30 de novembro (domingo)
17h30

ESCOLA DE DANÇA DA FUNCEB (PELOURINHO)

Mostra de Dança – Janahina Cavalcante
01 de dezembro (segunda-feira) 14h

SERVIÇO:

Novembro das Artes Negras – Programação Artística Semanal
25/11 a 01/12/2025

 Salvador: Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras) e Escola de Dança da Funceb (Pelourinho)
 Simões Filho (RMS): Colônia Penal e Quilombo Pitanga dos Palmares
Gratuito

 

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Artes

PanAfro 2025 movimenta Pelourinho com arte e saberes

Kelly Bouéres

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PanAfro
Antônio Carvalho

O PanAfro 2025 movimentou o Centro Histórico de Salvador com uma programação marcada pela celebração da ancestralidade, pelos saberes tradicionais e pelo protagonismo das mulheres negras. Distribuído por diversos espaços do Pelourinho, o festival reuniu música, debates, oficinas, literatura e feira afroempreendedora, reforçando sua relevância para a promoção da cultura afro-brasileira.

A abertura ocorreu no Espaço Cultural Barroquinha com a apresentação da ekedy Sinha, seguida da roda de conversa “Formação e Saber — A Pedagogia dos Terreiros”, com Lidinalva Barbosa, Claudia Santos e Vânia Melo, sob mediação de Mara Felipe. O encontro discutiu a educação ancestral e os fundamentos dos terreiros como espaços de formação e resistência. A manhã encerrou com apresentação de Diggo de Deus e percussão da Escola Olodum.

Paralelamente, o estúdio de Negra Jhô recebeu o workshop “Turbantes: Coroas, Símbolos e Resistência”, reafirmando o turbante como elemento identitário e cultural. À noite, o Museu Eugênio Teixeira Leal exibiu o documentário “Jornada das Folhas”, seguido de bate-papo com os produtores sobre economia do sagrado e o trabalho das mulheres nas comunidades tradicionais.

A programação seguiu com o Workshop de Dança da Escola Olodum, conduzido por Wagner Omi na Praça Pedro Arcanjo. Na Rua Alaíde do Feijão, o Espaço Conceito Preto Fala de Amor promoveu atividades ao longo do dia, incluindo contação de histórias, oficinas criativas, encontro de editoras independentes, sarau literário e apresentação de Clarice Ravena.

O Workshop de Percussão da Escola Olodum, ministrado pelo mestre Geraldo Marques, terminou com cortejo até a sede da instituição, onde os participantes mostraram o que aprenderam.

O fim de semana contou com a Afro Colab – Feira Afro Bahia, reunindo afroempreendedores, produtos autorais e iniciativas de fortalecimento da economia negra na Praça Pedro Arcanjo. A programação artística teve DJ Branco, percussão e voz da Escola Olodum com participações especiais, além do partido alto comandado por Naira Garrido. No Espaço Conceito Preto Fala de Amor, seguiram rodas, oficinas e lançamentos da literatura faraônica.

No domingo, a feira continuou recebendo público, fortalecendo a circulação da produção cultural negra. Entre as atrações estiveram Elpídio Bastos, Mestre Marsal e intervenções do DJ Branco. O encerramento foi comandado pelo Samba Ohana, em apresentação marcada pela força feminina e pelo diálogo entre tradição e contemporaneidade.

O PanAfro 2025 reafirma a potência dos territórios negros de Salvador como espaços de arte, memória e inovação cultural. A segunda etapa, FEMADUM 2025, será realizada de 5 a 7 de dezembro.

SERVIÇO:

PanAfro – FEMADUM 2025 (Festival de Música e Artes Olodum)
 5, 6 e 7 de dezembro de 2025
Centro Histórico de Salvador
Acesso: Aberto ao público

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Artes

Zéh Palito inaugura exposição individual no MAC_BAHIA

Kelly Bouéres

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Zeh Palito
Estúdio em Obra

O Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural – IPAC, apresenta, entre 19 de novembro de 2025 e 22 de fevereiro de 2026, a primeira exposição individual de Zéh Palito (Limeira, 1986) em uma instituição brasileira. Intitulada Do pranto o oceano, e nadamos no amor, a mostra propõe uma imersão no universo visual do artista, conhecido por combinar referências da cultura urbana, estética tropical e temas sociais que atravessam sua trajetória desde o grafite.

Com curadoria de Daniel Rangel, a individual reúne 21 pinturas, uma escultura, seis instalações, um mural e a ativação especial de uma escultura inflável em formato de cacho de bananas, com trabalhos desenvolvidos entre 2022 e 2025. Além de obras já reconhecidas por celebrarem a cultura negra em posição de centralidade e poder, articulando uma iconografia própria que dialoga com o tropicalismo brasileiro, Zéh Palito apresenta uma nova série criada especialmente para a mostra. Nela, homenageia artistas baianos que considera fundamentais, como Emanoel Araújo, Mestre Didi, Yedamaria, Estevão Silva e Rubem Valentim.

Formado em Design Gráfico pela FAAL, com passagem pela EMCEA, Escola Municipal de Cultura e Artes, Zéh Palito iniciou sua relação com a pintura aos 15 anos, quando o grafite tornou-se ferramenta de expressão comunitária no interior paulista. Essa formação híbrida, entre rua, design e pesquisa visual, reverbera em sua produção atual, marcada por cores vibrantes, composições afrofuturistas e uma abordagem que mistura intuição e rigor técnico.

“A obra de Zéh Palito impacta à primeira vista. Cultura negra pop afrofuturista, permeada por muitos tons de rosa com um traço pessoal que vem das ruas para o museu. A exposição no MAC_BAHIA, sua primeira individual em um museu brasileiro, marca a trajetória de um artista que possui obras em importantes instituições e coleções no mundo todo”, destaca o curador Daniel Rangel.

A individual no MAC_BAHIA evidencia o amadurecimento do artista, que transita com fluidez entre pintura de rua e de cavalete, explorando a materialidade da tinta acrílica com a mesma urgência que marca seus murais. Suas obras retratam pessoas negras em cenários fantásticos, frequentemente cercadas por frutas tropicais, flores exuberantes e símbolos da cultura pop, como tênis, carros e marcas, criando um diálogo entre ancestralidade, desejo, memória afetiva e consumo.

O MAC_BAHIA celebrou recentemente dois anos de atividades e alcançou cerca de 200 mil visitantes entre sua abertura, em setembro de 2023, e junho de 2025, número que reafirma o protagonismo da instituição no fortalecimento da cena artística baiana.

SERVIÇO:

Exposição do pranto o oceano, e nadamos no amor – Individual de Zéh Palito
Curadoria: Daniel Rangel
19 de novembro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026
 MAC_BAHIA – Museu de Arte Contemporânea da Bahia
 Rua da Graça, nº 284, Graça, Salvador (BA)
Terça a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Realização: MAC_BAHIA, IPAC, Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA)

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