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Artes

Documentário destaca a renda gerada por mulheres na coleta de folhas para rituais religiosos

Iasmim Moreira

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Documentário

“Sem folha, não há orixá.” O provérbio de origem africana, basilar nas religiões de matriz afro-brasileira, é o fio condutor do documentário Jornada das Folhas, que lança um olhar inédito sobre a cadeia produtiva em torno da coleta, comercialização e uso das plantas sagradas nos rituais dos povos de santo. Com direção de Ravena Maia e Emerson Kilendo, o filme estreia no dia 31 de maio, às 19h, na Associação dos Moradores do Oiteiro, em Simões Filho. Em Salvador, a obra será exibida gratuitamente no dia 10 de junho, às 18h, na Sala Walter da Silveira, nos Barris.

O documentário, contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia, revela o protagonismo de mulheres que atuam como coletoras dessas folhas, fundamentais para os rituais do candomblé, da umbanda e de outras religiões afro-brasileiras. Muitas delas residem em comunidades periféricas, como a do Oiteiro, onde a estreia acontecerá, e enfrentam uma rotina de trabalho invisibilizada, marcada por baixos rendimentos e riscos ambientais durante as coletas nas matas.

“O filme mostra como esse saber ancestral, passado entre gerações, é também uma atividade econômica potente e subvalorizada. As mulheres vendem as folhas por preços muito baixos em feiras como a de São Joaquim e Sete Portas, apesar de toda a complexidade envolvida”, explica a diretora Ravena Maia.

Diante dessa realidade, a equipe do filme passou a dialogar com as personagens sobre possíveis estratégias de valorização do ofício, como a criação de uma cooperativa.

Além da dimensão econômica, Jornada das Folhas também lança luz sobre as relações entre religiosidade, meio ambiente e ancestralidade. A narrativa se constrói a partir de depoimentos como o do avô de Emerson Kilendo, co-diretor da obra, tata kambondo da nação Angola, que compartilha sua vivência com as folhas e com o sagrado.

“Muito do que sei, aprendi com meu avô. O filme é uma forma de homenagear essas pessoas que guardam e praticam saberes fundamentais para a cultura afro-brasileira”, afirma Kilendo.

Com roteiro e pesquisa de Carla Pita e produção de Tailson Souza, todos integrantes ou descendentes diretos dos povos de terreiro, o documentário integra a série Economia do Sagrado, que propõe mapear as diversas economias geradas pelos elementos essenciais à vivência religiosa afro-brasileira — como roupas litúrgicas, instrumentos, cerâmicas, alimentos e, neste primeiro episódio, as folhas.

A proposta é que as exibições não se limitem às salas de cinema: o filme também será apresentado em escolas públicas de Simões Filho e em terreiros de Salvador e Região Metropolitana, fortalecendo o diálogo com as comunidades e territórios onde esses saberes são cultivados diariamente.

Sobre a equipe:

  • Ravena Maia (Direção e Montagem) – Diretora da Grão Produção Visual, é filha de santo do terreiro São Jorge Filho da Goméia e doutora em Comunicação pela UFBA. Atua com produção audiovisual focada em religiosidade afro-brasileira.

  • Carla Pita (Roteiro e Pesquisa) – Pedagoga e Omo Orixá de Ogum, fundadora da Irê Rebeliões Culturais e Afro-Pedagógicas, é contadora de histórias e mediadora literária com forte atuação na educação étnico-racial.

  • Emerson Kilendo (Direção de Fotografia e Produção Executiva) – Publicitário e integrante do Bloco Afro Bankoma, atua em projetos culturais e audiovisuais ligados ao terreiro São Jorge Filho da Goméia.

  • Tailson de Jesus Souza (Produção) – Jornalista e gestor de projetos, atua em movimentos comunitários e ambientais em Simões Filho, com forte articulação em conselhos de juventude e saúde.

SERVIÇO

Lançamento do documentário Jornada das Folhas

  • 31 de maio (sábado), às 19h
    Associação dos Moradores do Oiteiro (AMO) – Fazenda Santa Rita, s/n – Simões Filho
    Entrada gratuita

  • 10 de junho (sábado), às 18h
    Sala Walter da Silveira – Rua General Labatut, 27, Barris – Salvador
    Entrada gratuita
    Classificação: Livre

Foto: Emerson Kilendo

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Artes

Novembro das Artes Negras segue com programação gratuita em Salvador e Simões Filho

Kelly Bouéres

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Performáticos Quilombo-Magia Negra
Divulgação

A 8ª edição do Novembro das Artes Negras — projeto da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb/SecultBA) — segue com mais uma semana de atividades gratuitas entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2025. A programação inclui mostras de teatro, dança, música e audiovisual em diversos espaços de Salvador e Simões Filho.

As ações acontecem no Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras), Escola de Dança da Funceb (Pelourinho), Colônia Penal de Simões Filho e Quilombo Pitanga dos Palmares, reunindo artistas, coletivos e comunidades em torno da criação e da memória.

Com o tema “Aquilombar-se: Resistência, Arte e Construção Coletiva”, o projeto propõe um mergulho nas potências criativas dos quilombos urbanos e rurais — territórios onde corpos pretos transformam ausência em presença, silêncio em palavra e opressão em linguagem estética.

A 8ª edição do Novembro das Artes Negras reúne propostas selecionadas por edital elaborado com base na Lei 14.399/2022 (Lei PNAB) e no Decreto 11.740/2023, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.

Neste ano, o projeto conta com apoio da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), do Coletivo Bahia Pela Paz (Águas Claras), do Quilombo Pitanga dos Palmares e do Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini (Cedhu).

PROGRAMAÇÃO SEMANAL:

COLÔNIA PENAL DE SIMÕES FILHO:

Mostra de Teatro – Leno Sacramento
25 de novembro (terça-feira)
9h e 13h

COLÉGIO RENAN BALEEIRO (ÁGUAS CLARAS):

Mostra do Curso de Capacitação em Audiovisual
Mesa sobre cinema periférico + debate + exibição do produto final + roda de conversa.
28 de novembro (sexta-feira)
14h às 16h

QUILOMBO PITANGA DOS PALMARES (SIMÕES FILHO):

Estúdio Retina Retinta
Estúdio fotográfico itinerante com cenários e figurinos afro-brasileiros para criação de retratos de autocelebração.
29 de novembro (sábado)
10h30

Rascunhos — Uma História Negra Dançada
Performance que aborda memórias e trajetórias da população negra por meio da dança.
29 de novembro (sábado)
10h30

Performáticos Quilombo – Magia Negra
Show que une música, poesia, dança e visualidades afro-brasileiras em celebração ancestral.
29 de novembro (sábado)
15h

Jôh Rás e Banda Terra Preta
Reggae, ancestralidade e inovação sonora com força feminina.
29 de novembro (sábado)
16h30

Espetáculo “Dá o Passo”
Dança afro-referenciada inspirada na simbologia de Exu.
30 de novembro (domingo)
10h30

Quixabeira da Matinha & Convidados
Apresentação de samba de roda com um dos grupos mais tradicionais da Bahia.

30 de novembro (domingo)
17h30

ESCOLA DE DANÇA DA FUNCEB (PELOURINHO)

Mostra de Dança – Janahina Cavalcante
01 de dezembro (segunda-feira) 14h

SERVIÇO:

Novembro das Artes Negras – Programação Artística Semanal
25/11 a 01/12/2025

 Salvador: Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras) e Escola de Dança da Funceb (Pelourinho)
 Simões Filho (RMS): Colônia Penal e Quilombo Pitanga dos Palmares
Gratuito

 

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Artes

PanAfro 2025 movimenta Pelourinho com arte e saberes

Kelly Bouéres

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PanAfro
Antônio Carvalho

O PanAfro 2025 movimentou o Centro Histórico de Salvador com uma programação marcada pela celebração da ancestralidade, pelos saberes tradicionais e pelo protagonismo das mulheres negras. Distribuído por diversos espaços do Pelourinho, o festival reuniu música, debates, oficinas, literatura e feira afroempreendedora, reforçando sua relevância para a promoção da cultura afro-brasileira.

A abertura ocorreu no Espaço Cultural Barroquinha com a apresentação da ekedy Sinha, seguida da roda de conversa “Formação e Saber — A Pedagogia dos Terreiros”, com Lidinalva Barbosa, Claudia Santos e Vânia Melo, sob mediação de Mara Felipe. O encontro discutiu a educação ancestral e os fundamentos dos terreiros como espaços de formação e resistência. A manhã encerrou com apresentação de Diggo de Deus e percussão da Escola Olodum.

Paralelamente, o estúdio de Negra Jhô recebeu o workshop “Turbantes: Coroas, Símbolos e Resistência”, reafirmando o turbante como elemento identitário e cultural. À noite, o Museu Eugênio Teixeira Leal exibiu o documentário “Jornada das Folhas”, seguido de bate-papo com os produtores sobre economia do sagrado e o trabalho das mulheres nas comunidades tradicionais.

A programação seguiu com o Workshop de Dança da Escola Olodum, conduzido por Wagner Omi na Praça Pedro Arcanjo. Na Rua Alaíde do Feijão, o Espaço Conceito Preto Fala de Amor promoveu atividades ao longo do dia, incluindo contação de histórias, oficinas criativas, encontro de editoras independentes, sarau literário e apresentação de Clarice Ravena.

O Workshop de Percussão da Escola Olodum, ministrado pelo mestre Geraldo Marques, terminou com cortejo até a sede da instituição, onde os participantes mostraram o que aprenderam.

O fim de semana contou com a Afro Colab – Feira Afro Bahia, reunindo afroempreendedores, produtos autorais e iniciativas de fortalecimento da economia negra na Praça Pedro Arcanjo. A programação artística teve DJ Branco, percussão e voz da Escola Olodum com participações especiais, além do partido alto comandado por Naira Garrido. No Espaço Conceito Preto Fala de Amor, seguiram rodas, oficinas e lançamentos da literatura faraônica.

No domingo, a feira continuou recebendo público, fortalecendo a circulação da produção cultural negra. Entre as atrações estiveram Elpídio Bastos, Mestre Marsal e intervenções do DJ Branco. O encerramento foi comandado pelo Samba Ohana, em apresentação marcada pela força feminina e pelo diálogo entre tradição e contemporaneidade.

O PanAfro 2025 reafirma a potência dos territórios negros de Salvador como espaços de arte, memória e inovação cultural. A segunda etapa, FEMADUM 2025, será realizada de 5 a 7 de dezembro.

SERVIÇO:

PanAfro – FEMADUM 2025 (Festival de Música e Artes Olodum)
 5, 6 e 7 de dezembro de 2025
Centro Histórico de Salvador
Acesso: Aberto ao público

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Artes

Zéh Palito inaugura exposição individual no MAC_BAHIA

Kelly Bouéres

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Zeh Palito
Estúdio em Obra

O Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural – IPAC, apresenta, entre 19 de novembro de 2025 e 22 de fevereiro de 2026, a primeira exposição individual de Zéh Palito (Limeira, 1986) em uma instituição brasileira. Intitulada Do pranto o oceano, e nadamos no amor, a mostra propõe uma imersão no universo visual do artista, conhecido por combinar referências da cultura urbana, estética tropical e temas sociais que atravessam sua trajetória desde o grafite.

Com curadoria de Daniel Rangel, a individual reúne 21 pinturas, uma escultura, seis instalações, um mural e a ativação especial de uma escultura inflável em formato de cacho de bananas, com trabalhos desenvolvidos entre 2022 e 2025. Além de obras já reconhecidas por celebrarem a cultura negra em posição de centralidade e poder, articulando uma iconografia própria que dialoga com o tropicalismo brasileiro, Zéh Palito apresenta uma nova série criada especialmente para a mostra. Nela, homenageia artistas baianos que considera fundamentais, como Emanoel Araújo, Mestre Didi, Yedamaria, Estevão Silva e Rubem Valentim.

Formado em Design Gráfico pela FAAL, com passagem pela EMCEA, Escola Municipal de Cultura e Artes, Zéh Palito iniciou sua relação com a pintura aos 15 anos, quando o grafite tornou-se ferramenta de expressão comunitária no interior paulista. Essa formação híbrida, entre rua, design e pesquisa visual, reverbera em sua produção atual, marcada por cores vibrantes, composições afrofuturistas e uma abordagem que mistura intuição e rigor técnico.

“A obra de Zéh Palito impacta à primeira vista. Cultura negra pop afrofuturista, permeada por muitos tons de rosa com um traço pessoal que vem das ruas para o museu. A exposição no MAC_BAHIA, sua primeira individual em um museu brasileiro, marca a trajetória de um artista que possui obras em importantes instituições e coleções no mundo todo”, destaca o curador Daniel Rangel.

A individual no MAC_BAHIA evidencia o amadurecimento do artista, que transita com fluidez entre pintura de rua e de cavalete, explorando a materialidade da tinta acrílica com a mesma urgência que marca seus murais. Suas obras retratam pessoas negras em cenários fantásticos, frequentemente cercadas por frutas tropicais, flores exuberantes e símbolos da cultura pop, como tênis, carros e marcas, criando um diálogo entre ancestralidade, desejo, memória afetiva e consumo.

O MAC_BAHIA celebrou recentemente dois anos de atividades e alcançou cerca de 200 mil visitantes entre sua abertura, em setembro de 2023, e junho de 2025, número que reafirma o protagonismo da instituição no fortalecimento da cena artística baiana.

SERVIÇO:

Exposição do pranto o oceano, e nadamos no amor – Individual de Zéh Palito
Curadoria: Daniel Rangel
19 de novembro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026
 MAC_BAHIA – Museu de Arte Contemporânea da Bahia
 Rua da Graça, nº 284, Graça, Salvador (BA)
Terça a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Realização: MAC_BAHIA, IPAC, Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA)

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