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Literatura

Encontro sobre amores negros baseará novo livro de Cidinha da Silva

Jamile Menezes

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cidinhaNo dia 28 de outubro, uma sexta-feira, todos os caminhos de quem entende a relação entre Amor e Literatura guiarão para o Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO/UFBA), no Dois de Julho. A partir das 18h, a escritora, prosadora e dramaturga Cidinha da Silva realiza a Roda de Conversa “Me conte a história do seu negro amor”, que pretende recolher e recontar histórias de amor protagonizadas por pessoas negras. O evento é aberto ao público.

Serão encontros presenciais, momentos virtuais, recepção de narrativas escritas de próprio punho, digitadas e até datilografadas, tudo será subsídio para Cidinha criar histórias de seu novo livro. Cidinha explica a iniciativa de falar de amor neste momento. “As juventudes negras, principalmente o segmento das mulheres, têm demonstrado interesse (e necessidade) crescente de discutir as relações afetivo-sexuais entre pessoas negras. Precisamos de espaços públicos, abertos e protegidos para expressar nossos afetos e para falar sobre eles”, ela diz.

“O Amor sempre demandou de nós muitas dores: a dor de perder, de não poder, de não saber… Mas, nós existimos para além do racismo (Graças a Deus); o Amor entre nós, por nós é o que nos salva todos os dias!” (Urânia Munzanzu – poeta e jornalista). 

O evento criado no Facebook já está bombando e não é pra menos. A expectativa neste assunto tem sido alvo de muitas reflexões em encontros sucessivos na cidade. Para Sheu Nascimento, há lacunas, por exemplo, quanto a narrativas sobre o amor lésbico preto. “Eu, como uma mulher negra e lésbica, sinto falta de histórias que envolvem o nosso dia a dia e que é onde se faz presente os afetos e amor entre mulheres. O racismo e a lesbofobia não tem economizado estratégias pra deslegitimar e apagar a existência de nós que somos negras e amamos outras mulheres. Isso se configura em algo muito violento, pois cria um substrato social onde é negado a nós essa possibilidade de amar”, diz.

Sheu Nascimento

Sheu Nascimento

“Espaços como este vem, justamente, quebrar essa lógica, visando romper com o silêncio que abafa as nossas relações e, também, com caricaturas que giram em torno das afetividades LGBTs.” (Sheu Nascimento – negra, lésbica e militante LGBT)

De acordo com Cidinha, é preciso demarcar territórios para os amores pretos na(s) cidade(s). “Muito tem se falado sobre a solidão da mulher negra de diferentes gerações, mas existem também histórias de amor a serem contadas. Histórias de mulheres lésbicas, de mulheres trans, de mulheres cis; de homens gays, trans, cis; todos negros e negras. Histórias que emocionarão a todas as pessoas quando conhecidas”, diz.

Lembrando: as histórias lá compartilhadas servirão como base para as que serão criadas. “Não há, portanto, qualquer compromisso de fidelidade ao real (que pode também ser algo inventado pelas pessoas que resolverem partilhar conosco seus afetos”, explica Cidinha. Na ocasião, o escritor Fábio Mandingo (autor de “Muito como um rei”) irá compartilhar com o público o processo criativo de suas histórias de amor.

Se liga:

Roda de ConversaMe conte a história do seu negro amor”

Dia: 28/10 (sexta-feira), 18h

Local: CEAO (Dois de Julho)

Entrada Gratuita

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Literatura

Vall Santos estreia na literatura infantil com “Domingo na Roça”

Kelly Bouéres

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Domingo na Roça
Don Guto

O cantor, compositor e poeta quilombola Vall Santos estreia na literatura infantil com o livro “Domingo na Roça”, que será lançado no dia 6 de dezembro (sábado), às 13h30, no tradicional terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador. O evento contará com contação de histórias e sessão de autógrafos.

O espaço, tombado pelo Iphan desde 2000, foi escolhido por sua relação com a preservação da memória afro-brasileira — eixo central tanto do trabalho musical de Vall quanto da obra literária. Natural da comunidade quilombola de Lagoa Grande, em Feira de Santana, o artista apresenta no livro um retrato sensível e poético de um Brasil pouco representado na literatura: as infâncias quilombolas.

Em “Domingo na Roça”, o protagonista revisita lembranças da própria infância do autor, valorizando lições como a reverência aos mais velhos, o vínculo comunitário, o poder da imaginação, a relação com a natureza e o bem-viver em família.

“Mesmo sendo especialmente dedicado às crianças, o livro tem valor poético para pessoas de qualquer idade”, destaca Vall. “É sobre convivência, ancestralidade, cuidado com o meio ambiente e o respeito aos mais velhos.”

A obra tem direção criativa da gestora cultural Aryane Sánchez e ilustrações de Don Guto, também natural de Feira de Santana. O artista recria, com sensibilidade, paisagens que marcaram a infância do autor.

“Quis transmitir a curiosidade, a leveza e o acalanto que só as crianças possuem”, afirma Don Guto.

Vall reforça a potência da parceria: “Queremos que as pessoas de Lagoa Grande se enxerguem no livro. Este trabalho registra a história de um povo que vem sendo desterritorializado pela urbanização. É uma forma de manter viva nossa memória.”

Os livros estarão disponíveis com desconto durante o lançamento.

SERVIÇO:

Lançamento do livro “Domingo na Roça”, de Vall Santos
06/12 (sábado)
A partir das 13h30
Ilê Axé Opô Afonjá Bahia — Rua de São Gonçalo, 557, São Gonçalo, Salvador
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita, por ordem de chegada (sujeita à lotação)

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Literatura

Henrique Freitas lança livro “Literatura-terreiro” na UFBA

Kelly Bouéres

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Literatura-terreiro: pilhagem epistêmica, letramentos negros e iniciação a literatura africana na literatura brasileira
Literatura-terreiro: pilhagem epistêmica, letramentos negros e iniciação a literatura africana na literatura brasileira

O intelectual, poeta e professor da UFBA Henrique Freitas lança, no dia 10 de dezembro, seu terceiro livro autoral, “Literatura-terreiro”, publicado pela Editora Segundo Selo dentro da coleção NaEncruza. A obra marca um novo capítulo na trajetória do pesquisador, que há mais de duas décadas investiga o legado epistemológico africano nos campos dos estudos linguísticos e literários.

Para Allan Alves Brito, pró-reitor de Ações Afirmativas da UFRGS, o livro “nos convida a (re)conhecer as distintas formas das expressões literárias de herança africana”, destacando os letramentos negros como linguagens multimodais e multissemióticas de corpos afrodiaspóricos yorùbá e bantu. Já a professora da UFRB, Silvana Carvalho, que assina a quarta capa, ressalta a inovação metodológica da obra, afirmando que o autor “trama novos horizontes para a crítica, a teoria e o ensino de literatura no Brasil”.

Henrique explica que o livro nasce de mais de 20 anos de pesquisa “da porteira para dentro e da porteira para fora das comunidades-terreiro”, ancorado em conceitos que ele próprio desenvolveu — como literatura-terreiro, letramentos negros e pilhagem epistêmica — para compreender a centralidade das epistemologias africanas na área de Letras, apesar do apagamento histórico desses saberes.

A obra também deriva do pós-doutorado em Estudos Literários realizado no Programa Pós-Crítica da UNEB (2024–2025) e das pesquisas conduzidas no Grupo Yorubantu, que o professor coordena na UFBA e que articula epistemologias yorùbá e bantu na literatura brasileira.

O lançamento acontece no CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, no Largo Dois de Julho, e contará com bate-papo com Ana Rita Santiago, Silvana Carvalho, Allan Alves Brito e o autor, além de apresentação musical com grupo de samba e sessão de autógrafos.

SERVIÇO:

Lançamento do livro Literatura-terreiro
Henrique Freitas
10 de dezembro, às 18h30
CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, Largo Dois de Julho
Entrada Gratuita
Valor do livro: R$ 78,90
Atrações: Show de samba, bate-papo com convidados e sessão de autógrafos

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Literatura

Zulu Araújo lança livro sobre 50 anos de luta antirracista

Kelly Bouéres

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ZULU ARAUJO
Pedro Salles

Com mais de cinco décadas de atuação no movimento negro, Zulu Araújo lança seu primeiro livro, Apenas um cidadão, no dia 3 de dezembro, às 18h, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab). Editada pela Solisluna, a obra marca a estreia literária do ex-presidente da Fundação Cultural Palmares.

Apesar de não ser um livro de memórias, Zulu revisita episódios marcantes de sua vida, acumulados ao longo de mais de 60 anos. Ele reúne histórias pessoais, passagens políticas e reflexões sobre o enfrentamento ao racismo.

“Esse livro nasceu do incentivo de amigos que viam potência nas minhas histórias. O leitor encontrará episódios divertidos, desafios familiares e reflexões sobre minha trajetória política e cultural”, afirma.

Zulu começou a trabalhar aos 10 anos para ajudar a família e, aos 18, já integrava o movimento negro. Em 1973, ingressou no Partido Comunista Brasileiro, onde viveu o período mais duro da ditadura. “Comparado àquele tempo, houve avanços, mas ainda há entraves enormes para a cidadania, sobretudo para pessoas pretas”, destaca.

No livro, o autor também relembra sua formação acadêmica, o impacto da educação na construção da consciência cidadã e a importância das redes de solidariedade no combate ao racismo.

“É preciso consciência dos nossos direitos, apoio do movimento negro e coragem para os enfrentamentos necessários”, afirma.

O livro também registra homenagens recebidas ao longo da carreira, incluindo a mais recente, em 20 de novembro, quando foi celebrado no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Alagoas, pelo papel central na luta antirracista no Brasil.

Mesmo aos 73 anos, Zulu segue comprometido com a transformação social. Como costuma dizer: “Toca a zabumba que a terra é nossa!”

Sobre a Editora

Desde 1993, a Solisluna Editora cria projetos que valorizam a cultura, a diversidade e o imaginário brasileiro, conectando arte, palavra e afeto através de livros e ações culturais.

SERVIÇO:

Lançamento do livro Apenas um cidadão, de Zulu Araújo
 Bate-papo com Zulu Araújo e Paulo Miguez
 Mediação: Mirtes Santa Rosa
3 de dezembro de 2025
18h
Muncab – R. das Vassouras, 25, Centro Histórico
Entrada gratuita

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