Artes
Grupo A Pombagem estreia espetáculo O Museu é o Rua com exibição virtual

Foto Diego Andradde
O Museu é a Rua é uma montagem com texto e direção de Fabrício Brito e idealizado pelo grupo de arte popular A Pombagem, a ser apresentado em uma temporada virtual que traz o diálogo entre teatro de rua e educação patrimonial. Inspirado no desfile do Dois de Julho, esta ocupação cultural passará por quatro praças da capital baiana com exibição virtual aos sábados do mês de abril (03, 10, 17 e 24), sempre às 14h, pela fanpage do projeto O Museu é a Rua.
A cada praça, a dramaturgia coringa homenageia um artista e/ou personalidade conforme a seguinte programação: na Praça dos Trovadores (Fazenda Grande do Retiro), no dia 3 de abril, será o compositor Catulo da Paixão Cearense; no Largo da Soledade (Liberdade), no dia 10 de abril, em que está localizada a Estátua a Maria Quitéria, o grupo homenageia as mulheres que participaram da Independência da Bahia.
Já no dia 17 de abril, no Busto a Labatut, no Largo da Lapinha (Lapinha), é a vez do espetáculo de caráter educativo patrimonial homenagear caboclos e guerreiros que participaram do Dois de Julho. Para encerrar seu desfile artístico, O Museu é a Rua vai a herma do escritor, jornalista, advogado e poeta preto Luiz Gama, no Largo do Tanque, no dia 24 de abril, para recitar seus versos e Trovas Burlescas, festejar a importância deste para o povo preto e sua libertação.
Virtual
Por conta da pandemia, esta nova temporada terá uma configuração diferenciada, em vez de interagir na presença física com passantes e moradores locais, os artistas do A Pombagem vão à rua para gravar as cenas e estas serão exibidas virtualmente através da fanpage do projeto O Museu é a Rua.
Ocorrerão ainda as rodas de conversa a serem transmitidas ao vivo nos mesmos sábados, sempre às 19 horas, pelo Instagram do grupo A Pombagem. Em formato de lives, os bate papos terão como convidados artistas de teatro de rua que dialogam com a questão do patrimônio cultural.
O projeto é contemplado pelo Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
Serviço
O quê: espetáculo O Museu é a Rua
Quando: 03, 10, 17 e 24 de abril (sábados), às 14h
Temporada virtual:
facebook.com/omuseuearua
O quê: batepapo O Museu é a Rua
Quando: 03, 10, 17 e 24 de abril (sábados), às 19h
Temporada virtual:
instagram @apombagem
Artes
Memorial Odé Kayodé homenageia matriarcas do candomblé
A Bahia ganhou um novo espaço dedicado à memória, ancestralidade e trajetória das principais matriarcas das religiões de matriz africana. O Memorial das Matriarcas Odé Kayodé foi inaugurado nesta quinta (27), na casa onde nasceu uma das maiores ialorixás do país, Mãe Stella de Oxóssi (Odé Kayodé). O equipamento integra o complexo museal do Solar Ferrão, no Pelourinho.
A iniciativa é do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura (SecultBA), via IPAC, e da Sepromi. Fundamentado na museologia social e comunitária, o Memorial coloca as comunidades tradicionais de terreiro no centro das ações de preservação e difusão de saberes, práticas e objetos simbólicos, valorizando a memória das matriarcas das casas primazes do candomblé.
Lideranças religiosas, o povo de santo e autoridades prestigiaram a inauguração, que se consolida como um marco para a cultura afro-brasileira e reafirma o compromisso do Estado com a preservação do patrimônio, o fortalecimento das comunidades tradicionais e a luta antirracista.
“Estamos aqui reverenciando o legado das matriarcas e reafirmando o poder da cultura na preservação de memórias e valorização da história e do sagrado”, afirmou o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro.
O diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemos, destacou o caráter simbólico do espaço: “Com sua coragem e sabedoria, essas matriarcas reafirmaram a força e ancestralidade do nosso povo, enfrentando preconceitos e intolerâncias. O Memorial é um espaço de valorização, respeito às tradições e às trajetórias dessas mulheres”.
A primeira homenageada é Mãe Stella de Oxóssi, celebrada no ano de seu centenário. Com curadoria de Mãe Ana de Xangô, yalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, e de Ebgome Deusimar, o Memorial se apresenta como um lugar de acolhimento, força e beleza.
“É emocionante sentir a presença de Mãe Stella em cada detalhe”, disse Mãe Ana de Xangô. “É um lugar vivo, que conversa com o passado, celebra o presente e aponta para o futuro.”
Logo na entrada, o público encontra um conjunto de fotografias emblemáticas. Uma linha do tempo apresenta a trajetória de Maria Stella de Azevedo Santos, iniciada no candomblé aos 14 anos por Mãe Senhora, quando recebeu o nome Odé Kayodé — “o caçador traz alegria”.
Nascida em maio de 1925, Mãe Stella liderou o Ilê Axé Opô Afonjá por 42 anos. Formada pela Escola Baiana de Enfermagem e Saúde Pública, atuou por mais de 30 anos como visitadora sanitária. Faleceu em 2018, aos 93 anos.
O Memorial reúne cinco espaços internos. Um deles abriga um terminal de vídeo com entrevistas de Mãe Stella. Outro oferece ao público uma experiência imersiva com um xirê digital criado pelo VJ Gabiru. Na área externa, um canteiro com folhas sagradas trazidas do Ilê Axé Opô Afonjá e um mural da artista Nila Carneiro completam a homenagem.
Segundo Mãe Ana de Xangô, o eixo central é a educação crítica, humanista e inclusiva defendida por Mãe Stella. O Memorial oferece atividades educativas, oficinas, visitas guiadas e rodas de conversa, estimulando jovens a reconhecerem o valor de sua história e identidade.
Para a secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, o memorial é mais que um equipamento cultural: “É uma ação concreta de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa. Ao celebrar nossas sacerdotisas, reafirmamos a centralidade das matriarcas na construção de uma Bahia plural e diversa”.
SERVIÇO:
Memorial das Matriarcas Odé Kayodé
Solar Ferrão – Pelourinho, Salvador (BA)
Funcionamento: terça a sábado
10h às 17h
Entrada: gratuita
Realização: Governo do Estado da Bahia – SecultBA (IPAC) e Sepromi
Artes
Novembro das Artes Negras segue com programação gratuita em Salvador e Simões Filho
A 8ª edição do Novembro das Artes Negras — projeto da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb/SecultBA) — segue com mais uma semana de atividades gratuitas entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2025. A programação inclui mostras de teatro, dança, música e audiovisual em diversos espaços de Salvador e Simões Filho.
As ações acontecem no Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras), Escola de Dança da Funceb (Pelourinho), Colônia Penal de Simões Filho e Quilombo Pitanga dos Palmares, reunindo artistas, coletivos e comunidades em torno da criação e da memória.
Com o tema “Aquilombar-se: Resistência, Arte e Construção Coletiva”, o projeto propõe um mergulho nas potências criativas dos quilombos urbanos e rurais — territórios onde corpos pretos transformam ausência em presença, silêncio em palavra e opressão em linguagem estética.
A 8ª edição do Novembro das Artes Negras reúne propostas selecionadas por edital elaborado com base na Lei 14.399/2022 (Lei PNAB) e no Decreto 11.740/2023, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.
Neste ano, o projeto conta com apoio da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), do Coletivo Bahia Pela Paz (Águas Claras), do Quilombo Pitanga dos Palmares e do Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini (Cedhu).
PROGRAMAÇÃO SEMANAL:
COLÔNIA PENAL DE SIMÕES FILHO:
Mostra de Teatro – Leno Sacramento
25 de novembro (terça-feira)
9h e 13h
COLÉGIO RENAN BALEEIRO (ÁGUAS CLARAS):
Mostra do Curso de Capacitação em Audiovisual
Mesa sobre cinema periférico + debate + exibição do produto final + roda de conversa.
28 de novembro (sexta-feira)
14h às 16h
QUILOMBO PITANGA DOS PALMARES (SIMÕES FILHO):
Estúdio Retina Retinta
Estúdio fotográfico itinerante com cenários e figurinos afro-brasileiros para criação de retratos de autocelebração.
29 de novembro (sábado)
10h30
Rascunhos — Uma História Negra Dançada
Performance que aborda memórias e trajetórias da população negra por meio da dança.
29 de novembro (sábado)
10h30
Performáticos Quilombo – Magia Negra
Show que une música, poesia, dança e visualidades afro-brasileiras em celebração ancestral.
29 de novembro (sábado)
15h
Jôh Rás e Banda Terra Preta
Reggae, ancestralidade e inovação sonora com força feminina.
29 de novembro (sábado)
16h30
Espetáculo “Dá o Passo”
Dança afro-referenciada inspirada na simbologia de Exu.
30 de novembro (domingo)
10h30
Quixabeira da Matinha & Convidados
Apresentação de samba de roda com um dos grupos mais tradicionais da Bahia.
30 de novembro (domingo)
17h30
ESCOLA DE DANÇA DA FUNCEB (PELOURINHO)
Mostra de Dança – Janahina Cavalcante
01 de dezembro (segunda-feira) 14h
SERVIÇO:
Novembro das Artes Negras – Programação Artística Semanal
25/11 a 01/12/2025
Salvador: Colégio Renan Baleeiro (Águas Claras) e Escola de Dança da Funceb (Pelourinho)
Simões Filho (RMS): Colônia Penal e Quilombo Pitanga dos Palmares
Gratuito
Artes
PanAfro 2025 movimenta Pelourinho com arte e saberes
O PanAfro 2025 movimentou o Centro Histórico de Salvador com uma programação marcada pela celebração da ancestralidade, pelos saberes tradicionais e pelo protagonismo das mulheres negras. Distribuído por diversos espaços do Pelourinho, o festival reuniu música, debates, oficinas, literatura e feira afroempreendedora, reforçando sua relevância para a promoção da cultura afro-brasileira.
A abertura ocorreu no Espaço Cultural Barroquinha com a apresentação da ekedy Sinha, seguida da roda de conversa “Formação e Saber — A Pedagogia dos Terreiros”, com Lidinalva Barbosa, Claudia Santos e Vânia Melo, sob mediação de Mara Felipe. O encontro discutiu a educação ancestral e os fundamentos dos terreiros como espaços de formação e resistência. A manhã encerrou com apresentação de Diggo de Deus e percussão da Escola Olodum.
Paralelamente, o estúdio de Negra Jhô recebeu o workshop “Turbantes: Coroas, Símbolos e Resistência”, reafirmando o turbante como elemento identitário e cultural. À noite, o Museu Eugênio Teixeira Leal exibiu o documentário “Jornada das Folhas”, seguido de bate-papo com os produtores sobre economia do sagrado e o trabalho das mulheres nas comunidades tradicionais.
A programação seguiu com o Workshop de Dança da Escola Olodum, conduzido por Wagner Omi na Praça Pedro Arcanjo. Na Rua Alaíde do Feijão, o Espaço Conceito Preto Fala de Amor promoveu atividades ao longo do dia, incluindo contação de histórias, oficinas criativas, encontro de editoras independentes, sarau literário e apresentação de Clarice Ravena.
O Workshop de Percussão da Escola Olodum, ministrado pelo mestre Geraldo Marques, terminou com cortejo até a sede da instituição, onde os participantes mostraram o que aprenderam.
O fim de semana contou com a Afro Colab – Feira Afro Bahia, reunindo afroempreendedores, produtos autorais e iniciativas de fortalecimento da economia negra na Praça Pedro Arcanjo. A programação artística teve DJ Branco, percussão e voz da Escola Olodum com participações especiais, além do partido alto comandado por Naira Garrido. No Espaço Conceito Preto Fala de Amor, seguiram rodas, oficinas e lançamentos da literatura faraônica.
No domingo, a feira continuou recebendo público, fortalecendo a circulação da produção cultural negra. Entre as atrações estiveram Elpídio Bastos, Mestre Marsal e intervenções do DJ Branco. O encerramento foi comandado pelo Samba Ohana, em apresentação marcada pela força feminina e pelo diálogo entre tradição e contemporaneidade.
O PanAfro 2025 reafirma a potência dos territórios negros de Salvador como espaços de arte, memória e inovação cultural. A segunda etapa, FEMADUM 2025, será realizada de 5 a 7 de dezembro.
SERVIÇO:
PanAfro – FEMADUM 2025 (Festival de Música e Artes Olodum)
5, 6 e 7 de dezembro de 2025
Centro Histórico de Salvador
Acesso: Aberto ao público
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