Religião
Seminário “Seu caminhar, nosso viver: 50 anos de iniciação da Makota Valdina” emocionou plateia
Em um auditório lotado que leva o seu nome, Makota Valdina foi a grande homenageada do Seminário “Seu caminhar, nosso viver: 50 anos de iniciação da Makota Valdina”, que ocorreu nos dias 24 e 25 de janeiro, no Arquivo Público Municipal de Salvador, localizado no bairro do Comércio. Inspirado no título do seu livro “Meu caminhar, meu viver”, lançado em novembro de 2013, o evento teve a iniciativa da comunidade do Nzo Onimboyá, sob a liderança de Nengwa Angélica Pinto, para celebrar os 50 anos de iniciação de Makota Valdina Pinto, uma das figuras mais influentes da cultura, religião e ativismo negro no Brasil, honrando seu legado.
O objetivo foi promover a reflexão acerca da contribuição de Valdina, a Makota Zimewanga, para a cultura afro-brasileira e a diáspora negra. Parceiros, colaboradores e admiradores do seu trabalho marcaram presença, acompanhando as mesas que contaram com a participação de integrantes da Família Pinto e pessoas muito próximas à sua história, contando fatos de quando ela ainda estava em vida. Sua trajetória foi marcada pela defesa do meio ambiente, pela conexão entre as cosmologias Bantu-Kongo, indígenas e afro-brasileiras e pela luta contra o racismo estrutural, se destacando como intelectual, ativista e líder espiritual.

Foto: Ana Paula Nobre
Sua contribuição para a preservação ambiental, por meio de projetos como os no Parque de São Bartolomeu e sua atuação contra a intolerância religiosa, junto aos blocos-afros Ilê Aiyê e Olodum, são exemplos de seu legado. Além de sua atuação política em coletivos negros e na criação da SEPROMI, ela orientou importantes lideranças políticas, sempre com um compromisso inabalável com a construção de um Brasil mais justo e igualitário.
Na noite da sexta-feira (24), cânticos foram entoados em abertura, com todos vestidos de branco e profundamente emocionados. Iniciando a roda de conversa, para falar sobre ‘Legados teóricos, culturais e literários de Makota Valdina’, a professora Tainã Cardoso foi a primeira convidada. Em seguida, Muzenza Lendoluanko, Tata Muntoloji e Muzenza Mutalameso discorreram sobre a ‘Preservação da memória material e imaterial de Makota Valdina’. A Mesa 1: Musoni foi composta pelo Ogã Valter Neves, Mametu Kamurici, membros da Família Pinto e teve mediação de Tata Kumbakeji.

Foto: Ana Paula Nobre
Apoiado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBa), a chefa de gabinete, Josy Santos, prestigiou o encontro levando em palavras a mensagem da diretora, Sara Prado, destacando que “estamos animados não apenas pela grande figura da Makota Valdina, mas também pela sua contribuição à história de políticas públicas e promoções, sendo referência de cultura para direitos humanos e justiça social. A Funceb só agradece a oportunidade de ser parceira no aniversário de 50 anos de iniciação de Makota Valdina. Que Oyá a mantenha em espírito elevado”.
Na manhã do sábado (25), a Mesa 2: Kala foi mediada por Muzenza Mutalameso e recebeu a Profa. Dra. Maria Nazaré, Profa. Dra. América Cézar e Profa. Dra. Ana Célia da Silva como convidadas. A Mesa 3: Tukula teve mediação de Muzenza Kisimbilucaya e convidados Tata Landemunkosi, Ebomi Vanda Machado e Tata Nlundyandembu. A Mesa 4: Luvemba foi mediada por Muzenza Lendoluanko e contou com as participações de Nengwa Vulasese, Tata Zingelunbondo, Muzenza Ngembwakele e Muzenza Twalebenkosi.

Foto: Ana Paula Nobre
No encerramento, toques, cânticos e muita gratidão, como declarou Cândida Silva, assessora técnica da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM). “Foi um seminário cheio de generosidade, por se dispor a compartilhar o legado histórico de Makota Valdina. Memórias, lembranças e escritos para transformar a consciência de todo um povo. Sou só gratidão”.
Para a jornalista Maria Auxiliadora Santos, “como mulher preta que tem suas raízes familiares em religiões de matriz africana, achei de suma importância a realização do seminário pela memória de Makota Valdina. Foi uma linda homenagem da família ao legado deixado por ela, tanto nos 50 anos de iniciação na religião quanto em vida social. É muito importante constatar que seus familiares sanguíneos se misturam aos seus familiares de axé e que toda essa comunidade trabalha unida para preservar a história e o legado deixado por ela”.

Foto: Ana Paula Nobre
Mais sobre a homenageada
Valdina Pinto de Oliveira, a Makota Valdina, nasceu em 15 de outubro de 1943, no bairro do Engenho Velho da Federação, e faleceu no dia 19 de março de 2019, aos 75 anos. Ocupou o cargo religioso de Makota do Terreiro de Candomblé Angola Tanuri Junsara, no bairro onde nasceu, desenvolvendo importantes ações educacionais. É reconhecida na constante luta pelos direitos das mulheres, contra o racismo e a intolerância religiosa, pela igualdade de direitos e por uma sociedade sem preconceitos.
Além de religiosa e ativista política, Valdina Pinto foi professora aposentada da rede pública municipal, educadora e membro do Conselho de Cultura da Bahia. Após formar-se educadora, ensinou na sede da Associação de Moradores, em Barracão de Terreiro de Candomblé, escolas, na própria casa e também nas Ilhas Virgens, quando foi convidada para lecionar português a um grupo de estrangeiros que viria para o Brasil.

Foto: Ana Paula Nobre
Em novembro de 2013, lançou o livro de memórias intitulado ‘‘Meu Caminho, Meu Viver’’. Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Makota Valdina recebeu diversas condecorações como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.
Texto de cobertura de Ana Paula Nobre (jornalista e repórter do Portal Soteropreta)
Religião
Encontro convoca homens de Axé contra violência de gênero
Salvador sediará nesta sexta-feira (19), o encontro “Da casa que nos forma ao mundo que construímos – Um chamado aos homens de axé pela vida das mulheres”. Aberta ao público, a iniciativa propõe um espaço de diálogo comunitário, político e ancestral voltado ao enfrentamento da violência contra mulheres. Acontece no Santuário Zé Pilintra, no bairro do Comércio, em Salvador.
Realizado pelo Santuário Zé Pilintra em parceria com a Marcha do Empoderamento Crespo, o encontro parte da compreensão de que os terreiros são casas de formação ética e comunitária e que o enfrentamento à violência de gênero também passa pela reflexão e pelo compromisso assumidos dentro dos espaços de axé.
O debate reunirá homens e mulheres do candomblé, lideranças religiosas, integrantes de movimentos sociais e convidados, em um formato horizontal, empático e colaborativo, baseado na escuta qualificada e na troca de experiências.
Em 2023, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação do crime, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e a maioria das violências contra mulheres segue ocorrendo no ambiente doméstico.
“O terreiro é uma escola civilizatória. É onde aprendemos cuidado, pertencimento e responsabilidade. Se a violência cresce fora, precisamos ter coragem de olhar para dentro das nossas casas e revisar práticas, silêncios e pactos que não protegem a vida das mulheres”, afirma Naira Gomes, Yaô de Oxum, presidenta e cofundadora da Marcha do Empoderamento Crespo.
O encontro marca o início de um processo coletivo de construção de uma Carta de Princípios e Práticas, que será desenvolvida ao longo do projeto, com a participação de diferentes casas de axé, e que deverá se desdobrar em uma iniciativa itinerante em Salvador e na Bahia.
“O cuidado nasce em casa — e a responsabilidade também. Este encontro histórico, baseado nas perspectivas da ancestralidade e da responsabilidade e coletividade, inaugura um caminho para que o axé esteja, de forma clara e pública, ao lado da vida das mulheres”, reforça o Babalorixá da Conceição, presidente do Santuário Zé Pilintra em Salvador.
SERVIÇO
O quê: Encontro “Da casa que nos forma ao mundo que construímos – Um chamado aos homens de axé pela vida das mulheres”
Quando: 19 de dezembro (terça-feira)
Horário: 18h
Onde: Santuário Zé Pilintra — Rua Corpo Santo, nº 15, Comércio, Salvador/BA
Religião
21ª Caminhada Pela Paz homenageia Exú, Mensageiro da Paz
A 21ª Caminhada Pela Paz, Pela Vida e Contra o Racismo Religioso acontece em Salvador, reunindo comunidades religiosas, artistas e comunicadores para reforçar o combate à intolerância e ao preconceito. O seminário da edição, “Exú, o Mensageiro da Paz”, será realizado no Terreiro do Cobre, Engenho Velho da Federação, no dia 8 de novembro, às 15h, desmistificando preconceitos sobre o Orixá Exú.
“O tema deste ano homenageia Exú, força que abre caminhos e conduz transformações”, afirma a organização.
O seminário contará com Egbomi Marlene de Exú (Axé Bomboxé), Rychelmy Esutobi (Ilê Asé Ojisé Olodumare), Sergio Laurentino (Bando de Teatro Olodum e Ilê Axé Oluayê Onissogum), e a multiartista Nildes Sena. O escritor Nelson Maca participa com intervenção poética, e a mediação é do jornalista André Santana.
A Caminhada será no dia 15 de novembro, com concentração a partir das 14h, na Praça Mãe Runhó, fim de linha do Engenho Velho da Federação. O cortejo percorre ruas históricas do Engenho Velho, Federação, Garibaldi e Vasco da Gama, passando por terreiros tradicionais como a Casa Branca, Gantois, Terreiro de Oxumaré, Bogum, Tumba Junsara e Tanuri Junsara.
Criada em 2003, a Caminhada surgiu como resistência às perseguições e violência contra os povos de axé e se consolidou como um dos maiores atos de fé, diversidade e convivência plural na Bahia.
“Ao som dos atabaques, com cantos, rezas e palavras de ordem, celebramos as heranças africanas que fundamentam a religiosidade negra e a história do Brasil”, afirmam os organizadores.
SERVIÇO:
Seminário: “Exú, o Mensageiro da Paz”
8 de novembro de 2025, às 15h
Terreiro do Cobre – Rua Apolinário Santana, 154, Engenho Velho da Federação
21ª Caminhada Pela Paz, Pela Vida e Contra o Racismo Religioso
Quando: 15 de novembro de 2025, a partir das 14h
Onde: Praça Mãe Runhó – fim de linha do Engenho Velho da Federação
Informações para imprensa: André Santana (71) 98873-7047 / Meire Oliveira (71) 99995-5308
Música
Irmãos no Couro celebra oito anos no Casarão das Yabás
No dia 27 de setembro, o projeto Irmãos no Couro completa oito anos tendo como finalidade a preservação e a manutenção da identidade e do saber ancestral afro brasileiro, utilizando como principais ferramentas os toques, as cantigas e os conhecimentos que vem sendo transmitidos por gerações.
Tudo começou com a reverência àqueles encarregados de despertar as divindades através dos toques como os Mestres Nem (Tio Patinho – Terreiro do Cobre), Reinaldo, Tata Landemunkosi, e Nelson, Tata Jimungongo (Nzo Tanuri Junsara) e os Alagbé Edvaldo Araújo, Asogun Arielson Chagas (Terreiro da Casa Branca), bem como transmitir o conhecimento adquirido no convívio com eles.
Sediado no centenário Nzo Tumba Junsara, localizado no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, o Irmãos no Couro realiza oficinas de atabaques, formação de orquestra junto aos Clarins da Bahia, confecção de instrumentos tambor ìlú e xequerê, formação da banda de samba de terreiro e viola.
A partir da formação da Escola de Toques é que nasceu, em 2019, a Orquestra Irmãos no Couro, passando a uma fomentar a outra.
Neste dia 27 de setembro, quando celebra oito anos de criação, o Irmãos no Couro prepara mais uma edição e será no Casarão das Yabás (R. Martin Francisco, 15 – Garcia), a partir das 20h. Os ingressos serão vendidos a R$ 25, até a limitação do espaço. Terá participação de Orisun, Juraci (Samba Trator), Alacorin e Geo da Viola.
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