Audiovisual
Série Nossas Pretas Protagonistas entrevista a tradutora e intéprete Raquel Luciana
Quando pensamos nas vozes diaspóricas que desejamos ouvir, Raquel Luciana se destaca como uma dessas mulheres que, em sua construção silenciosa, assemelha-se à nascente de um rio, desempenhando o papel crucial de conectar o Brasil com as perspectivas raciais interconectadas pelo mundo. Sua trajetória, que transcende o âmbito teórico para se tornar, acima de tudo, subjetiva e corporal, tem nos permitido adentrar no campo da tradução negra de maneira afetiva, com um senso profundo de pertencimento, reconhecimento e ancestralidade, mesmo diante dos desafios apresentados quando se trata de corpos negros neste papel, com seus debates e lutas correspondentes.
Ao longo de mais de 15 anos, Raquel Luciana de Souza tem se destacado como uma intérprete que nos convida a refletir sobre as questões de raça e gênero no espaço da tradução, adotando uma perspectiva interseccional. Ex-bolsista da Fulbright, ela possui doutorado em Antropologia Social com foco em Estudos da Diáspora Africana pela Universidade do Texas em Austin, mestrado em Estudos Americanos pela Universidade de Maryland, Pós-Graduação em Linguística Aplicada à Tradução pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduação em tradução pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente, é pesquisadora e colaboradora do Projeto Traduzindo no Atlântico Negro da UFBA, coordenado pela professora Denise Carrascosa, doutora pela UFBA.
Estamos diante de uma profissional da área de tradução que, além dos desafios inerentes a sua profissão, assume o papel de intelectual negra, convidando-nos a refletir sobre a tradução a partir das subjetividades, experiências, textualidades e performances negras. Reconhecida por sua habilidade em traduzir simultaneamente referências nacionais e internacionais em prol dos direitos humanos e do combate ao racismo, Raquel é uma mineirana (mineira com baiana) que tem dado voz brasileira a ícones e pensadores feministas como Angela Davis, Malala Yousafzai, embaixadores africanos e intelectuais como o neurocientista Carl Hart, o Prêmio Nobel da Paz Wole Soyinka, primeiro negro a receber o Nobel de Literatura, Nkosinathi Biko (filho mais velho de Bantu Biko, ativista anti-apartheid da África do Sul nas décadas de 1960 e 1970), entre outros.
Raquel teve seus primeiros contatos com a língua inglesa ainda em Minas Gerais, quando estudava tradução na Universidade Federal de Ouro Preto. Para ela, trabalhar com a legendação de filmes era uma de suas metas na vida. De acordo com Raquel, seu desejo de analisar a legendação de filmes estava intrinsecamente ligado à perspectiva de traduzir humor, algo que ainda hoje é considerado uma tarefa complexa, dada a variedade de questões que precisam ser consideradas, como a reflexão sobre a traduzibilidade do humor.
Para a sorte da diáspora negra, Diva Moreira é a ativista que muda essa perspectiva e introduz nossa entrevistada nos primeiros momentos do encontro com a questão racial. Tornando-a responsável por traduzir professores, em sua maioria afro-americanos e afro-americanas, interessados não apenas na pesquisa da implementação da Secretaria de Promoção da Igualdade, sob a coordenação de Diva, mas também no projeto inovador no cenário racial e político que essa se tornava. Trata-se do primeiro projeto formal de uma Secretaria que abordava especificamente a questão racial.
Pioneira ao abordar questões raciais dentro da perspectiva da tradução, Raquel teve que se adaptar à escrita norte-americana devido a sua bolsa do Governo Americano para mestrado e doutorado nos EUA. Ao se especializar em questões raciais no âmbito da tradução e nos processos de implementação de Ações Afirmativas nas universidades norte-americanas, Raquel tem sido uma das vozes que se propõe a dar à tradução mais do que simples palavras. Ela tem construído um caminho de pertencimento e representatividade que nos aproxima e nos conecta com os textos e atores traduzidos.
Ao estabelecer pontes entre sua experiência profissional com questões raciais no Brasil (especificamente em Minas Gerais) e o entendimento comparativo das experiências raciais nos Estados Unidos, Raquel Luciana tem conectado e amplificado vozes que resistem e atuam na construção de uma nova sociedade e na luta pelos direitos garantidos. Revelando, por meio dos relatos dessas personagens emblemáticas, a diversidade de pensamentos, conhecimentos, histórias e realidades de vida na diáspora, sua tradução tem nos proporcionado acesso a relatos e informações complementares sobre a realidade e as lutas desses povos e ativistas, entre outros, no contexto brasileiro.
Por Luciane Reis
A série “Nossas Pretas – Protagonistas” tem o intuito de dar visibilidade a mulheres baianas que têm feito a diferença em diversas áreas, que vão desde cultura e política até economia, educação e saúde.
Confira a entrevista com Raquel Luciana AQUI.
Audiovisual
Edcity Fantasmão lança Macaco Sessions nesta quinta (20)
Edcity Fantasmão lança audiovisual Macaco Sessions nesta quinta (20), Dia da Consciência Negra, em uma edição histórica que valoriza a força da cultura preta e periférica. O groove que transformou o pagode baiano em símbolo de identidade e resistência ganha um novo registro, já disponível no YouTube da Macaco Gordo e nas principais plataformas de música.
“Esse é um trabalho que eu espero que conecte a energia do povo com a força da favela. As canções desse audiovisual são poesias cantadas das histórias de muitos. Revisitar esses clássicos, nesse formato tão único, mostra mais uma vez a força do que foi construído e ainda segue vivo”, afirma Edcity.
No repertório, o público encontra sucessos que marcaram gerações — como “É Pra Descer Quebrando”, “Conceito”, “Sou da Ralé”, “Black Power”, “Eu Sou Negão” e “Kuduro” — além de faixas inéditas nas plataformas, como “Veneno”, “Vem Morar No Gueto” e “Teve Que Ser Assim”. Sob direção de Chico Kertész, o audiovisual reforça o propósito do Macaco Sessions: valorizar a música brasileira em sua essência mais viva, aquela que nasce do povo, da rua e do gueto.
Criado em 2006, o Fantasmão foi um divisor de águas no cenário baiano, aproximando o discurso das favelas do centro do palco e unindo crítica social a um groove marcante. Agora, sob o comando de Edcity — voz original e criador do movimento — o projeto ganha um registro que reafirma a importância da arte preta como memória, potência e futuro.
Para acompanhar novidades, bastidores e agenda de shows, basta seguir os perfis oficiais de Edcity (@edcity) e do Fantasmão (@bandafantasmao).
Audiovisual
FECIBA Itinerante chega a Salvador de 26 a 29/11
A CAIXA Cultural Salvador apresenta, de 26 a 29 de novembro, o FECIBA Itinerante – Festival de Cinema Baiano, que chega à capital com dezenas de filmes e uma programação gratuita dedicada à ancestralidade, diversidade e infância. As exibições acontecem nas mostras Atualidades, Infantojuvenil, Identidades, Acessibilidade e Premiados nas Competitivas, todas acompanhadas por bate-papos com diretores e integrantes das equipes.
Em sua primeira edição em Salvador, o FECIBA Itinerante é apresentado pela CAIXA Cultural Salvador, realizado pela Voo Audiovisual e conta com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.
A abertura acontece no dia 26 (quarta-feira), às 19h, no Cineteatro 2 de Julho – IRDEB, com os documentários Gabi Guedes: Música e Ancestralidade, de Vanessa Aragão, e Reggae Resistência, de Cecília Amado e Pablo Conceição. Após a sessão, os diretores participam de um bate-papo sobre o processo do filme, que traz depoimentos de nomes fundamentais do reggae baiano, como Edson Gomes e Nengo Vieira.
Entre os destaques está o longa Saudade fez morada aqui dentro, de Haroldo Borges, pré-selecionado para representar o Brasil no Oscar 2025 e premiado em festivais nacionais e internacionais. A exibição acontece no dia 27 (quinta-feira), às 19h, na CAIXA Cultural Salvador, dentro da Mostra Atualidades.
De 27 a 29, toda a programação segue na CAIXA Cultural Salvador. Nas tardes de quinta e sexta (27 e 28), a Mostra Infantojuvenil exibe filmes de classificação livre, incluindo Alice dos Anjos, de Daniel Almeida Leite, que conversa com o público após a sessão. Inspirado livremente em Alice no País das Maravilhas, o filme se passa no sertão nordestino, onde uma menina negra encontra um mundo mágico ao seguir um bode.
“Levar a itinerância para Salvador é um gesto estratégico e simbólico para fortalecer o diálogo entre interior e capital, ampliando a circulação do cinema baiano e valorizando a diversidade de olhares que compõem nossa produção audiovisual”, afirma Edson Bastos, coordenador do festival.
A programação inclui ainda os filmes premiados na 8ª edição do FECIBA, realizada em Ilhéus, com produções gravadas em cidades como Salvador, Cachoeira, Itaparica, Cafarnaum e Teolândia.
Além das sessões, o festival oferece oficinas gratuitas com os cineastas José Araripe Jr. e Amanda Aouad.
No dia 27, às 16h, a Mostra Identidades apresenta filmes voltados à diversidade e ao respeito às populações LGBTQIA+, negras, mulheres, indígenas e pessoas com deficiência.
A Mostra Acessibilidade, no sábado (29), reúne sessões com legendas descritivas, janela de Libras e audiodescrição.
Serviço:
[Cinema] FECIBA Itinerante – Festival de Cinema Baiano
CAIXA Cultural Salvador – Rua Carlos Gomes, 57, Centro – Salvador/BA
Abertura: 26 de novembro (quarta), às 19h – Cine Teatro 2 de Julho – IRDEB
Programação: 27 a 29 de novembro na CAIXA Cultural Salvador Horários: 14h às 21h
Entrada gratuita
Classificação indicativa: sob consulta
Acesso para pessoas com deficiência
Informações: Site CAIXA Cultural | Instagram @caixaculturalsalvador
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Audiovisual
Gravações de “O Baiano Precisa Ser Estudado” começam em Salvador
As gravações do longa-metragem “O Baiano Precisa Ser Estudado” começaram esta semana em Salvador. A produção reúne um elenco majoritariamente negro e baiano e se propõe a retratar afetos, cotidiano e identidade de forma contemporânea, evitando estereótipos e colocando a Bahia no centro da narrativa de maneira ampla e plural. As primeiras cenas foram rodadas na praia de São Tomé de Paripe, na orla do subúrbio.
O elenco reúne nomes como Clara Paixão (Samira), Jean Pedro (Wesley), Heraldo de Deus (Júlio), Ella Nascimento (Lila), Cassia Valle (Jacira), Luis Pepeu (Luiz), Cibele Marina (Maria José), Sancho (Sandro Rangel) e Hamilton Borges (Mario). Também participam Ray Alves (Seu Flor), Jamile Alves (Yalorixá), Jamile Dionisia (Ekedi), Gerson Souza (Seu Bahia) e Dani Souza (Rifeira).
A história acompanha Samira, que retorna à cidade natal após 21 anos para concluir uma pesquisa de mestrado sobre Baianidade, e Wesley, que tenta recomeçar a vida após o fim de um relacionamento, enquanto divide a guarda de um cachorro. A partir desses encontros, o filme explora relações, tensões e conexões afetivas que atravessam o universo baiano.
O projeto é uma realização da Ori Imagem e Som Produções Cinematográficas, com produção associada da Sujeito Filmes e Salamandra Produções, além de apoio da Quanta Estúdios. A criação e o roteiro são assinados por Heraldo de Deus; a produção é de Tom Pinheiro, que também dirige o longa; e a produção executiva é de Day Sena.
“O Baiano Precisa Ser Estudado” foi contemplado nos editais da Paulo Gustavo Bahia, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal.
SERVIÇO:
Filme: O Baiano Precisa Ser Estudado
Status: Gravações iniciadas em Salvador
Locações iniciais: Praia de São Tomé de Paripe – Subúrbio Ferroviário
Direção: Tom Pinheiro
Roteiro: Heraldo de Deus
Produção: Ori Imagem e Som
Produção Associada: Sujeito Filmes, Salamandra Produções
Apoio: Quanta Estúdios
Financiamento: Lei Paulo Gustavo Bahia – SecultBA / Governo do Estado
Previsão de lançamento: A confirmar
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