Religião
Aprovado parecer que defende tombamento do terreiro Mokambo, em Salvador
O parecer de autoria da conselheira de cultura Ana Vaneska, que defende o tombamento do terreiro Mokambo – Onzó Nguzo za Nkizi Dandalunda Ye Tempo, localizado no bairro do Trobogy, em Salvador, foi aprovado em reunião da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural, principal instrumento de trabalho do Conselho Estadual de Cultura.
A conselheira, que preside a Câmara de Patrimônio, defende o tombamento e recomenda o cumprimento da lei municipal de proteção da área de mata atlântica, com base na legislação vigente que protege o Sistema de Áreas Verdes do Município, sendo levada em consideração que trata-se de uma Área de Proteção Cultural e Paisagística (APCP). O texto sugere que se façam valer as medidas jurídicas ao reflorestamento da área e assim garantir as características simbólicas e culturais típicas da religiosidade de matriz africana vinculadas aos elementos da natureza.
O início do processo consta de 2005, quando o Taata Anselmo José da Gama Santos, sacerdote do Terreiro Mokambo, solicitou ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) a aplicação da Lei de Patrimônio a fim de afirmar a condição necessária para preservação do espaço. O processo foi encaminhado à Câmara de Patrimônio após o IPAC ter elaborado um Dossiê de Inventário para Preservação. Em 2007, foi aplicado o tombamento provisório do terreiro e sua inscrição no Livro do Tombamento dos Bens Imóveis, como medidas preventivas que garantissem, no decorrer da ação, a inviolabilidade dos direitos culturais da comunidade detentora do patrimônio em questão.
Depois de minuciosa leitura dos documentos reunidos tanto pelo IPAC como pelo Taata Anselmo, e de feitas visitas técnicas ao local, a defesa da importância do instrumento de tombamento se faz agregando força às medidas protetivas e de salvaguarda em desenvolvimento e capitaneadas pela comunidade tradicional. O templo religioso possui o Memorial Mokambo Kisimbiê – Águas do Saber, é detentor do primeiro plano museológico de um memorial de terreiro no Brasil e tem o Plano de Salvaguarda dos Bens Imateriais daquele sítio religioso em fase de elaboração, sendo construído pela sua própria gente.
O parecer menciona ainda a árvore genealógica espiritual do terreiro, fazendo referência à tradição do culto na Bahia e aos caminhos percorridos pelo povo bantu durante o período escravocrata no Brasil. Além disso, cita objetos de extrema relevância, como a cadeira de Jubiabá, batizada há mais de cem anos, e faz menção à intolerância religiosa que acomete as religiões de matriz africana, bem como a violência direcionada aos terreiros, a exemplo dos prejuízos sofridos com a especulação imobiliária.
Fonte: Ascom – Conselho Estadual de Cultura
Fotos: Ana Vaneska
Religião
Encontro convoca homens de Axé contra violência de gênero
Salvador sediará nesta sexta-feira (19), o encontro “Da casa que nos forma ao mundo que construímos – Um chamado aos homens de axé pela vida das mulheres”. Aberta ao público, a iniciativa propõe um espaço de diálogo comunitário, político e ancestral voltado ao enfrentamento da violência contra mulheres. Acontece no Santuário Zé Pilintra, no bairro do Comércio, em Salvador.
Realizado pelo Santuário Zé Pilintra em parceria com a Marcha do Empoderamento Crespo, o encontro parte da compreensão de que os terreiros são casas de formação ética e comunitária e que o enfrentamento à violência de gênero também passa pela reflexão e pelo compromisso assumidos dentro dos espaços de axé.
O debate reunirá homens e mulheres do candomblé, lideranças religiosas, integrantes de movimentos sociais e convidados, em um formato horizontal, empático e colaborativo, baseado na escuta qualificada e na troca de experiências.
Em 2023, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação do crime, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e a maioria das violências contra mulheres segue ocorrendo no ambiente doméstico.
“O terreiro é uma escola civilizatória. É onde aprendemos cuidado, pertencimento e responsabilidade. Se a violência cresce fora, precisamos ter coragem de olhar para dentro das nossas casas e revisar práticas, silêncios e pactos que não protegem a vida das mulheres”, afirma Naira Gomes, Yaô de Oxum, presidenta e cofundadora da Marcha do Empoderamento Crespo.
O encontro marca o início de um processo coletivo de construção de uma Carta de Princípios e Práticas, que será desenvolvida ao longo do projeto, com a participação de diferentes casas de axé, e que deverá se desdobrar em uma iniciativa itinerante em Salvador e na Bahia.
“O cuidado nasce em casa — e a responsabilidade também. Este encontro histórico, baseado nas perspectivas da ancestralidade e da responsabilidade e coletividade, inaugura um caminho para que o axé esteja, de forma clara e pública, ao lado da vida das mulheres”, reforça o Babalorixá da Conceição, presidente do Santuário Zé Pilintra em Salvador.
SERVIÇO
O quê: Encontro “Da casa que nos forma ao mundo que construímos – Um chamado aos homens de axé pela vida das mulheres”
Quando: 19 de dezembro (terça-feira)
Horário: 18h
Onde: Santuário Zé Pilintra — Rua Corpo Santo, nº 15, Comércio, Salvador/BA
Religião
21ª Caminhada Pela Paz homenageia Exú, Mensageiro da Paz
A 21ª Caminhada Pela Paz, Pela Vida e Contra o Racismo Religioso acontece em Salvador, reunindo comunidades religiosas, artistas e comunicadores para reforçar o combate à intolerância e ao preconceito. O seminário da edição, “Exú, o Mensageiro da Paz”, será realizado no Terreiro do Cobre, Engenho Velho da Federação, no dia 8 de novembro, às 15h, desmistificando preconceitos sobre o Orixá Exú.
“O tema deste ano homenageia Exú, força que abre caminhos e conduz transformações”, afirma a organização.
O seminário contará com Egbomi Marlene de Exú (Axé Bomboxé), Rychelmy Esutobi (Ilê Asé Ojisé Olodumare), Sergio Laurentino (Bando de Teatro Olodum e Ilê Axé Oluayê Onissogum), e a multiartista Nildes Sena. O escritor Nelson Maca participa com intervenção poética, e a mediação é do jornalista André Santana.
A Caminhada será no dia 15 de novembro, com concentração a partir das 14h, na Praça Mãe Runhó, fim de linha do Engenho Velho da Federação. O cortejo percorre ruas históricas do Engenho Velho, Federação, Garibaldi e Vasco da Gama, passando por terreiros tradicionais como a Casa Branca, Gantois, Terreiro de Oxumaré, Bogum, Tumba Junsara e Tanuri Junsara.
Criada em 2003, a Caminhada surgiu como resistência às perseguições e violência contra os povos de axé e se consolidou como um dos maiores atos de fé, diversidade e convivência plural na Bahia.
“Ao som dos atabaques, com cantos, rezas e palavras de ordem, celebramos as heranças africanas que fundamentam a religiosidade negra e a história do Brasil”, afirmam os organizadores.
SERVIÇO:
Seminário: “Exú, o Mensageiro da Paz”
8 de novembro de 2025, às 15h
Terreiro do Cobre – Rua Apolinário Santana, 154, Engenho Velho da Federação
21ª Caminhada Pela Paz, Pela Vida e Contra o Racismo Religioso
Quando: 15 de novembro de 2025, a partir das 14h
Onde: Praça Mãe Runhó – fim de linha do Engenho Velho da Federação
Informações para imprensa: André Santana (71) 98873-7047 / Meire Oliveira (71) 99995-5308
Música
Irmãos no Couro celebra oito anos no Casarão das Yabás
No dia 27 de setembro, o projeto Irmãos no Couro completa oito anos tendo como finalidade a preservação e a manutenção da identidade e do saber ancestral afro brasileiro, utilizando como principais ferramentas os toques, as cantigas e os conhecimentos que vem sendo transmitidos por gerações.
Tudo começou com a reverência àqueles encarregados de despertar as divindades através dos toques como os Mestres Nem (Tio Patinho – Terreiro do Cobre), Reinaldo, Tata Landemunkosi, e Nelson, Tata Jimungongo (Nzo Tanuri Junsara) e os Alagbé Edvaldo Araújo, Asogun Arielson Chagas (Terreiro da Casa Branca), bem como transmitir o conhecimento adquirido no convívio com eles.
Sediado no centenário Nzo Tumba Junsara, localizado no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, o Irmãos no Couro realiza oficinas de atabaques, formação de orquestra junto aos Clarins da Bahia, confecção de instrumentos tambor ìlú e xequerê, formação da banda de samba de terreiro e viola.
A partir da formação da Escola de Toques é que nasceu, em 2019, a Orquestra Irmãos no Couro, passando a uma fomentar a outra.
Neste dia 27 de setembro, quando celebra oito anos de criação, o Irmãos no Couro prepara mais uma edição e será no Casarão das Yabás (R. Martin Francisco, 15 – Garcia), a partir das 20h. Os ingressos serão vendidos a R$ 25, até a limitação do espaço. Terá participação de Orisun, Juraci (Samba Trator), Alacorin e Geo da Viola.
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