Cultura
Quilombo do Alto do Tororó celebra 40 anos e reivindica titulação

No próximo 28 de junho, o Quilombo do Alto do Tororó, em São Tomé de Paripe, será palco da Festa das Marisqueiras e Pescadores, uma celebração ancestral que vai além da cultura e se consolida como um ato político e de resistência pela titulação definitiva do território quilombola. A programação começa às 8h e se estende até as 22h, reunindo rodas de samba, apresentações culturais, feira de artesanato, exibição de filmes, mostra fotográfica e a tradicional corrida de canoas, símbolo do vínculo histórico da comunidade com as águas da Baía de Aratu.
A celebração marca os 15 anos de autodemarcação e certificação pela Fundação Gregório de Mattos, mas principalmente reforça os 40 anos de resistência cultural e territorial da comunidade formada por descendentes de povos africanos escravizados e indígenas Tupinambás.
“O samba é nossa ferramenta de aquilombamento e de afirmação. Ele nos movimenta e nossa ancestralidade nos guia”, afirma Bárbara Maré, liderança quilombola e integrante do Grupo das Matriarcas do Samba.
A festa é também um espaço estratégico de formação política, transmissão de saberes e fortalecimento da economia solidária, conectando gerações e promovendo o pertencimento quilombola. Mais do que um evento comemorativo, a iniciativa reforça a luta do quilombo pela titulação do território, ainda não regularizado, e denuncia os impactos da ocupação da Base Naval de Aratu, que limita o acesso das famílias ao mar, fonte histórica de sustento.
“Mais que uma festividade, a festa é um ato de resistência e reafirmação territorial”, destaca João Paulo Diogo, do Coletivo Assessoria Cirandas, parceiro da realização junto ao Tempero do Quilombo e Cultura Tao.
SERVIÇO
O quê: Festa das Marisqueiras e Pescadores do Quilombo do Alto do Tororó
Quando: 28 de junho de 2025 (sábado)
Onde: Comunidade do Alto do Tororó – São Tomé de Paripe
Aberto ao público | Entrada gratuita
PROGRAMAÇÃO
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8h às 10h – Mesa de Abertura
Com presença de: SEPROMI, INEMA, INCRA, Ouvidoria do Estado, Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Reparação -
10h – Apresentação cultural: Matriarcas
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10h30 às 12h30 – Corrida de Canoas
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12h30 às 14h – Roda de Samba com o grupo QUIAL
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14h às 15h – Mesa de debate com lideranças quilombolas e entidades parceiras
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15h às 15h30 – Apresentação cultural: Mãos de Couro
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15h30 às 17h – Apresentações: Kiabo Capoeira, Matriarcas Mirim, Samba e Boi Mirim
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17h às 17h30 – Premiação da Corrida de Canoas
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18h às 22h – Show com Van Black
Mais informações: @assessoriacirandas | @temperodoquilombo | @fundacaogregoriodemattos
Fotos: Joelma Antunes
Cultura
Carla Akotirene recebe Comenda Maria Quitéria em Salvador

A pesquisadora de antirracismo e feminismos negros, Carla Akotirene, receberá, da Câmara Municipal de Salvador, a Comenda Maria Quitéria. A Comenda foi proposta pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), fundador do Instituto Steve Biko, instituição em que Akotirene se formou na militância enquanto mulher preta.
A honraria será concedida no dia 24 de setembro, em evento aberto ao público, no Plenário Cosme de Farias.
“Foi na Biko que Carla Akotirene moldou sua formação, e agora, será reconhecida por sua trajetória de excelência acadêmica e militância. É uma das mais brilhantes intelectuais da atualidade. Logo, essa homenagem é um reconhecimento justo a uma figura pública com suas qualificações”, justificou.
Carla Akotirene é doutora em Estudos Feministas pela UFBA e autora de obras fundamentais como “O que é interseccionalidade?” e “É fragrante fojado dôtor vossa excelência”. Ela também está à frente da Opará Saberes, curso que prepara candidaturas negras para a pós-graduação, mestrados, doutorados.
Seu trabalho é reconhecido nacionalmente no estudo de gênero, feminismo negro, racismo estrutural e da interseccionalidade, impactando e transformando a sociedade.
A Comenda Maria Quitéria é entregue pela Câmara Municipal de Salvador a mulheres que se destacam em atividades em benefício da cidade ou do estado da Bahia.
SERVIÇO
O quê: Concessão da Comenda Maria Quitéria para Carla Akotirene
Quando: 24 de setembro, às 18h
Onde: Câmara Municipal de Salvador (Plenário Cosme de Farias)
Cultura
Instituto Cultural Bantu realiza 1º Seminário Ginga de Resiliência

Até 13 de setembro, o Instituto Cultural Bantu (ICBANTU) realiza o 1º Seminário Ginga de Resiliência, reunindo mestres, mestras, educadores sociais e capoeiristas de três estados e cinco cidades brasileiras. A proposta é fortalecer a Capoeira Angola como tecnologia social e cosmovisão africana, em diálogo com a educação, a cultura e as estratégias de enfrentamento da violência.
O evento integra o Projeto Katinguelê Bantu, aprovado no Edital Pronasci II (Ministério da Justiça – Senacon) e tem duração de 12 meses. Acontece em Salvador, Lauro de Freitas, Ilhéus, São Paulo (Zona Leste) e Rio de Janeiro (Morro da Babilônia), alcançando 1.200 crianças e adolescentes diretamente e 3.400 pessoas indiretamente.
O seminário é coordenado por Edielson Miranda, Mestre Roxinho, fundador e CEO do Instituto Cultural Bantu. Nascido na Ilha de Itaparica, Mestre Roxinho transformou experiências de fome, exclusão social e vivência nas ruas em um projeto de vida pela emancipação social por meio da Capoeira Angola.
Com mais de 30 anos de atuação, já levou a prática para comunidades em extrema pobreza no Brasil, para jovens refugiados na Europa e na Austrália e para crianças vítimas do tráfico humano nas Filipinas. Sua trajetória é reconhecida nacional e internacionalmente, com prêmios como o Prêmio LED (2023), Prêmio Melhores ONGs (2024) e Menção Honrosa da Câmara Estadual de Cultura da Bahia (2025).
Fundado em 2006, o Instituto Cultural Bantu completará 20 anos em 2026, consolidado como referência em impacto social a partir da cultura afro-brasileira. Suas ações abrangem educação, segurança alimentar, regeneração socioambiental e fortalecimento da identidade cultural.
Programação
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11 e 12 de setembro – Salvador (BA): Abertura no novo núcleo do ICBANTU, no bairro de Fazenda Grande do Retiro, território simbólico na trajetória de luta de Mestre Roxinho.
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13 de setembro – Vera Cruz (BA): Atividades formativas na sede do Instituto, encerrando com grande celebração cultural, caruru e samba de roda.
O seminário contará com a presença de nomes expressivos da capoeira e da cultura afro-brasileira, como: Prof. Dr. Pedro Moraes Trindade (Mestre Moraes), Mestre Poloca, Mestre Célio, Mestre Marrom, Mestre Pingo, Mestre Augusto Januário e Tatá Marinho, do Terreiro Matamba Tombenci.
“O atraso de dois anos na liberação dos recursos foi um grande desafio, mas este seminário marca a retomada do Projeto Katinguelê e uma conquista histórica para a capoeira. Pela primeira vez, conseguimos reunir e remunerar mestres e mestras em larga escala, alcançando milhares de pessoas em apenas 12 meses”, afirma Mestre Roxinho.
SERVIÇO
Evento: 1º Seminário Ginga de Resiliência
Datas: 11 a 13 de setembro de 2025
Locais: Salvador (Fazenda Grande do Retiro) e Vera Cruz (Sede do ICBANTU)
Realização: Instituto Cultural Bantu
Coordenação: Mestre Roxinho
Entrada: gratuita
Fotos: Divulgação
Cultura
Audiosérie “Operações Negras” põe a Matemática contra o racismo

Disponível nas principais plataformas de áudio, a audiosérie Operações Negras convida o público a ouvir as histórias que costumam ser silenciadas. Escrita e dirigida por Marcelo Ricardo, roteirista e diretor baiano, a série mergulha no sistema prisional brasileiro para discutir segurança pública, reconhecimento facial e a violência do racismo institucional.
A Audiosérie Operações Negras é apoiada pelo Instituto Serrapilheira, que é uma iniciativa voltada para divulgação científica no brasil, e fruto do Camp de Podcast 2024 voltado para realizadores negras e negros.
Em cinco episódios, Maat é um educador autodidata apaixonado pelo conhecimento. Ele é acusado de um crime que não cometeu após ser vítima no sistema de reconhecimento facial. Preso sem audiência de custódia, é levado a uma penitenciária onde precisará usar o único recurso que domina com excelência: a lógica matemática.

Maat (Vagner Jesus)
“Maat é um jovem que foi confundido, quando outras juventudes, aos 22 anos, estariam vivendo confusões amorosas ou escolhendo o que vestir para uma festa. Quantos desses são jovens negros que podem ser presos sem audiência de custódia e que avolumam a capacidade das penitenciárias brasileiras?”, questiona o criador da audiossérie.
Ritornelo (Tiago Silva)
Enquanto luta para provar sua inocência, Maat transforma os cálculos que antes ensinava a pessoas em situação de rua em ferramentas para sobreviver no ambiente carcerário.
Além de usar a matemática para enfrentar a hostilidade do cárcere, Maat ajuda outros presos a descobrirem habilidades esquecidas, como o sonho de Ritornelo, um companheiro de cela que deseja ser MC de funk.

Marcelo Ricardo
A Audiosérie “Operações Negras” também destaca a matemática como herança africana, ancestral e estratégica. Maat usa equações como se fossem portais. Ainda que privados de liberdade, ele e o amigo “cortam o tempo” e imaginam a vida antes do comércio transatlântico de pessoas escravizadas usando um cálculo de progressão geométrica.
“A matemática, para nós, não é só cálculo. É uma linguagem de travessia, de permanência, de invenção. Ela serve tanto para construir futuro quanto para resgatar o que nos foi tirado”, afirma Marcelo.
SERVIÇO:
Podcast “Operações Negras”
Série em CINCO episódios.
Próximas datas: 21 e 28 de agosto.
Ouça no seu tocador favorito: https://tr.ee/iyqMEl
Fotos Anastácia Flora Oliveira
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