Cultura
7º Festival de Cultura e Arte Quilombola acontece em Simões Filho
A 7ª edição do Festival de Cultura e Arte Quilombola acontece entre os dias 16 e 18 de agosto, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. Com atividades gratuitas e abertas ao público, o evento vai reunir manifestações culturais e saberes tradicionais de oito comunidades quilombolas da Bahia. Moradores dos quilombos Pitanga dos Palmares (Simões Filho), Dandá (Simões Filho), Rio dos Macacos (Simões Filho), Quingoma (Lauro de Freitas), Matinha dos Pretos (Feira de Santana), Cordoaria (Camaçari), Alto do Tororó (Salvador) e Fazenda Retiro (Terra Nova) estarão reunidos, buscando fortalecer a memória cultural dessas localidades. Uma homenagem será prestada à idealizadora, Mãe Bernadete Pacífico, liderança que teve sua vida interrompida violentamente em 2023.
A programação inicia na sexta-feira (16), com o Encontro Nacional de Mulheres da Conaq – Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas. O encontro reunirá 50 mulheres de quilombos de todo o Brasil que participarão de uma oficina com o tema Resistência Quilombola. O festival conta com dez apresentações culturais de música e dança tradicionais, oficinas de gastronomia, dança, artesanato em barro, piaçava e palha da costa. No domingo (18), uma feira reúne produtos da agricultura familiar, artesanato e gastronomia, unindo 25 mestres e mestras artesãs das comunidades quilombolas, onde os visitantes poderão ver de perto alguns processos de produção, como a preparação da farinha numa Unidade Móvel Casa de Farinha.
O Afroturismo também será incentivado e, no sábado e domingo, às 10h, os participantes poderão aproveitar uma visita guiada, com direito a café da manhã com iguarias da culinária quilombola. O roteiro inclui a barragem, a Fazenda Aras Vento Leste e a casa de farinha no Quilombo Dandá. Os grupos serão formados às 10h, tanto no sábado quanto no domingo, e as vagas são limitadas.
“A cultura negra no Brasil criou estratégias próprias de resistência para a população, que não tem outras armas a não ser sua crença na vida. O festival é a salvaguarda desses saberes e fazeres ancestrais, como a gastronomia, a dança, o samba de roda, a agricultura familiar e o artesanato. Buscamos também movimentar a economia local e aproximar outros públicos da produção cultural que acontece em nossas comunidades”, afirma Wellington Pacífico, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares.
Um dos pontos altos do festival será a Caminhada da Diversidade Cultural, uma grande celebração pelo pedido de paz, respeito e tolerância religiosa e às diversidades culturais. A manifestação, que acontece no dia 18 (domingo), às 10h, deverá reunir um público de mil pessoas e contará com a presença de representantes de instituições políticas e culturais, organizações da sociedade civil, do candomblé, católicas e evangélicas e grupos LGBTQIA+. A caminhada pacífica e festiva é embalada pela música do grupo de samba de roda Viola de Quilombo, formado por moradores locais.
Com o mote “Mão Bernadete, o legado continua”, esta edição do festival tem como grande homenageada a líder comunitária e religiosa, principal mobilizadora do evento e uma das mais respeitadas lideranças negras do Brasil. No sábado (17), às 8h, uma missa seguida de cânticos para Oxumarê, na sede da Associação Muzanzu, marcará um ano da morte da matriarca do Quilombo Pitanga dos Palmares, brutalmente assassinada dentro de sua casa. Ela também dará nome ao Prêmio Mãe Bernadete Pacífico – Reconhecimento e Ancestralidade, que, em sua primeira edição, reconhecerá personalidades negras cujo trabalho ou ações são voltados para reconhecer, valorizar e estimular a cultura negra no Brasil. A premiação será no dia 18 (domingo), às 14h, e já tem as presenças confirmadas de João Jorge, presidente da Fundação Palmares, e Hélio Silva Jr, advogado e fundador do JusRacial.
A realização é do Quilombo Pitanga dos Palmares e da Associação Etno Desenvolvimento Muzanzu, com apoio de Sepromi – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Embasa – Empresa Baiana de Águas e Saneamento, SDR – Secretaria de Desenvolvimento Rural, CAR – Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos e EGBÉ AXÉ – Associação de Terreiros da Bahia.
Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço:
O quê: Festival de Cultura e Arte Quilombola
Quando: 16 a 18 de agosto de 2024
Onde: Quilombo Pitanga dos Palmares – Caipora – Simões Filho, Bahia
Cultura
Roda de capoeira movimenta Farol da Barra neste domingo (18)
O Farol da Barra será palco da abertura do Encontro Cultural e Intercâmbio Internacional de Capoeira Mangangá, neste domingo (18), a partir das 15h. Depois de uma grande roda de capoeira com participação dos capoeiristas, as atividades do evento ganharão os bairros do Pau Miúdo, Sete de Abril, Tancredo Neves, Terreiro de Jesus, Cabula, Mercado Modelo e Arena da Capoeira, no Comércio e em Simões Filho. Até o dia 25 de agosto, irão ocorrer ações em locais da capital baiana e região metropolitana.
Durante os oito dias, os participantes estarão envolvidos em ações como oficinas de percussão, dança afro, teatro, samba de roda, maculelê, Berimbalada, musicalidade e puxada de rede. Rodas de conversas, vivência, mostra de cinema, aulão público, Arrastão musical com o Festival de Samba Reggae andante. Além do batizado, troca de graduações e formatura. Na edição 2024, a Associação Cultural de Capoeira Mangangá vai homenagear o lendário “Besouro Mangangá” – Manoel Henrique Pereira – capoeirista baiano, nascido em Santo Amaro da Purificação, que no início do século XIX tornou-se o maior símbolo da Capoeira da Bahia. Além disso, por seus poderes “sobrenaturais”, consagrou-se um personagem lendário/mitológico para os praticantes da Capoeira.
A programação do 23° encontro estará voltada a uma reflexão sobre o tema com objetivo de salvaguardar, preservar e divulgar ainda mais a história de um herói nacional, esquecido por muitos, por representar uma classe oprimida, que não conseguia registrar a própria história por falta de oportunidades. Além de fortalecer os saberes tradicionais e promover o direito à cultura. O projeto pretende demonstrar estéticas simbólicas e políticas, embasado na mais ampla e rigorosa base empírica. Daí, a necessidade urgente da revolução da capoeira desde a era Besouro Mangangá.
Para Tonho Matéria, organizador do evento, Besouro é de fundamental importância para a cultura esportiva. “Besouro virou um mito, um símbolo da resistência negra a toda violência que a sociedade impôs aos homens e mulheres que construíram o país com grilhões em suas pernas e braços. Pouco se sabe sobre Manuel Henrique Pereira (filho de Maria José conhecida como Maria Aifa e João Matos Pereira conhecido como João Grosso). Registros oficiais mostram que ele nasceu em 1895 e/ou 1900 e foi a primeira geração da família a não estar preso por grilhões de ferro”.
“A revolução da roda de capoeira desde a era Besouro Mangangá se faz necessária. Ainda que não tenha deixado registro fotográfico, o Mestre Sidney da cidade de Santo Amaro, imbuiu-se ao retrato falado de Besouro, tendo como análise, a pesquisa e estudo da professora e historiadora Maria Mutti, assim como dados coletados por ele (mestre Sidney), das mãos do mestre Lampião”, acrescentou Tonho. Programação completa no @aldeiatribalproducoes e @blocodacapoeiraoficial
Cultura
Projeto “CIRCULÔ” acontece na UFBA
O projeto “Circulô 2.0: A rua é nóix”, acontece entre os dias 02 e 03 de agosto, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), em Salvador. Idealizado pelo Coletivo Resistência Preta (CRP), uma plataforma social do Movimento Negro que atua na capital baiana, o foco são as periferias, afro-inscrição, garantia de direitos e participação política.
Organizado pelo Núcleo de Juventudes do Coletivo Resistência Preta (CRP), o evento visa integrar as juventudes que não estão “organizadas” em grupos sociais, coletivos ou movimentos estudantis, proporcionando um espaço neutro para a construção coletiva de propostas de políticas públicas. O evento será gratuito e as inscrições devem ser realizadas através do link.
O projeto “CIRCULÔ” é o resultado das ações do núcleo de juventude, tendo como principal objetivo unir as juventudes negras, quilombolas, indígenas, LGBTQIAPN+ dos territórios periféricos, dada a dificuldade imposta pelo sistema vigente que limita o acesso dessas juventudes a outros espaços, seja devido à crescente violência, ao tráfico, ou questões mais básicas como acessibilidade e transporte. Em sua primeira edição, em julho de 2023 na UNEB (Universidade Estadual da Bahia) , o “CIRCULÔ” uniu centenas de jovens que buscam por capacitação e empoderamento.
De acordo com a coordenação do Núcleo CRP Juventudes, a primeira edição do CIRCULÔ, que aconteceu em julho de 2023, foi bem sucedida, mobilizando mais de duzentos jovens dentro de uma universidade pública em Salvador, que foi a UNEB. Na primeira edição os jovens puderam propor políticas públicas efetivas a partir da perspectiva deles, colocando em pauta as necessidades para que haja incentivo de política pública dentro das suas comunidades.
Este ano o projeto teve um alcance exponencial com a inicialização de uma extensão de políticas públicas educacionais dentro da UFBA (Universidade Federal da Bahia), para alunos e professores. Extensão essa que visa ampliar o debate sobre o acesso da juventude aos espaços de poder e tomadas de decisões (principalmente dentro das universidades) , o direito à cidade que engloba: infraestrutura, acessibilidade, inclusão, ocupação do espaço público e acesso a outros equipamentos sociais e culturais na cidade.
Tendo em vista que a Universidade Pública é um importante espaço de produção, acumulação e disseminação de conhecimento, essa Extensão Universitária servirá como um instrumento de inserção social, onde será possível aproximar a academia das comunidades e outras instituições, garantindo valores democráticos de igualdade de direitos, respeito à pessoa e sustentabilidade ambiental e social.
O “CIRCULÔ II: A rua é nóix” acontecerá no seguinte formato: sexta-feira,02, o evento inicia às 18h com mesa de abertura institucional, batalha da UFBA e coquetel para jovens mobilizados. No sábado o evento começa às 08h e haverá programação até as 22h, com oficinas culturais, roda de integração e festival cultural.
O propósito do coletivo é que a juventude tenha direito de reivindicar e questionar sobre a sociedade, sobre a formação e a constituição política. E para os membros da coordenação o CIRCULÔ fomenta ainda mais essa ação, tornando possível, palpável e tangível a partir das recorrências que acontecem durante todo o ano, antes mesmo de acontecer o Fórum, pois trabalham incansavelmente para desenvolver e concretizar projetos dentro das comunidades.
Serviço:
O quê: “Circulô 2.0: A rua é nóix”
Onde: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia
Quando: 02 e 03 de agosto
Entrada Gratuita
Cultura
Vini Ribeiro abre exposição “Meu corpo, suas regras”
Apresentando o tema corporeidade, o fotógrafo baiano Vini Ribeiro retrata, através das suas lentes, a violência que atravessa determinados corpos na exposição “Meu corpo, suas regras”, que chega à Biblioteca Central do Estado da Bahia no próximo dia 05 de agosto (segunda-feira). O lançamento acontece a partir das 17h30, com acesso gratuito e aberto ao público. O direito de existir de alguns corpos é o ponto central do projeto.
“Esse projeto se propõe a ser uma experiência multissensorial sobre o direito de existir de alguns corpos a partir de ensaios fotográficos que convidam para essa discussão na sociedade brasileira contemporânea. Ao percorrer esta exposição, somos desafiados a refletir sobre as violências silenciosas que perpetuamos e a lutar pela liberdade de todos os corpos existirem plenamente”, explica Vini Ribeiro.
A exposição é dividida em 5 ensaios. O primeiro, denominado de “Skincare”, mostra a fisioterapeuta e doula Eduarda Barbosa completamente coberta de argila, fazendo uma crítica ao consumo exagerado de “produtos de beleza” e a constante negação do corpo natural. Já o segundo, é intitulado “Miss beleza branca” e traz Ana Carolina dos Anjos, designer de interiores, com uma maquiagem que busca criticar o processo de embranquecimento de pessoas negras em campanhas, desfiles e fotografias.
No terceiro, cujo título é “A pele-alvo”, o poeta e idealizador do Sarau do Gheto, Pareta Calderash, aborda os diferentes significados da palavra “alvo”, que hora faz referência ao objeto ao qual se atiram coisas, hora com sua relação à cor “branca”. O quarto ensaio é denominado “Além das linhas” e apresenta a terapeuta Flôr Costa denunciando a cultura da magreza, a busca adoecedora de um corpo ideal padronizado. O último ensaio é chamado de “Insuficiente” e traz a escritora Amanda Soares, que convive com a paralisia cerebral, fazendo uma denúncia explícita e potente contra o capacitismo enraizado na sociedade.
“O ponto comum entre todos os ensaios desse projeto é que eles refletem sobre como a imposição de padrões estéticos de uma sociedade pode reverberar no ódio ao próprio corpo. Todos os dias somos bombardeados com informações que tentam promover, em determinadas pessoas, o asco a cor da própria pele, ao formato do seu nariz, ao próprio cabelo, às suas medidas, suas rugas, suas singularidades, suas cicatrizes, suas deficiências, seu gênero e tantas outras formas de violência”, explica o artista. Durante a visita, experiências táteis e audiodescrição garantem a inclusão de todos os públicos, como legendas em braile e audiodescrição, que poderá ser acessado através de QR Codes.
Desde o início do mês julho, em formato itinerante, a exposição está sendo realizada em escolas da rede estadual e já passou por instituições localizadas em Brotas, Vila Canária e Lauro de Freitas. As próximas serão Bonfim e Camaçari. “A discussão, inserida no ambiente escolar, cumpriu seu objetivo político-crítico. Não poderia existir público mais adequado de fomento dessas discussões sobre a necessidade de existência dos corpos que estudantes da escola pública da rede estadual, em sua maioria vítima das mais diversas violências por conta dos seus corpos. Agora, com a exposição aberta e com acesso livre, alcançaremos os mais diversos públicos convocando todos e todas à reflexão”, finaliza o artista.